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Migrações: Ativista diz que ideia de invasão é errada e Europa tem capacidade para integrar

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 11-12-2021

O ativista português Miguel Duarte, que ajuda migrantes em perigo no Mar Mediterrâneo, defende que a ideia de a Europa estar a ser “invadida” por imigrantes é errada e garante que o número de pessoas é “perfeitamente integrável”.

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“Não está certo olhar para os fluxos de migração para a Europa que temos hoje em dia como um problema, porque são mínimos”, sublinha Miguel Duarte em entrevista telefónica à agência Lusa.

“Tem havido bastante irresponsabilidade por parte dos ‘media mainstream’ europeus ao passar esta informação, porque dão sempre a ideia de que são números gigantescos, mas não são”, apontou o ativista que tem ajudado a resgatar migrantes em perigo na rota do Mediterrâneo desde 2015.

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E sustenta: “As pessoas que, de facto, conseguem atravessar são pouquíssimas, é [um número] quase irrelevante em termos da população europeia e da capacidade que estes Estados têm de integrar [esses migrantes]”.

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“Esta ideia de que estamos a ser ou podemos vir a ser invadidos simplesmente não é apoiada pelos factos”, frisa o ativista do coletivo HuBB – Humans Before Borders.

Miguel Duarte contesta ainda uma outra ideia que, na sua opinião, tem sido passada aos europeus: “Está mais do que provado que não existe nenhuma correlação entre o número de refugiados e o número de atentados terroristas em país nenhum na Europa”.

Consciente de que a questão que mais preocupa as pessoas quando se fala em migração em massa para a Europa é o futuro do Estado social, ou seja, o peso que essas pessoas terão na Segurança Social, Miguel Duarte defende que, de facto, nenhum país saiu prejudicado.

“As pessoas vão pagar impostos, vão pagar Segurança Social. Em todos os países de que tenho conhecimento, o saldo é sempre positivo. Se nos fixarmos nas questões económicas, este seria mais um argumento para apoiar rotas seguras de imigração”, assegurou.

“Quando olhamos para as notícias em geral, parece que estamos a desaprender e a dar passos atrás”, considera o ativista, referindo-se à constante tentativa da Europa de se fechar e de se tornar uma fortaleza, agora construindo muros em países como a Hungria e a Polónia.

À Lusa, e ainda sobre este panorama testemunhado na Europa, Miguel Duarte fala de “uma espécie de amnésia coletiva”, realçando, porém, que nem todas as pessoas padecem de tal estado de espírito.

“Há muita gente nos países europeus que é contra isto e que está disposta a resistir e a fazer parte de movimentos, dos quais eu faço parte também. O resgate não passa de um movimento político com uma vertente humanitária”, prossegue.

E reforça ainda: “Há muitos outros movimentos a nascer pela Europa que são essencialmente movimentos de resistência contra a Europa-fortaleza”.

“Tenho alguma fé que esses movimentos vão crescer no futuro”, diz o ativista, lembrando que ainda há muito trabalho a fazer em relação às principais causas de migração forçada, como é o caso, entre outras, a desigualdade social e as alterações climáticas.

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