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Editora nasce para dar conta da nova cena da música eletrónica de Coimbra

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 19-05-2021

A CIGA239 foi criada em abril de 2020, já em plena pandemia, e começa a dar os seus primeiros passos na edição de vários novos artistas de Coimbra, dando forma a uma cena de música eletrónica emergente na cidade.

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A pequena editora já era algo que estava a ser magicada pelos seus fundadores há algum tempo e acabou por se materializar em finais de abril de 2020, com o lançamento de uma música de She Co., nome artístico de Francisco Monteiro, engenheiro de ‘software’ de 27 anos e um dos fundadores do projeto, juntamente com Pedro Bicá e António Ramires, de 27 e 26 anos, respetivamente.

“Já nos conhecíamos há algum tempo, tínhamos uma relação muito grande com a música, estivemos os três na RUC [Rádio Universidade de Coimbra] e sentíamos que não havia um espaço para nós. Dada a facilidade de criar uma ‘netlabel’ hoje em dia, decidimos dar um passo em frente e começar uma aventura”, contou à agência Lusa Francisco Monteiro.

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Para Pedro Bicá, a criação da editora foi bastante natural, dando forma a uma vontade comum “de trazer algum movimento renovado e mais arejado à cultura conimbricense, da cidade e da região”, através da música eletrónica.

No espaço de um ano, a editora, presente na plataforma Bandcamp (ciga239.bandcamp.com), lançou músicas de silvv, Caucenus, She Co., ZGA, Drena Gang e Assafrão, sendo a última edição uma cassete que compila todos os lançamentos, criada exatamente no dia do primeiro aniversário da CIGA239, 24 de abril de 2021.

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“A cassete foi o formato que escolhemos. Se calhar, muita gente que a comprou não terá facilidade em ouvi-la e terá que ir à casa dos avós, mas fez sentido para nós”, disse Pedro Bicá.

Tal como o nome sugere, utilizando o indicativo telefónico de Coimbra, o projeto centra-se naquilo que é feito de momento pela cidade, mas não há intenção de no futuro se limitar ao concelho, salientou Francisco Monteiro.

Desde a fundação da editora, o grupo de amigos entretanto foi-se alargando e abraçando outros produtores da cidade.

“Já somos um grupo mais alargado do que julgava que se iria tornar”, notou, realçando que a editora também procura sinalizar essa nova cena de música eletrónica que vai emergindo em Coimbra, não se circunscrevendo a um único género.

Nos lançamentos até agora feitos, há espaço para tudo um pouco, desde o dubstep, ao garage, passando pelo techno ou trap, constatou Francisco Monteiro.

“O fio condutor é uma sensibilidade ou um modo de estar que é nosso. Não sei se as pessoas podem achar que isso é visível ou não nas músicas que fazemos. Somos artistas que têm gostos diferentes, que temos no catálogo músicas completamente diferentes, de géneros diferentes, mas parecem conviver bem no catálogo que temos. Há uma qualquer sensibilidade que se junta e que através das nossas diferenças consegue criar um fio condutor e uma identidade que nós ainda estamos a criar e a tentar perceber, mas que se vai construindo”, realçou Pedro Bicá.

O lançamento da cassete, intitulada “É sempre CIGA”, foi apenas um primeiro passo de lançamentos físicos da editora, que tem intenção de continuar a fazê-los no futuro.

“Num futuro próximo queremos fazer alguns lançamentos mais sérios, como EP, compilações ou até álbuns”, referiu Francisco Monteiro, salientando que a editora não se quer limitar à música, mas estar envolvida na produção de eventos na cidade, ideia que foi adiada devido à pandemia.

Para Pedro Bicá, há alguns paralelismos que se podem encontrar entre aquilo que estão a fazer hoje e o que se fazia em Coimbra nos anos 1990, na cena do rock n’ roll.

“Nós estamos a fazer outro tipo de música e é uma cultura diferente, mas que tem valores comuns e que luta pelos mesmos ideais, que quer de alguma forma mexer com a realidade que se vê na cidade, tal como eles nos anos 90 estavam a tentar quebrar algumas barreiras”, frisou.

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