Política

Partido da Terra acusa José Manuel Silva de “falta de transparência”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 22-05-2021

Pedro Soares Pimenta, 45 anos, psicólogo e empresário, lidera o MPT – Partido da Terra desde 2020. Em entrevista exclusiva a Notícias de Coimbra conta porque é que MPT  optou por não integrar a coligação “Juntos Somos Coimbra”.

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Notícias de Coimbra (NDC): O MPT – Partido da Terra foi o primeiro partido político a anunciar publicamente o apoio à candidatura de José Manuel Silva à liderança da Câmara Municipal de Coimbra mas também foi o primeiro a se retirar. Pode dizer-nos a que se deveu essa decisão?

Pedro Soares Pimenta (PSP): Em primeiro lugar importa referir que o Partido da Terra, que lidero desde Dezembro do ano passado, tomou conhecimento através da comunicação social local de que, alegadamente, teria indicado que apoiava a candidatura do Dr. José Manuel Silva para a Câmara de Coimbra. Quero desde já referir que isso nunca aconteceu, nunca houve qualquer reunião do Concelho Nacional ou da Comissão Politica Nacional nesse sentido. 

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Porque havia que clarificar essa situação, de imediato pedi ao nosso deputado municipal em Coimbra, Dr Rui Campos, que esclarecesse o ruído mediático em torno desta questão. Apesar de esta situação nunca ter sido devidamente e publicamente esclarecida pelo Rui Campos nós, uma vez que há quatro anos atrás entramos numa coligação com o PSD, entendemos não reagir de imediato para não criar dificuldades na coordenação autárquica dos dois partidos. 

NDC: Mas o facto é que a Concelhia de Coimbra do MPT manifestou publicamente o seu apoio a essa candidatura…

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PSP: Como o MPT não faz política baseada em insinuações, ataques pessoais ou perseguições ad hominen, responder-lhe-ei com factos. E o facto é que o suposto apoio foi dado a titulo individual  pelo deputado municipal do Partido da Terra de Coimbra em clara violação aos estatutos do partido.

Qualquer decisão relativa a eleições, sejam elas autárquicas ou não, são da competência do Conselho Nacional e da Comissão Politica Nacional e como referi na primeira pergunta, não existiu qualquer reunião nesse sentido.  

NDC: Afinal a que título foi publicamente anunciado esse apoio do MPT?

PSP: Desde a nossa fundação em 1993, pelo saudoso arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, que nos orgulhamos de ser um partido plural, em que a diversidade de opiniões é não só aceite como até estimulada, enquanto factor enriquecedor do debate político. Agora o que não admitimos é que à revelia do MPT, e em nome do Partido, se tente contornar o processo democrático de decisão que neste caso concreto, como já referi, apenas e unicamente compete ao Conselho e à Comissão Política Nacional, para legitimar posições e interesses que não são do Partido da Terra… Seja como for, este assunto está a ser acompanhado pela Direcção Nacional do Partido.

NDC: Pois, mas a verdade é que a percepção que ficou na opinião pública de Coimbra foi que o MPT teria apoiado este candidato, e por isso volto a perguntar o que levou, no final, a retirar a confiança a José Manuel Silva?

PSP: Como disse, não quisemos criar mais problemas na coordenação dos dois partidos, PSD e MPT, e por isso entendemos que seria melhor aguardar e ver como é que a situação evoluiria. Acontece que desde cedo nos apercebemos da falta de transparência na condução das negociações e do facto do projecto inicial da coligação “Juntos Somos Coimbra” ter sido desvirtuado pela ambição política e interesses pessoais de alguns e, por isso, decidimos retirarmo-nos da coligação que estava em construção e avançarmos com um projecto alternativo. 

NDC: A que se refere quando diz falta de transparência? 

PSP: Falta de transparência da forma como foi apresentado e da forma como está a ser conduzido, aliás, veja bem que no “projecto” de coligação de José Manuel Silva ninguém se entende, e quando ele refere que ele é o candidato de todos, ninguém sabe o que quer dizer. Se com isso quer dizer que todos os partidos o apoiam, pois, isso é evidente…agora se quer com isso dizer que ele participará na lista indicado por todos, isso é um disparate e ele sabe bem que é, penso que é uma forma de ganhar tempo. Cada um dos candidatos tem que ser indicado por um e apenas um partido político, e por isso até agora ninguém conseguiu perceber afinal por que partido é que ele vai indicado…

NDC: Acredita que a saída do MPT enfraqueceu de algum modo a Coligação “Juntos somos Coimbra”?

R: Não querendo pronunciar-me sobre a vida interna dos outros partidos, parece-me óbvia a opacidade e a fragilidade desse projecto político depois de se sucederem outras saídas após a nossa, de existirem divergências públicas mesmo entre as estruturas das forças políticas que a integram e de, até hoje, ninguém conseguir compreender qual é, afinal, o partido que propõe o cabeça-de-lista dessa coligação e qual a equipa que a compõe. Creio que os factos falam por si e demonstram a validade dos motivos que justificaram a nossa saída…

NDC: Como reage então àqueles que o acusam de apenas pretender obter lugares elegíveis na lista? 

PSP: É absurdo, quando não se tem justificações plausíveis ataca-se sem fundamento, repare, o MPT tem tido representação na Assembleia Municipal de Coimbra desde 2013, apenas e sempre com um lugar elegível, e esse foi desde sempre o nosso objectivo e o que nos foi proposto pelo Dr. José Manuel Silva, através de email que tenho em minha posse, por isso, quando há quem afirme que nós apenas estamos interessados em lugares elegíveis, isso não corresponde à verdade, é absurdo, nós teríamos o que pretendíamos e o que nos foi garantido.

NDC:  Chegaram até a acusar a direcção nacional de os ter ignorado e desrespeitado neste processo…

PSP: Mais uma falsidade, devo salientar que sempre, repito sempre, que tivemos reuniões com o Dr José Manuel Silva convidamos, por telefone e por mensagem, a estar presente o nosso Deputado Municipal, o Dr Rui Campos e ele nunca se dignou a estar presente em nenhuma. Ele sabia das reuniões, sabia quais os pontos que iam ser discutidos e nunca apareceu, dizerem que o ignoramos é no mínimo abusivo.

NDC: Voltando outra vez às acusações que lhe foram feitas, como se sentiu quando se referiram a si como o leiriense?

PSP: Senti orgulho e desilusão, orgulho porque tenho orgulho em ser de Leiria assim como os conimbricenses tem orgulho de ser de Coimbra, desilusão porque não estava a espera de ver em Coimbra uma forma suja de fazer politica, com esquemas, estratégias repletas de jogos de bastidores e falsidades, é triste…

NDC: Sente-se magoado ou desiludido com Rui Campos e os restantes subscritores do comunicado?

PSP: Não me sinto magoado, mas, mais uma vez, sinto-me desiludido…

Não fico magoado porque sei que não foi o Rui que escreveu aquilo, penso que não será difícil perceber quem estará por detrás do mesmo, que lhe garanto não foi ninguém do Partido da Terra e sinto-me desiludido quando vejo pessoas de bem a ser manipuladas por pessoas que têm uma agenda própria e uma cegueira pelo poder. 

A única coisa que sempre pretendemos foi poder participar num projecto que fosse sério e viável e que puséssemos em primeiro lugar a defesa dos interesses dos conimbricenses, sem cegueiras ou atrás de protagonismos, para finalizar irei citar Gonçalo Ribeiro Telles… as circunstancias tanto são pessoas, como são factos, como são atitudes…

O Partido da Terra, tradicional aliado dos social democratas na cidade dos estudante, concorreu às Autárquicas de 2017 através da coligação Mais Coimbra (PSD/CDS/PPM/MTP), tendo um eleito na Assembleia Municipal de Coimbra.

A coligação “Juntos Somos Coimbra” é constituida pelo PSD, CDS-PP, Nós, Cidadãos, PPM, Volt, RIR e  Aliança, sendo liderada po José Manuel Silva, atual vereador eleito pelo movimento independente Somos Coimbra, que  garantiu que estará representado no projeto, ainda que informalmente.

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