Coimbra

“Vamos ajudar Cristiana”: Mãe diz que filha tem sido desvalorizada por médicos do Pediátrico de Coimbra

António Alves | 9 meses atrás em 30-07-2023

A mãe da menor Cristiana de 11 anos queixa-se da desvalorização de alguns médicos do Hospital Pediátrico de Coimbra relativamente à doença da sua filha. Na página da rede social Facebook “Ajuda Cristiana”, Clara Lote diz que um dos médicos que acompanhava a Cristiana a maltratou “ao telefone, desrespeitou-me desumanamente por achar que eu estava a fazer demasiadas exigências para saber o que se passava ao certo com a minha filha”.

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É um relato impressionante de uma mãe residente em Febres, no concelho de Cantanhede, e que apenas pretende o melhor para a sua filha mais nova. Cristiana tem agora 11 anos de idade, mas os problemas começaram quando tinha 4 anos. O atraso na fala foi um primeiros sinais, tendo o caso sido encaminhado para a consulta de Neurodesenvolvimento da unidade conimbricense.

As primeiras consultas ditaram que a menina sofria de perturbação do desenvolvimento intelectual. Na altura, não lhe foi passada qualquer tipo de medicação. Só que, aos 8 anos, a Cristiana passou a ficar mais agressiva e a bater na mãe. A situação levou a que passasse a ser acompanhada pela Pedopsiquiatria do Hospital Pediátrico de Coimbra.

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As características de autismo apresentadas pela menor, recordou a mãe, levou a que a médica lhe ministrasse uma medicação que, em pouco tempo, aumentou em 20 quilos o peso da menina. Apesar de se encontrar mais calma, a situação preocupou Clara Lote que, numa das consultas, solicitou à médica a realização de exames para tentar perceber o que estava a acontecer com a filha.

Depois do internamento, ficou-se a perceber que a Cristiana tinha um metabolismo diferente que a levava a engordar com aquela medicação. A decisão passou por parar a toma daquele tipo de medicamento “para ver como reagia”, disse a mãe ao Notícias de Coimbra.

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Mas a situação voltou a piorar e foi-lhe passada nova medicação que não resolveu o problema, tornando-se cada vez mais agressiva. “O pedopsiquiatra que a acompanhava receitou uma medicação que iniciou em janeiro de 2023, no entanto, esta medicação não surtiu efeito e em fevereiro a Cristiana entrou numa crise psicótica grave, com alucinações (ver bichos que a mordiam constantemente). Perdeu a pouca autonomia que tinha, deixou de comer, de andar, de falar, perdeu todas as suas capacidades psicomotoras”, recorda Clara Lote na página da rede social Facebook.

Perante esta situação, e por sugestão do médico de Pedopsiquiatria, dirigiu-se 5 vezes num mês às urgências do Hospital Pediátrico de Coimbra. “Apenas diagnosticaram perturbação de ansiedade e medicaram, não surtindo nenhum efeito”, diz a mãe que, dia após dia, via a filha piorar. Clara Lote refere que a menor gritava dia e noite, tendo estado sem dormir durante uma semana.

O desespero era tal que, numa das últimas idas às urgências, pediu para arranjarem forma de reduzir o estado de ansiedade da filha. Perante esta falta de resposta, decidiu ir a um neurologista no setor privado. O estado psicótico da menor levou este especialista a dizer à progenitora que tinha “vergonha dos seus colegas por terem deixado chegar a menina a este estado”. “Graças a Deus, neste momento, está a melhorar e a medicação dada por ele está a resultar”, recorda.

No dia seguinte a esta consulta, Clara Lote recebeu uma chamada do médico que a acompanhava, o qual a maltratou “ao telefone, desrespeitou-me desumanamente por achar que eu estava a fazer demasiadas exigências para saber o que se passava ao certo com a minha filha”. “Chegou, inclusive, a dizer para deixar a minha filha gritar até se cansar e que poderia ficar 1 semana sem comer que não havia problema, insinuando que era bem gordinha. Afirmou que o problema dela era mimo”, lembrou.

Ao longo de todo o processo, há ainda a salientar a realização de exames genéticos à menor de 11 anos, tendo-lhe sido encontrado “problemas” em 2 cromossomas. A informação dada por uma médica do Hospital Pediátrico de Coimbra. “Uma informação incompleta, sem detalhes, que apenas dizem ser rara e o segundo caso em Portugal. Não deram soluções, e apesar das várias tentativas de pedido do exame detalhado, recusam-se a dar, mesmo sendo, por lei, obrigados a dar”, afirmou a mãe.

Devido à doença da filha, Clara Lote estava a trabalhar algumas horas por dia numa cantina escolar, mas com o final do ano letivo foi para o desemprego. Com o marido inválido por doença neurológica e sem que os familiares mais próximos possam ajudar monetariamente esta família, a mãe da Cristiana está a pedir ajuda financeira para que a filha possa fazer os exames no privado, “de forma a obter soluções e permitir que ela seja o mais autónoma possível”. O IBAN da conta está disponível na página de Facebook “Ajuda Cristiana”.

É que, como lembrou, já solicitou a mudança de pedopsiquiatra no Hospital Pediátrico de Coimbra, mas até agora ainda não obteve resposta do serviço. O Notícias de Coimbra já solicitou um esclarecimento por parte do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, aguardando resposta ao pedido.

 

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