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Presidente do IPC defendeu regresso às aulas presenciais no primeiro ciclo do ensino superior

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 09-07-2020

O regresso às aulas presenciais no primeiro ciclo do ensino superior foi hoje defendido pelo presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, que reafirmou a a pretensão da atribuição do grau de Doutoramento na instituição a que chamou Universidade Politécnica de Coimbra.

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O presidente falava durante as comemorações do Dia do IPC, este ano realizadas na antiga igreja do Convento S. Francisco, com um número reduzido de convidados e transmissão online e a participação especial de Pedro Abrunhosa, que cantou uma música escrita para o pai, dias antes deste morrer onde refere as “estórias de Coimbra”.

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Jorge Conde disse que “a principal missão do ensino superior, que é ensinar, deve ser feita de forma presencial para os jovens do primeiro ciclo, acabados de chegar do ensino secundário” e que “no pós-covid alguns processos serão assumidos tendo como boa a experiência adquirida, mas outros devem voltar à casa da partida mantendo-se como os conhecíamos”.

Jorge Conde reforçou que no ensino presencial se “transmite a experiência e a afetividade, que fará profissionais para a vida, que preparará [os alunos] para o quotidiano das relações pessoais, numa sociedade de máquinas que devem ser, apenas e só, meios e não agentes”.

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Jorge Conde sublinhou que “ um professor e um aluno têm um espaço próprio para se encontrar a que se chama sala de aula” mas destacou a importância do digital considerando necessário “aprender e aproveitar a experiência que a emergência e a calamidade nos obrigaram a adquirir e perceber que o ensino digital pode e deve ser um bom complemento para a aprendizagem”.

“As aulas têm de estar no smartphone, porque esse é o suporte de eleição dos estudantes e o seu principal companheiro” disse contrapondo que é fundamental “dosear ambos, mantendo o ensino olhos nos olhos, complementando-o com a possibilidade de uma linha digital de aprendizagem”.

O ensino à distância é, por outro lado uma ferramenta para qualificar e requalificar os profissionais já formados, deixando-os aprender à distância num verdadeiro ensino não presencial, disse.

O presidente do IPC destacou a “complementaridade de saberes” das seis unidades de ensino superior realçando que “o futuro será das instituições com objetivos especializados, com saberes partilhados e com estratégias amplas e coletivas”.

Na passagem dos 40 anos da criação do Politécnico de Coimbra, Jorge Conde disse que “importa percebermos que o todo é maior que a soma das partes” e que o futuro do IPC vive de espaços e de estratégias dinâmicas, complementares e polivalentes.

O atual “contexto extraordinário para o mundo” em que foi assinalado o Dia do Politécnico de Coimbra marcou o discurso do presidente, que alertou para a “crise económica que se está a instalar”  e que será a “causa de grandes danos na qualidade de vida de todos, com fortes repercussões na saúde mental, motivadas pelas deficiências económicas que um elevado número de pessoas irá atravessar”.

“O Ensino Superior Português em geral, e o Politécnico de Coimbra em particular, estão a passar de forma positiva pela crise sanitária” – afirmou Jorge Conde realçando que o IPC reagiu “com destreza e responsabilidade à mesma, mantendo grande parte da atividade em funcionamento, recorrendo ao teletrabalho e a aulas à distância por forma a não pararem e a não fazer parar o País.”

Destacou ainda que o IPC se colocou ao “serviço da comunidade” pela “intervenção na crise sanitária, com a criação de redes de voluntariado, de equipamentos de proteção individual, a realização de testes de diagnóstico à covid-19, ou os mais variados projetos de investigação sobre a  doença ou as suas consequências”.

O responsável reafirmou a importância das atividades presenciais, que regressaram de forma ponderada porque “o pós-COVID não será igual ao pré-COVID. As instituições de ensino superior têm de assumir o seu papel de criadoras de saber, assumindo a liderança não só na procura de soluções para a crise sanitária e económica, mas fundamentalmente fazendo-o pelo exemplo”.

Disse ainda que a “comunidade envolvente terá percebido que as instituições de ensino superior têm uma capacidade de reação e de produção, que nalguns casos não lhes era percetível. Acresecntou que “o Politécnico de Coimbra quer e vai ter um papel no futuro, contribuindo para a criação de uma sociedade que vai nascer de maior respeito pela qualidade de vida, colocando o ser humano no centro do desenvolvimento científico e tecnológico. Esse papel começa por sermos capazes de desconstruir os conceitos de que no Politécnico de Coimbra nem tudo é possível, porque o peso da história não permite. É a história, e sobretudo os seus ensinamentos, que nos permitem construir a modernidade de que vivem as instituições de ensino superior, líderes da mudança, do desenvolvimento e da inovação.

Referindo-se ao Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) –  que segundo o próprio “obrigou a uma mudança de estratégia nos últimos 10 anos” –  afirmou que “são cada vez mais os que falam do Politécnico de Coimbra como a sua instituição, a sua casa, com orgulho e satisfação pelo rumo que a marca vai fazendo.”  Diferenciou o Politécnico de Coimbra pela “diversidade, criatividade, capacidade de produzir e, nas várias escolas, transferir conhecimento para as novas gerações, para as empresas, para a região e para o mundo.”

Como desafios atuais da instituição, Jorge Conde referiu a “globalização, seja o que quer que isso seja no mundo pós-pandemia, questões ambientais e a aposta na economia circular, as sucessivas crises económicas” mas disse que os principais desafios residem na “nova forma de produzir conhecimento assente na inteligência artificial bem como a responsabilidade social da instituição que deve desenvolver saber e conhecimento, mas também educação.”

“O Politécnico de Coimbra terá um futuro construído pelas novas gerações, que terão o saber e a arte de perceber que precisamos de novos caminhos, posicionando-nos no top ten da produção e transferência de conhecimento”.

Para além do vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Cidade, na sessão discursou também a presidente do Conselho Geral, Filomena Girão que falou em forma e balanço do mandato e referiu o “desconsolo dos adiamentos” de alguns projetos, nomeadamente, a implementação do regime de “impedimentos e incompatibilidades para tornar o ensino mais democrático e garantir a indepêndencia de gestão do ensino superior”.

Filomena Girão recordou que, este ano letivo e devido à pandemia, “não foi possível oferecer aos estudantes aquilo que lhes era devido e destacou que os alunos “têm muito para recuperar”.

A criação de listas multi-orgânicas, as alterações aos Estatutos do IPC e a criação de um Conselho Geral mais ativo foram outros pontos que a conselheira admitiu terem ficado adiados.

O ministro da Ciência e do Ensino Superior foi encerrar a comemoração, discursando já depois da intervenção do músico Pedro Abrunhosa, que fez uma intervenção centrada no papel do digital na pedagogia.

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