Política

Clara Ferreira Alves, a candidata de Bilderberg a Belém 

Frederico Duarte Carvalho | 8 meses atrás em 06-09-2023

A cronista do Expresso, Clara Ferreira Alves, assinou um texto intitulado “Eu, Presidente”, onde anunciou a intenção de candidatar-se à Presidência da República. De facto, só não será se não quiser, pois até tem a vantagem de ter participado numa reunião secreta do Grupo Bilderberg.

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Clara Ferreira Alves diz que é candidata a Belém. Na crónica do Expresso de 1 de Setembro explica que tem idade e currículo académico que não envergonhariam a Nação caso o povo decidisse confiar-lhe o cargo de Chefe de Estado. E explica que tem tanta presença na televisão quando outros alegados candidatos – que são políticos profissionais – e que também costumam fazer comentário televisivo. Nomeadamente, Marques Mendes, ex-líder do PSD. Sem esquecer o percurso televisivo do actual ocupante da cadeira de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa. 

“Num país onde os portugueses passam o melhor da vida sentados em frente do ecrã a seguir os telejornais de cinco horas enquanto comem sopa, a televisão é a mãe de todos os candidatos. E candidatas”, escreve a cronista do Expresso, presença habitual no programa da SIC – do mesmo grupo de Comunicação Social do Expresso – “O Eixo do Mal”.  

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Lembra depois que nos EUA houve um presidente que veio da televisão, Trump, e que na Argentina existe o risco de um fenómeno idêntico, acabando a cronista por afirmar, de forma provocante, que “se alguém aparece uma única vez na televisão, um leigo, é logo reconhecido na sala de espera do dentista e passa à frente”. E remata: “Se o comentário político não fosse tráfico de influências não existiriam tantos comentadores que usam o comentário como modo de ter influência política”.

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Sendo assim, Clara Ferreira Alves, poderá parecer que está a criticar os políticos e a usar a ironia ao fazer o seu anúncio à Presidência – cujas eleições estão previstas apenas para o fim de 2026 –, dizendo ainda que espera contar com jovens com “literacia digital”, explicando depois que “ninguém sabe o que é, mas funciona para as websummits e funciona para os desempregados dos cursos de comunicação, marketing e outras humanidades que acabam a guiar tuk-tuks e a viver em casa dos pais até aos 50 anos”.

O que Clara não conta é que, de facto, ela até poderia ser perfeitamente uma boa candidata à Presidência da República, pois possui no seu currículo algo que não é muito habitual em comentadores televisivos: já participou num encontro do Grupo Bilderberg a convite do seu patrão, o ex-primeiro-ministro, militante número do PSD e Conselheiro de Estado, Francisco Pinto Balsemão. 

A ida de Clara Ferreira Alves ao encontro que reúne anualmente políticos e multimilionários da Europa e EUA, durante um fim-de-semana, em segredo, longe dos holofotes do escrutínio público da Comunicação Social, em conluio pessoal e nada democrático, teve lugar em St. Moritz, na Suíça, entre os dias 9 e 12 de Junho de 2011. – 

A cronista do Expresso teve assim a oportunidade de privar com pessoas sobre as quais costuma escrever e citar, como Henry Kissinger e Eric Schmidt (é o dono da Google, para quem não sabe). A lista de participantes desse ano incluiu ainda o nome de Jeff Bezos, então dono da Amazon e agora o segundo homem mais rico do mundo. Talvez a Clara, que certamente deve ser cliente da Amazon, pudesse pedir uns trocos a Bezos para a ajudar a convencer os eleitores portugueses a fazerem dela a primeira Presidente da República de Portugal. 

Com ela no cargo, não deveria ser muito diferente de alguns dos homens que já ocuparam o posto, pois não iria divergir muito da linha editorial do Expresso na condução dos destinos da Nação. Mas teríamos a vantagem de não ter de lhe chamar “Presidenta”. Nisso, ao menos, a Clara até está bem.       

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