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João Gouveia avança que situação da medicina intensiva em Portugal “é ainda muito frágil”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 22-02-2021

A situação da medicina intensiva “é ainda muito frágil” no contexto da pandemia de covid-19, denunciou hoje o médico João Gouveia, do grupo de coordenação da resposta em medicina intensiva, defendendo a conclusão de obras e mais recursos humanos.

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Num retrato da atual situação de cuidados intensivos, que reportava a 20 de fevereiro 638 doentes covid, e a apresentação do cenário ideal de resposta a este nível num “novo normal”, que aponta para 285 camas de medicina intensiva dedicadas à covid-19 e 629 camas para a atividade não covid, num total de 914 camas, o especialista sublinhou que a capacidade atual “não pode ser mantida” e que só foi possível devido ao “esforço dos profissionais, à mobilização de espaços e à dotação de pessoal de outras atividades”.

“A situação da medicina intensiva em Portugal é ainda muito frágil, temos uma situação atual que não é real, é enganadora. É necessário completar obras em curso e assegurar recursos humanos”, reiterou João Gouveia, que, após vincar que a taxa de ocupação não deve exceder os 85% – ou seja, sensivelmente 242 doentes covid em cuidados intensivos -, assegurou que Portugal só vai conseguir chegar “no final da terceira semana de março” aos 245 doentes.

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“Como podemos lá chegar? Temos de acreditar que certos pressupostos se vão cumprir: que tenhamos uma incidência corrigida de 240 a 480 casos por 100 mil habitantes, um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 0,7, uma taxa de positividade entre 7 e 8% e cerca de 1500 internamentos”, acrescentou o membro do grupo coordenador da resposta em medicina intensiva.

Contudo, João Gouveia alertou que se a evolução da pandemia não for favorável, então “todos os hospitais têm de ter planos de recuperação de nível” e que essa reorientação de meios tem de surgir antes de se gerar uma situação de alarme nos cuidados intensivos, devendo ser coordenada a nível nacional e regional e alvo de uma avaliação semanal.

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“Não podemos esperar que seja a medicina intensiva a dar o sinal que as coisas estão mal. Esta informação é tardia, somos os últimos a sofrer as consequências, mas também os últimos a sair delas”, concluiu.

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