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Rita Lee: “Nunca fui um bom exemplo mas era gente boa”

Notícias de Coimbra com Lusa | 12 meses atrás em 09-05-2023

A cantora brasileira Rita Lee, uma das mulheres singulares da música brasileira, que morreu em São Paulo aos 75 anos, dizia que nunca foi “um bom exemplo, mas era gente boa”.

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Foi este o epitáfio que Rita Lee escreveu na autobiografia que publicou em 2016, no qual relatava a sua história de vida, livre e sem pudores, muito para lá da faceta artística e do reconhecimento como uma das figuras fundamentais do rock brasileiro.

Embora chegasse a dizer que “rainha do rock” era um título “cafona”, de mau gosto, Rita Lee foi uma das artistas que manteve a ponte entre o rock e a música popular brasileira, desde que compôs as primeiras canções na adolescência.

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No rock, vingou onde poucas mulheres conseguiam entrar e em 1966 fez parte da pioneira e vanguardista banda rock psicadélica Os Mutantes, com os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, no contexto do movimento tropicalista.

Na autobiografia que publicou em 2016, Rita Lee recorda uma das primeiras passagens por Portugal, quando Os Mutantes deram um concerto no Teatro Villaret, em Lisboa, na primeira parte de uma atuação de Edu Lobo.

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“Nossa apresentação até que rolou legal, apesar de o público português pensar que éramos argentinos”, escreveu Rita Lee, acrescentando que no final do concerto cortaram os cabos de eletricidade, boicotando a atuação de Edu Lobo.

Depois de Os Mutantes, banda que resultou na edição de vários álbuns e em colaborações posteriores dos seus músicos nos primeiros discos a solo da cantora, Rita Lee fez parte dos Tutti Frutti e, já nos anos 1980, prosseguiu numa parceria com o músico e companheiro Roberto de Carvalho.

Rita Lee Jones, que nasceu em São Paulo no último dia de 1947 e gravou canções como “Agora Só Falta Você”, “Ovelha Negra”, “Lança Perfume” e “Baila Comigo”, retirou-se dos palcos em 2012, por razões de saúde.

Na mesma autobiografia, já editada em Portugal, Rita Lee admitia que “o altar do palco é viciante, o lugar mais seguro para se viver perigosamente” e recordava o dia em que João Gilberto lhe disse que a voz dela era “bossanoveira”.

No livro, Rita Lee relatou um episódio de violação na infância, falou abertamente sobre o consumo de drogas, os tempos da ditadura militar, a censura e o ativismo em defesa dos animais.

“Não faço a Madalena arrependida com discursinho antidrogas, não me culpo por ter entrado em muitas, eu me orgulho de ter saído de todas. Reconheço que as minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também”, escreve no livro.

Rita Lee, que recebeu um Grammy Latino de carreira em 2022, tinha preparada uma nova autobiografia, a editar este mês, no qual abordava o cancro de pulmão que lhe tinha sido diagnosticado.

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