Justiça

Yoga e meditação nas prisões reduz motins. Prisão de Coimbra já integra projeto

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 11-02-2023

 Menos motins nas prisões é um dos resultados de um projeto de yoga e meditação que decorre em seis estabelecimentos prisionais do país e abrange mais de 100 reclusos, disse à Lusa Luís Jervell da associação Almaz.

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O Prision Yoga Project foi criado em 2002 nos Estados Unidos por James Fox e trazido para Portugal por Inez Aires que, para o poder aplicar em Portugal, teve de fundar a Almaz – Associação Holística em Meios Prisionais, sem fins lucrativos, que assinou um protocolo com a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

O projeto arrancou em março de 2022 e abrange já as prisões de Coimbra, Linhó, Lisboa, Sintra, Santa Cruz do Bispo e Polícia Judiciária do Porto, onde professores de yoga certificados dão aulas semanais de 75 minutos para promover a reabilitação e reinserção social, reduzir a reincidência, melhorar a saúde mental e física, promover a transformação social e comportamental dos reclusos e a segurança pública.

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Fazendo um balanço do projeto, o professor de yoga e da direção da Almaz Luís Jervell adiantou que um dos benefícios observado é que “há menos motins” nas prisões.

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“Estão muito mais tranquilos, já não reagem tanto às agressões verbais ou mesmo visuais. Às vezes um olhar já os fazia explodir”, contou, realçando os benefícios do yoga, não só para os reclusos, mas também para os sistemas prisionais, porque com menos motins “os guardas não têm tanto trabalho”.

Por outro lado, observou, os reclusos já reduzem a medicação, alguns até deixaram de a tomar, porque o yoga e as meditações ajudam-nos a andarem tranquilos.

“O nosso objetivo é que eles não voltem a cair nas tentações, portanto, estamos a dar ferramentas não só físicas, mas também emocionais, que lhes permitam, quando chegarem lá fora, não se sentirem vítimas, mas sentirem-se realmente com poder e com autoestima para poderem mudar de vida”, disse Luís Jervell.

Todo este trabalho é feito por voluntários e todos os materiais usados nas aulas, como os tapetes, são dados por mecenas, disse à Lusa Inês Aires, no final de uma aula de yoga no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

“Tudo o que conseguimos a nível de materiais e a nível de pequenos financiamentos para cobrir despesas intrínsecas ao projeto e dos professores têm vindo da comunidade, que está mais sensibilizada com este tema do que propriamente com patrocinadores grandes”, disse a fundadora do projeto em Portugal e presidente da Almaz.

Segundo Inez Aires, o objetivo a longo prazo é conseguir implementar o projeto nos 50 estabelecimentos prisionais do país, mas para isso são necessários mais apoios, financiamentos, patrocínios.

Questionada sobre se seria importante ser o Estado a financiar este projeto, a responsável explicou que a Almaz se propôs a criar um projeto-piloto em que se responsabilizava pelos custos e então procurou apoios da sociedade civil.

“Ao final de três anos temos presente entregar todos os resultados ao Ministério da Justiça e discutir com ele novas formas de financiamento e possivelmente a incorporação do nosso método de yoga e meditação dentro do próprio programa de reabilitação dos estabelecimentos prisionais”, disse a engenheira ambiental, que em 2018 fez uma especialização de yoga para trauma nos EUA, no projeto internacional que já está em vários países.

Inez Aires convidou os cidadãos a visitarem a página eletrónica da Almaz para conhecer o projeto e, se sentirem que faz sentido, “porque é uma ajuda na reabilitação do ser humano em ambientes que não são tão desenhados para a humanidade”, fazer o seu donativo.

A Almaz refere que a maioria dos reclusos sofre de algum tipo de trauma, como abandono, fome, ausência de um lar, violência doméstica, abuso sexual, “bullying”, discriminação, abuso de drogas, álcool ou testemunho de crimes.

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