Coimbra

Exposição do italiano Uliano Lucas mobiliza cidade para 50 anos do 25 de Abril

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 meses atrás em 17-11-2023

Imagem: Reprodução do site www.ulianolucas.it

Uma exposição do italiano Uliano Lucas, inaugurada hoje em Coimbra, assinala meio século da declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau, mobilizando também a cidade para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.

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Ao intervir na abertura da iniciativa “Revoluções – Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)”, o presidente da Câmara Municipal, José Manuel Silva, salientou que Uliano Lucas “teve a coragem e a arte de fotografar a história” do colonialismo português nos últimos anos antes da Revolução dos Cravos.

Presente na cerimónia, o fotojornalista, agora com 81 anos, “foi um jovem preocupado em mostrar o lado negativo do que estava a acontecer” na Guiné-Bissau e em Angola, acrescentou.

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José Manuel Silva disse que as 56 imagens expostas no Convento São Francisco alertam os cidadãos relativamente às diferentes ditaduras e “para que a história não se repita”.

Na sua opinião, a exposição “Revoluções” constitui “um dos mais significativos momentos de partida” para celebrar, em Coimbra, a sublevação do 25 de Abril, com que o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o regime fascista de Salazar e Caetano, abrindo caminho à descolonização e à instauração da democracia.

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Uliano Lucas, durante uma visita à exposição, afirmou que o trabalho fotográfico realizado há 50 anos, “nas zonas libertadas” da futura República da Guiné-Bissau, teve “um sentido muito político”, em resposta ao pedido de Amílcar Cabral, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que declarou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau, em Madina do Boé, em 24 de setembro de 1973.

“Decidi desde jovem fotografar essas histórias” do quotidiano nas áreas já controladas pelo PAIGC, num tempo em que, recordou, “sabia-se que Portugal tinha colónias, mas ninguém relatava a história do fascismo” do país ibérico.

“Portugal nunca contava”, enfatizou, para alegar que há 50 anos “falava-se mais do franquismo”, a ditadura de Franco, em Espanha, do que do regime vizinho de Lisboa, igualmente autoritário.

O fascismo não terminou com o fim da II Guerra Mundial, em 1945, prolongando-se, pelo menos na Península Ibérica, até aos primeiros anos de 1970, tendo ainda “coexistido com democracias colonialistas”, como França e Inglaterra.

O historiador Miguel Cardina, um dos curadores da exposição, realçou que talvez não exista “algum fotógrafo que tenha estado três meses nas zonas libertadas” da antiga colónia da Guiné, numa época em que o PAIGC promovia “um proto-estado com uma dinâmica democrática a partir da base”.

A exposição tem três secções: “Guiné-Bissau, 1969”, “Angola, 1972”, esta com imagens da vida quotidiana dos guerrilheiros e guerrilheiras do MPLA, e “Portugal, 1972 e 1974”, alusiva ao período derradeiro da ditadura e aos “dias de festa” da revolução do 25 de Abril.

Na abertura, intervieram ainda o diretor do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, Stefano Scaramuzzino, a vice-presidente do conselho científico do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Marta Araújo, e uma responsável da Cátedra António Lobo Antunes, da Universidade de Milão, Elisa Alberani.

O programa incluiu a apresentação do livro “Revoluções. Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)”, com fotos de Uliano Lucas, organizado por Elisa Alberani, Miguel Cardina e Vincenzo Russo, com chancela das Edições do Saguão.

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