Portugal

Sítio onde foi encontrada a “Criança do Lapedo” integra projeto global “Twelve earths”

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 meses atrás em 13-12-2023

O Abrigo do Lagar Velho, onde foi encontrada a “Criança do Lapedo”, em Leiria, é o segundo sítio anunciado pelo artista Michael Jones McKean para o projeto multidisciplinar “Twelve earths” (ou “Doze terras”), que liga 12 locais do planeta.

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Depois de Cerros Pachon e Tololo, no Chile, com “um conjunto de potentes telescópios”, o abrigo rochoso e sítio arqueológico da freguesia de Santa Eufémia, a 10 quilómetros Leiria, onde há 25 anos se descobriu o esqueleto da “Criança do Lapedo”, “questiona as nossas perceções do que significa ser humano”, defende McKean. 

Encontrados quase intactos, os restos mortais da criança de quatro anos enterrada há 29 mil anos agitaram a comunidade científica mundial, pelas características de cruzamento entre ‘neandertais’ e ‘homo sapiens’.

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A importância do achado levou à classificação da “Criança do Lapedo” como Tesouro Nacional em 2021. Antes, em 2013, o Abrigo do Lagar Velho foi elevado a Monumento Nacional, com Zona Especial de Proteção para o Vale do Lapedo.

Em comunicado, Michael Jones McKean considera a “Criança do Lapedo” “um elo físico crucial que avança e complica a nossa compreensão da evolução humana”, porque “sublinha as complexidades dos processos culturais e biológicos envolvidos na emergência da humanidade moderna”.

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Os trabalhos arqueológicos provaram “um enterro elaborado e ritualizado”: a criança envergava um colar com dois pingentes de conchas e um adorno na cabeça feito de dentes de veado perfurados à mão. Envolvo numa mortalha pintada com pigmento ocre vermelho, o corpo foi depositado sobre ramos de pinheiro queimados. Além disso, um coelho jovem foi colocado sobre os pés da criança. 

“Embora a natureza da morte da criança possa permanecer desconhecida para sempre, o enterro e os seus mistérios codificam uma mensagem clara e intemporal de carinho, luto, símbolo e cerimónia”, salienta o artista norte-americano.

No Abrigo do Lagar Velho conta-se, assim, “uma história simples, mas profunda”, onde “há pelo menos mil gerações as pessoas regressam”. 

“Twelve earths” desenvolve-se desde 2017 e tem conclusão prevista para 2029, quando ligar 12 locais num percurso circular de mais de 40 mil quilómetros pelo planeta. Os dois primeiros locais – um telescópio, um antigo cemitério – “resumem de forma magnífica a busca da nossa espécie pelas respostas às questões: quem somos e de onde viemos”, afirma no comunicado Stacy Switzer, diretora executiva da Fathomers, instituto de investigação com sede em Los Angeles, que suporta o projeto.

Em Leiria, Michael Jones McKean está desde 2021 e continua como artista em residência, numa parceria com o município e em relação com os dois espaços que interpretam o sítio arqueológico, o Museu de Leiria e o Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho.

A residência integra a programação dos 25 anos da descoberta da “Criança do Lapedo” e prolonga-se por seis anos, em paralelo com o desenvolvimento de outros locais de “Twelve earths”. 

Há um mês, no ‘site’ https://twelveearths.com/sites/abrigo foi criada a página dedicada ao Abrigo do Lagar Velho, com conteúdos que vão crescer ao longo da residência. McKean vai também desenvolver “uma escultura planetária de longa duração”, inspirada nas “questões de tempo, cerimónia e parentesco ao longo de 1000 gerações, ajudando simultaneamente a preservar o local no futuro”. 

Para o município de Leiria, o projeto “Twelve earths” serve para ajudar “a criar uma ponte para as pessoas que não estão familiarizadas com as histórias do Abrigo do Lagar Velho e a manter este local especial vivo nas suas mentes”.

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