Coimbra

Professor de Coimbra afirma que centrais nucleares têm estruturas de contenção muito resistentes

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 04-03-2022

O professor da Universidade de Coimbra Luís Neves considerou hoje que as atuais centrais nucleares têm estruturas de contenção “muito resistentes, capazes de evitar danos significativos, ao serem atingidas por projéteis, para além evitarem “a fuga de radioatividade”.

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“Enquanto a Central de Chernobyl não tinha estrutura de contenção do reator e, portanto, estava vulnerável a situações como a queda de uma nave ou impacto direto de um projétil, estas centrais já têm essas estruturas de contenção que são muito resistentes. Mesmo que inadvertidamente haja algum projétil que a atinja, isso não é suficiente para causar danos significativos”, apontou.

Em declarações à agência Lusa, o professor do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), explicou que essa estrutura de contenção “impede também a fuga de radioatividade, no caso de haver um descontrolo no núcleo do reator”.

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A maior central nuclear da Europa, localizada no sul da Ucrânia, foi atingida na noite de quinta-feira para hoje por ataques de artilharia russa e prédios anexos foram afetados por um incêndio.

“Dentro daquilo que neste momento se consegue saber, deixo uma mensagem de alguma tranquilidade. É importante referir que a tecnologia das centrais que, neste momento, estão em causa é consideravelmente superior à de Chernobyl, por exemplo”, alegou.

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No entanto, deixou o alerta de que a tecnologia tem limites e não resiste a tudo.

“Quando os sistemas de segurança de uma central eventualmente possam ficar inutilizados por ação militar, se houver um descontrolo na central, pode haver um acidente com rotura dos sistemas de segurança e lançamento na atmosfera de quantidades enormes de radioatividade. Esse é o cenário extremo”, referiu.

Na eventualidade de ocorrer a libertação de uma grande quantidade de radioatividade, o professor da Universidade de Coimbra destacou que muitos quilómetros quadrados em torno da central ficariam inabitáveis.

“Estaríamos a falar de um impacto também de médio e longo prazo significativo, em distâncias muito superiores, eventualmente até em países vizinhos, com níveis de radiação que, não sendo mortais, no imediato, podem potenciar o aparecimento de doenças. Doenças do tipo cancerígeno, por exemplo, que ao longo dos anos se vão manifestando por taxas de incidência mais elevadas que o normal, mas que não são facilmente atribuídas diretamente à própria exposição à radiação”, frisou.

Ainda sobre os ataques à maior central nuclear da Europa, Luís Neves disse que tudo indica que tenha atingido espaços colaterais de laboratórios e salas.

“À partida não há problema absolutamente nenhum, embora assuste muito ver que há atividade militar à volta de uma central nuclear que está a funcionar”, concluiu.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.

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