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Plano do Governo de 1.500 camas para alojar alunos é “coluna de fumo”

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 10-09-2018

O presidente da Federação Académica do Porto (FAP) disse hoje que o Governo deu uma “resposta curta” à falta de alojamento para milhares de estudantes universitários deslocados e que o plano das 1.500 camas é uma “coluna de fumo”.

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“O ano letivo está a começar e a resposta continua sem chegar”, alertou hoje o presidente da FAP, João Pedro Videira, à Lusa, depois de Governo ter referido este fim-de-semana que há cerca de 30 imóveis para estudantes em fase de celebração de protocolos de recuperação para disponibilizar um total de 1.500 camas em várias instituições universitárias do país.

Para o presidente da FAP, a resposta do Governo à falta de alojamento para os mais de 100 mil estudantes deslocados no país é “curta” e não vai resolver os problemas nem neste ano letivo, nem sequer no próximo, porque os cerca de 30 imóveis ainda vão ter que ser reabilitados.

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“A resposta é curta, é muito curta, estamos a falar de 1.500 camas para um total de mais de 100 mil estudantes deslocados. É curta e é sobretudo num tempo demasiado longínquo, portanto é daqui a dois anos”, constata João Pedro Videira.

João Pedro Videira classifica de “coluna de fumo” o Plano Nacional para o Alojamento de Ensino Superior” que diz ter surgido a “reboque” daquilo que foram as ações levadas tanto pela FAP, como pela Academia de Lisboa no passado mês de maio.

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“Demoraram cerca de 15 dias a montar (…) um plano nacional para o alojamento do ensino superior, porque fizemos ações no início de maio e no final de maio já estava uma resposta por parte do Governo que não passou de uma mera coluna de fumo, que é este Plano Nacional para o Alojamento para o Ensino Superior”, declarou, assumindo que o anúncio das 30 residências resulta “também da pressão da comunicação social sobre esta matéria”.

Os protocolos que o Governo afirma estarem em fase de celebração para cerca de 30 imóveis envolvem instituições como a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Universidade de Lisboa, a Universidade de Coimbra, o Instituto Politécnico de Leiria, o Instituto Politécnico de Coimbra, a Universidade de Évora, a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro.

O presidente da FAP diz, todavia, não ter a certeza de essa informação sobre o Porto ser verdadeira.

“Fala aqui na Universidade do Porto, mas eu não tenho a certeza se isto é verdade ou não, porque (…), pelo menos da Reitoria, não havia intenções de entregar imóveis para o Plano nacional para o Alojamento para o Ensino Superior”.

A realidade na Universidade do Porto é que existem “23 mil estudantes deslocados”, com “1.300 camas de oferta pública no total”, sendo que desse total, há 100 camas inoperacionais. O resto do mercado tem de ser em privados, com valores “exorbitantes e incomportáveis” para a maioria das famílias portuguesas, descreve aquele responsável.

“Continuamos à espera de respostas. Já apresentamos as nossas propostas, desde dezembro [de 2017] que estamos a fazer esse trabalho, já fizemos ações simbólicas, já fizemos ações de rua, já fizemos reuniões, já fizemos tudo e mais alguma coisa, mas as respostas continuam sem chegar”, concluiu o presidente da FAP, lamentando ainda o Governo por “oficialmente” não ter informado os estudantes.

“Não fomos informados de nada como é costume, já é prática comum do Governo não informar os estudantes, nem ter um diálogo aberto”, assinalou.

De acordo com um levantamento realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 42,3% dos estudantes do ensino superior público são deslocados e existe uma média global de 13% de camas disponíveis.

Dos alunos deslocados, 40,9% são dos cursos técnicos superiores profissionais, 41,9% de licenciaturas, 48,3% de mestrados integrados, 38,9% de mestrados e 35,7% de doutoramentos.

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