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Polémica: Valete considera “patético” e “ofensivo” que associações “gastem energia” com ele

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 01-10-2019

O ‘rapper’ Valete considera “patético” e “ofensivo” que associações financiadas pelo Estado “gastem energia” com assuntos como o seu tema “B.F.F.”, e respetivo videoclipe, em reação à carta aberta e petição pública hoje divulgadas.

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“Eu queria só dizer que é patético e eu acho ofensivo para todos os cidadãos o Estado estar a financiar associações que gastam energia com estes temas patéticos. Acho muito ofensivo, é o dinheiro dos nossos impostos e estas associações gastam essa energia toda com este tipo de coisas, quando obviamente há coisas muito mais importantes”, afirmou o ‘rapper’, em declarações à agência Lusa.

A música e o vídeo “B.F.F.”, que deverá ser incluído no novo álbum do ‘rapper’, cujos temas vão sendo divulgados um a um, aborda uma cena de violência conjugal, com o vídeo a mostrar um homem armado a ameaçar violentamente a mulher.

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No canal oficial de Valete no Youtube, o vídeo soma mais de um milhão visualizações e motivou críticas nas redes sociais e na comunicação social e motivou uma carta aberta, assinada por mais de uma centena de associações e pessoas, e uma petição pública, que criticam a banalização da violência contra as mulheres. Está igualmente na base da emissão de um comunicado da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).

O ‘rapper’ escuda-se na liberdade criativa.

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Na carta aberta divulgada hoje – Dia Mundial da Música – e assinada por associações de defesa dos direitos das mulheres e, a título individual, por dezenas de pessoas, entre artistas, psicólogos, jornalistas, professores, estudantes e técnicos, lê-se que “A violência contra as mulheres não é arte nem cultura”.

Os autores da carta aberta sublinham que “a reprodução clara de misoginia e a banalização da violência contra as mulheres não podem ser cronicamente escudadas na criação artística”.

Os autores dizem-se “conscientes de que a liberdade de expressão não significa imunidade à crítica e que a criação artística – sobretudo quando atinge um público jovem como é o caso de Valete – não é isenta de impacto (e por isso mesmo, responsabilidade) social”.

E pedem ao ‘rapper’ que “considere o alcance e as repercussões da sua mensagem, e repense a estratégia, o conteúdo e o alcance do vídeo referido”.

A carta é assinada por, entre outras, a Associação de Mulheres Cabo-verdianas na Diáspora em Portugal, a Associação Mulheres sem Fronteiras e a Associação Portuguesa de Mulheres Juristas.

Por causa do mesmo vídeo de Valete, a organização Feministas em Movimento (FEM) lançou uma petição pública, que, pelas 18:00 de hoje, reunia cerca de 500 assinaturas, apelando “a que todos os coletivos de intervenção feminista, às organizações de intervenção social, aos partidos políticos e a todas as pessoas que digam não à violência”.

“Neste contexto, em que a violência contra as mulheres se encontra naturalizada, nenhum esforço ou ação no sentido de a erradicar é supérfluo, mas todos os atos ou acontecimentos que a banalizem têm de ser denunciados, contraditados e condenados!”, exclama o FEM no texto que lança a petição pública.

Questionada hoje pela agência Lusa sobre a música “BFF”, e respetivo vídeo, do ‘rapper’ Valete, a CIG remeteu para um comunicado publicado na segunda-feira, no seu ‘site’ oficial.

Nesse comunicado, a CIG, “organismo público responsável pela promoção e defesa da igualdade de género e do combate à violência contra as mulheres e doméstica, condena a divulgação de quaisquer conteúdos que atentem contra a dignidade e a integridade física e moral das pessoas, contribuindo para naturalizar e reproduzir a violência contra as mulheres e doméstica”.

Aquele organismo salienta que, “considerando o impacto das mensagens de agentes culturais e criadores/as, sobretudo junto de públicos jovens e adolescentes, bem como a sua vocação para se constituírem como modelos para as gerações mais novas, devem aqueles assumir uma responsabilidade acrescida no combate à violência, e em particular a violência contra as mulheres”.

O comunicado termina com a CIG a reforçar o repúdio de “qualquer reprodução de mensagens sexistas e/ou que incitem à banalização da violência, atentatórias da igualdade entre mulheres e homens, princípio basilar na construção de uma sociedade livre de estereótipos de género e de violência”.

 

 

Lisboa, 01 out 2019 (Lusa) – A Comissão Europeia avançou com um conjunto de medidas de emergência contra a introdução e propagação do vírus do fruto rugoso castanho do tomateiro (ToBRFV) nas culturas, onde se inclui a realização de prospeções anuais para detetar este organismo.

Esta decisão, publicada no Jornal Oficial da União Europeia, surge na sequência de, no final de 2018, a Alemanha e a Itália terem comunicado a ocorrência de focos deste vírus nas culturas de tomate nos seus territórios.

“Uma análise do risco fitossanitário realizada pela Itália demonstrou que o organismo especificado e os seus efeitos prejudiciais podem constituir um problema fitossanitário significativo para a União, em especial para a produção de ‘Solanum lycopersicum L.’ [tomate] e ‘Capsicum annuum’ [malagueta]”, lê-se no documento.

De acordo com a Comissão Europeia, os Estados-membros devem assim assegurar que qualquer pessoa que tenha vegetais que possam estar infetados pelo vírus em causa “é informada da sua potencial presença e das medidas a adotar”.

Entre as medidas avançadas por Bruxelas encontram-se a realização de prospeções anuais para detetar a presença deste organismo nos vegetais hospedeiros nos respetivos territórios.

Essas prospeções “devem ser realizadas pelo organismo oficial responsável” e incluir testes laboratoriais, bem como basear-se em princípios científicos e técnicos “sólidos” no que diz respeito à possibilidade de deteção do vírus.

Até 31 de janeiro de cada ano, os Estados-membros devem notificar à Comissão e aos outros Estados o resultado das prospeções que foram realizadas no ano civil anterior.

Por outro lado, os vegetais especificados para plantação, originários no território da União Europeia, só podem circular neste espaço “se forem acompanhados de um passaporte fitossanitário” e caso sejam originários de áreas onde se sabe que não ocorre o ToBRFV e derivem de sementes originárias de “zonas indemnes do organismo especificado ou que foram sujeitas a testes oficiais de detenção […], com base numa amostra representativa”.

No caso das sementes, só podem circular se tiver sido realizada uma colheita oficial de amostras e testes oficiais, também com base numa amostra representativa.

Já a respetiva introdução dos vegetais especificados para plantação na União Europeia só pode acontecer também com um certificado fitossanitário e se os vegetais forem originários de um país terceiro e de uma área de plantação que não foi afetado pelo vírus.

Se os vegetais forem originários de países terceiros ou áreas que não as referidas, deve estar assegurado que estes foram produzidos num local “registado e supervisionado pela organização nacional de proteção fitossanitária do país de origem”, tendo por base inspeções oficiais e que derivam de sementes originárias de zonas não afetadas.

Já no caso das sementes, deve ter sido realizada uma colheita oficial de amostras e testes oficiais de deteção do organismo.

Esta decisão é aplicável a partir de 01 de novembro deste ano e até 31 de março de 2022.

O vírus ToBRFV, que tem como principal hospedeiro o tomate, provoca, entre outros sintomas, manchas amarelas ou castanhas nos frutos e pode levar à perda total das produções.

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