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Guerra em Gaza regista na véspera de Natal um dos dias mais letais

Notícias de Coimbra com Lusa | 4 meses atrás em 25-12-2023

A quadra do Natal não fez parar a ofensiva militar em Gaza, com um aumento do número de mortos e feridos e uma população encurralada, enquanto o Exército de Israel também registou baixas num dia muito violento.

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Pelo menos 166 civis palestinianos foram mortos no enclave nas últimas 24 horas e 384 ficaram feridos pelos intensos bombardeamentos israelitas – um dos dias mais letais após o início dos ataques – com um balanço total de 20.424 mortos e 54.036 feridos desde 07 de outubro, informou o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo islamita Hamas.

Israel ordenou a evacuação de oito localidades do centro da Faixa de Gaza e disse aos residentes para se transferirem para a cidade de Deir al Balah, onde ocorriam cinco massacres nas últimas 48 horas, indicou a agência noticiosa Efe.

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“Não há para onde ir em Gaza”, lamentam muitos dos deslocados pela ofensiva israelita, e quando pelo menos 1,9 milhões dos 2,3 milhões de habitantes já foram forçados a abandonar as suas casas, na maioria destruídas ou danificadas e após dois meses e meio de guerra.

“Não existe uma zona segura em Gaza”, assegurou à Efe Sabri Abdelrahim no campo de refugiados de Bureij, e após Israel ordenar que seja abandonado pelas 150.000 pessoas que acolhe.

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Após alguma renitência, a maioria decidiu partir devido aos bombardeamentos, repetindo as imagens de veículos, camiões, carroças puxados por burros, e ruas repletas de deslocados.

Há também crianças, idosos, mulheres, junto a colchões, utensílios de cozinha e comida enlatada, enquanto são sobrevoados por aviões israelitas.

O Exército israelita também anunciou a morte de 14 soldados nas últimas 48 horas, um dos dias mais letais para as suas forças desde o início da ofensiva terrestre no enclave.

No total, 153 soldados israelitas foram mortos em combate desde o início da ofensiva terrestre, superando os 119 que morreram na guerra do Líbano em 2006, segundo os números do Exército.

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu já lamentou os custos do conflito.

“A guerra está a cobrar-nos um preço muito elevado mas não temos outra alternativa que não seja continuar a lutar” até à “destruição do Hamas, a única forma de recuperar os nossos reféns, mesmo que leve tempo”, afirmou.

O Exército israelita informou que nas últimas 24 horas flagelou mais de 200 “objetivos terroristas” do Hamas e matou numerosos combatentes em operações conjuntas com o Shin Bet, os serviços secretos internos.

Foi ainda anunciada a detenção na última semana de mais de 200 “terroristas”, do Hamas e da Jihad islâmica, num total de cerca de 800 desde o início do atual conflito, muitos levados para Israel onde estão a ser interrogados.

Numa mensagem de Natal, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, pediu o fim do “rio de sangue” e dos “imensos sacrifícios”do povo palestiniano.

“As penúrias e a heroica resistência do nosso povo na sua terra são o caminho em direção à liberdade e à dignidade”, afirmou Abbas, que governa em zonas reduzidas da Cisjordânia ocupada.

Este ano, e ao contrário das tradicionais celebrações, o patriarca Pierbattista Pizzaballa, o enviado do Vaticano à Terra Santa, chegou numa procissão solene sem música nem atos festivos, e de luto pelo elevado número de civis palestinianos mortos no conflito.

“É um Natal triste”, lamentou o patriarca.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado após um ataque sangrento e sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro.

No total, 1.140 pessoas, na maioria civis, foram mortas nesse dia, segundo uma contagem da agência noticiosa AFP a partir dos últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem em Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas perto de 20.500 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas mais de 52 mil, na maioria civis, destruídas a maioria das infraestruturas e perto de 1,9 milhões forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade da população do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade. Desde 07 de outubro, mais de 280 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, ocupados pelo Estado judaico, para além de mais de 4.000 detidos.

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