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Veja os principais momentos do conflito israelo-palestiniano nesta cronologia

Notícias de Coimbra com Lusa | 7 meses atrás em 08-10-2023

O conflito israelo-palestiniano teve início com a criação do Estado hebraico, em 1948, embora as tensões na região remontem ao século XIX, e é dos mais longevos dos séculos XX e XXI.

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Eis uma cronologia dos principais momentos que marcam as relações entre os dois territórios e os dois povos.

1947 – Nações Unidas aprovam plano de dois Estados:

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A 29 de novembro, as Nações Unidas aprovam o Plano de Partilha da Palestina (Resolução 181), que prevê um Estado judeu e um Estado árabe e a administração internacional de Jerusalém, cidade sagrada para ambas as partes.

Egito, Síria, Líbano, Jordânia e Iraque opuseram-se à proposta e não reconheceram o novo Estado Israel.

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1948 – Proclamação do Estado de Israel:

O Estado de Israel é proclamado a 14 de maio, os Estados árabes não o reconhecem e começa a primeira guerra árabe-israelita.

 

 1949 – Fim da guerra, divisão do território:

A primeira guerra termina a 24 de fevereiro: Israel amplia o seu território; a Faixa de Gaza fica sob controlo do Egito e a Cisjordânia da Transjordânia (equivalente à Jordânia, mas com fronteiras um pouco diferentes das atuais).

 

1956 – Guerra do Suez:

A segunda guerra israelo-árabe deixou de fora os territórios da Palestina. Israel, em conjunto com Reino Unido e França, invadiu a Península do Sinai (Egito) e as forças francesas e britânicas ocuparam o porto de Suez.

 

1964 – Criação da OLP:

É criada em maio, num congresso em Jerusalém, na sequência de uma decisão da Liga Árabe, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), organização política e paramilitar cuja meta era a libertação da Palestina através da luta armada.

 

 1967 – Guerra dos Seis Dias e Resolução 242:

Israel anexa os territórios de Gaza, Cisjordânia, Sinai (Egito) e Montes Golã (Síria), naquela que ficou conhecida como a Guerra dos Seis Dias (5 a 10 de junho, terceira guerra israelo-árabe), que opôs o Estado hebraico aos países árabes Síria, Egito, Jordânia e Iraque, apoiados por Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

A vitória esmagadora de Israel elevou o Estado hebraico à condição de potência militar no Médio Oriente.

A 22 de novembro, as Nações Unidas adotam a Resolução 242, na qual instam Israel a retirar-se de todos os territórios ocupados.

Israel não cumpre a resolução, alegando que só negocia a desocupação dos territórios se os Estados árabes reconhecerem o Estado hebraico.

 

1973 – Guerra do Yom Kipur:

Entre 6 e 26 de outubro decorre a quarta guerra árabe-israelita, conhecida como Guerra do Yom Kipur (feriado judaico). Quando as hostilidades cessaram, Israel tinha provado o seu poderio militar, encontrando-se a 40 km de Damasco, capital da Síria, intensamente bombardeada, e a 101 km do Cairo, capital do Egito.

As Nações Unidas aprovam a Resolução 338, que estabelece um cessar-fogo e insta as partes a dialogar.

 

1979 – Israel e Egito assinam Acordos de Camp David:

A 27 de março, Israel e Egito assinam os Acordos de Camp David (retiro em Maryland do Presidente dos Estados Unidos, na altura Jimmy Carter, que testemunhou a assinatura), no âmbito dos quais o Estado hebraico devolve o Sinai.

Os Montes Golã nunca foram devolvidos à Síria. Ao contrário, Israel anexou o território em 1981.

 

 1982 – Israel invade o Líbano:

Israel invade o Líbano a 6 de junho, com o objetivo de expulsar a OLP e estabelecer uma presença militar no território, onde permaneceu durante 18 anos.

 

1987 – Primeira Intifada:

A 10 de novembro, estala a primeira Intifada (palavra que em árabe significa revolta), também conhecida como “guerra das pedras”. Começa por ser um movimento de resistência civil dos palestinianos na Cisjordânia, que atiram paus e pedras contra os militares israelitas.

 

 1991 – Conferência de Madrid:

Iniciativa idealizada por Espanha e auspiciada pelos Estados Unidos e pela União Soviética, a Conferência de Madrid, que decorreu de 30 de outubro a 3 de novembro, marca o início de um novo entendimento entre israelitas e palestinianos.

 

1993 – Acordo que dá autonomia a Gaza e Jeric:

O primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin, e o líder palestiniano, Yasser Arafat, assinam, a 13 de setembro, em Washington, a Declaração de Princípios que concede autonomia a Gaza e Jericó.

É o primeiro acordo significativo a resultar as chamadas negociações de Oslo (por decorrerem na capital da Noruega), que resultaram numa série de acordos entre o governo de Israel e a OLP, mediados pelo Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

Estes acordos previam o fim dos conflitos, a abertura das negociações sobre os territórios ocupados, a retirada de Israel do Sul do Líbano e o estatuto de Jerusalém.

No ano seguinte, Rabin e Arafat – e também Shimon Peres (que, como sucessor de Rabin no governo, viria a concluir os Acordos de Oslo) – seriam galardoados com o Nobel da Paz, “pelos seus esforços para conseguir a paz no Médio Oriente”.

 

1994 – Regresso de Arafat do exílio e criação da Autoridade Nacional Palestiniana:

Meio ano depois da Declaração de Princípios, a 25 de fevereiro, um colono judeu mata 30 palestinianos em Hebron e o processo de negociações estanca.

A 3 de abril, começa a retirada israelita de Gaza e Jericó e retomam as negociações no Cairo.

Yasser Arafat regressa a Gaza, a 1 de julho, após 27 anos de exílio, e é criada a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP).

 

 1995 – Cimeira do Cairo e assassinato de Rabin:

A 2 de fevereiro realiza-se uma histórica cimeira, no Cairo, que reativa o processo de paz entre israelitas e palestinianos.

A 4 de novembro, Yitzhak Rabin é assassinado por um extremista judeu que se opunha aos termos dos Acordos de Oslo.

A 27 de dezembro, o exército israelita conclui a retirada de seis cidades palestinianas, após 30 anos de ocupação.

 

 1996 – Arafat eleito presidente da nova Autoridade Nacional Palestiniana:

A 20 de janeiro, Yasser Arafat vence as eleições para a Autoridade Nacional Palestiniana, órgão provisório de autogoverno estabelecido em 1994, depois da retirada israelita de Gaza e Jericó.

 

1997 – Retirada israelita de Hebron:

A 15 de janeiro, o primeiro-ministro israelita, Benjamín Netanyahu, e Yasser Arafat firmam o acordo que permite a retirada do exército israelita de Hebron, na Cisjordânia.

 

 1998 – Assinado Memorando de Wye River:

É assinado o Memorando de Wye River, mediado pelos Estados Unidos, que prevê uma nova retirada do exército israelita da Cisjordânia.

O parlamento israelita aprova o memorando com uma votação expressiva.

 

 1999 – “Paz em troca de territórios”:

O primeiro-ministro israelita Ehud Barak, eleito pelo Partido Trabalhista, recupera, a 17 de maio, a fórmula “paz em troca de territórios”.

O governo de Barak viria a organizar e implementar a retirada unilateral de Israel do Sul do Líbano.

 

 2000 – Estala a segunda Intifada:

Em julho, fracassam as conversações da segunda edição dos Acordos de Camp David, entre Arafat e Barak, sob mediação do Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

A 28 de setembro, estala a segunda Intifada ou Intifada de Al-Aqsa, nome que remete para a mesquita situada na cidade velha de Jerusalém, terceiro local sagrado para os muçulmanos, depois de Meca e Medina.

O conflito, que durou do final de 2000 até ao começo de 2005, provocou centenas de mortos em ambos os lados.

 

 2001 – Fracassam as negociações entre as partes:

Logo em janeiro, fracassa, em Taba (Egito), a última tentativa de se alcançar um acordo entre as partes.

Em dezembro, Yasser Arafat e a ANP estão confinados a Ramallah, na Cisjordânia.

 

 2002 – Israel dá luz verde ao muro de separação com a Cisjordânia:

O governo israelita, liderado pelo falcão de direita Ariel Sharon (eleito pelo Likud), dá luz verde, a 16 de junho, à construção do muro de separação entre Israel e a Cisjordânia.

 

2003 – Anunciados o “Roteiro para a paz”:

A 17 de maio é anunciado o “Roteiro para a paz”, plano dos Estados Unidos e apoiado pelos restantes membros do quarteto de negociadores internacionais, que inclui ainda as Nações Unidas, a União Europeia e a Rússia.

 

 2004 – Morte de Arafat e eleição de Mahmud Abbas:

Yasser Arafat morre a 11 de novembro e é substituído na ANP por Mahmud Abbas, que viria a ganhar as eleições de 9 de janeiro seguinte.

 

2005 – Israel retira-se da Faixa de Gaza:

Israel põe em marcha, a 15 de agosto, o plano de retirada unilateral dos seus soldados e de oito mil colonos judeus da Faixa de Gaza.

 

 2006 – Hamas vence eleições em Gaza:

O movimento islamista integrista Hamas ganha, com maioria absoluta, as eleições legislativas de 25 de janeiro na Faixa de Gaza.

 

 2007 – Hamas assume controlo de Gaza:

Em março, o Hamas e a Fatah (maior fação da OLP) formam um governo de unidade nacional na Palestina, que durará apenas três meses.

A 15 de junho, o Hamas assume, pela força, o controlo de Gaza e Mahmud Abbas dissolve o governo e forma um novo.

 

 2008 – Governo palestiniano abandona negociações:

A 14 de janeiro, numa primeira reunião importante em Annapolis (Maryland, Estados Unidos), são abordadas as questões das fronteiras e de Jerusalém como capital.

Entre 27 de dezembro e 18 de janeiro de 2009, a operação “Chumbo Endurecido”, levada a cabo por Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, causa 1.400 mortos.

O governo palestiniano abandona as negociações com Israel.

 

 2009 – Netanyahu eleito:

Benjamin Netanyahu ganha, pelo partido de direita conservador Likud, as eleições de 10 de fevereiro em Israel.

 

2010 – Fracassam primeiras negociações entre Abbas e Netanyahu:

A 2 e 3 de setembro, começam em Washington, sob a mediação do Presidente de Estados Unidos, Barak Obama, as primeiras negociações entre Abbas e Netanyahu, que fracassam depois de Israel retomar a construção de colonatos nos territórios ocupados da Palestina.

 

2011 – Palestina pede adesão às Nações Unidas:

Numa intervenção histórica, Mahmud Abbas apresenta, a 23 de setembro, nas Nações Unidas, um pedido de adesão da Palestina como membro de pleno direito da organização internacional.

 

2012 – Nações Unidas atribuem estatuto de observador à Palestina:

A 29 de novembro, as Nações Unidas reconhecem a Palestina como Estado observador, mas não como membro.

 

2014 – Israel fecha acessos à Mesquita de Al-Aqsa:

A 7 de julho, Israel desencadeia contra Gaza a operação “Margem Protetora”, a maior desde 2008, causando mais de 1.460 mortos.

A 30 de outubro, a polícia israelita fecha os acessos à Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado para o islão.

 

2017 – Estados Unidos transferem embaixada para Jerusalém ***

A 6 de dezembro, o Presidente Donald Trump anuncia a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, no que foi considerado um ato de provocação, já que a cidade santa é reclamada como capital por israelitas e palestinianos.

A embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém é inaugurada a 14 de maio de 2018, acompanhada por protestos em Gaza que se saldam em 60 palestinianos mortos.

 

2020 – Palestina põe fim a todos os acordos com Israel e Estados Unidos:

A 19 de maio, Mahmud Abbas anuncia o fim de todos os acordos com Israel e os Estados Unidos.

 

2021 – Israel põe fim a construção de barreira subterrânea na fronteira com Gaza:

Após o lançamento de foguetes a partir do território palestiniano, Israel desencadeia, a 10 de maio, uma operação em Gaza que provoca, numa semana, pelo menos 213 mortos, entre eles 59 menores.

A 7 de dezembro, Israel anuncia o fim da construção de uma barreira subterrânea na fronteira com Gaza, destinada a acabar com os túneis alegadamente utilizados para ataques pelas milícias palestinianas.

 

2022 – Operação israelita na Cisjordânia:

A 31 de março, em resposta a vários ataques palestinianos, que provocaram 18 mortos, Israel desencadeia uma operação na Cisjordânia a operação que se prolongará durante meses.

O conflito entre Israel e Cisjordânia tem neste ano o seu balanço mais letal desde 2006, com 199 mortos (170 palestinianos e 29 israelitas).

 

 2023 – ANP anuncia suspensão da cooperação com Israel :

Dez palestinianos morrem e dezenas ficam feridos durante uma incursão militar do exército israelita contra o campo de refugiados de Jenim, a 26 de janeiro.

A ANP anuncia a suspensão total da cooperação com Israel em matéria de segurança.

Israel e Gaza trocam ataques aéreos a 27 de janeiro.

A 12 de março, soldados israelitas matam três palestinianos em Nablus, na Cisjordânia, depois de estes abrirem fogo contra um posto militar.

A 9 de maio, começa uma nova onda de violência entre Israel e as milícias de Gaza, que lançam 547 foguetes e morteiros, com um balanço de pelo menos 28 palestinianos mortos.

A 21 de junho, um ataque aéreo com drones do exército israelita sobre a Cisjordânia ocupada, o primeiro desde 2006, marca uma nova escalada de violência, sem precedentes desde a segunda Intifada.

Israel lança, a 3 de julho, a operação militar de grande escala “Casa e Jardim”, avançando, por terra e ar, sobre o campo de refugiados de Jenim e causando a morte a doze palestinianos e um soldado israelita.

O mais recente episódio da escalada registou-se neste sábado, com a ofensiva surpresa lançada pelo Hamas contra Israel, que respondeu com bombardeamentos aéreos, provocando centenas de mortos e feridos em ambas as partes em conflito.

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