O presidente da Câmara de Pedrógão Grande explicou hoje que a autarquia se limitou a ceder espaços para acolher donativos para as vítimas dos incêndios de 2017, rejeitando suspeitas de favorecimento.
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Em conferência de imprensa, convocada para refutar as acusações de favorecimento e açambarcamento de ofertas relatadas pela TVI, Valdemar Alves, reafirmou a transparência do processo por parte da autarquia.
“Os eletrodomésticos que estão num armazém da autarquia são da Cruz Vermelha/Revita, responsável pela gestão do apetrechamento das habitações” ardidas no incêndio de junho de 2017, que causaram 66 mortos e destruíram centenas de habitações, explicou Valdemar Alves.
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Valdemar Alves
Leia as declarações da autarquia:
Pedrógão Grande Campeão Nacional na eficácia ao auxílio das populações e na reconstrução das habitações
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MOTIVO DA CONFERÊNCIA
No âmbito da catástrofe dos Incêndios de Junho de 2017, a Câmara Municipal de Pedrógão Grande é exemplo de eficácia, quer no auxílio imediato às populações quer na reconstrução das respetivas casas. É facto, não há outra situação igual em Portugal.
Hoje, com as casas de primeira habitação prontas ou em vias de o serem, podemos avançar para o apoio às chamadas segundas habitações, que são, na maior parte das vezes, as casas dos nossos emigrantes.Num processo que se tem pautado pela transparência, com as contas, nomeadamente, sempre online no site da Câmara Municipal, forças políticas há que têm manobrado, na Comunicação Social, contra este processo exemplar de Pedrógão Grande.
Não é nosso intuito alimentar este jogo partidário. Como tal, mantivemos o foco no nosso trabalho, reconstruindo o território e restabelecendo a melhor vida das pessoas, mas também colaborando para que as investigações judiciais possam esclarecer as dúvidas.
As reportagens manipuladas fazem crer que em Pedrógão Grande tudo correu mal quando, perante uma tragédia sem dimensão, muito de bom foi conseguido. Além de que fazem crer que somos uns ingratos, que usamos indevidamente ou deixamos estragar o que nos deram, fazendo com isso desacreditar a solidariedade das pessoas. E isto é muito grave. É um enorme desrespeito para com a tragédia e para com tudo o que aqui vivemos.
Esta Conferência de Imprensa tenta esclarecer os senhores jornalistas sobre a verdade dos factos.
PRIMEIRO AUXÍLIO NO PERÍODO DE CATÁSTROFE/CRISE
O alojamento ao desalojados – Graças ao trabalho de equipa de várias entidades e até de particulares, ninguém ficou sem habitação, pelo que o realojamento foi praticamente imediato.
A solidariedade das pessoas foi forte e espontânea. Não só nos sensibilizou como nos incutiu uma responsabilidade acrescida.
Desde início que as entidades procuraram dar respostas conjuntas e concertadas a uma imensa quantidade de necessidades por todo o território: casas, pessoas, animais, empresas, infraestruturas destruídas. Era o caos de uma catástrofe para o qual ninguém estava preparado.Equipas multidisciplinares civis e militares percorreram o território todo o dia e diariamente, prestando todos os cuidados e fazendo levantamentos, dando resposta imediata.
Fruto do conhecimento e da experiência de trabalho em ambientes de catástrofe, as equipas de cooperação civil-militar (Fuzileiros) presentes no terreno, conduziram a sua missão no sentido da constituição do Gabinete de Apoio, que permitiu prestar auxílio coordenado às populações.Em articulação com Juntas de Freguesia, Serviço Nacional de Saúde e várias Instituições, foi continuada a distribuição no terreno de alimentação humana e animal e outros bens de primeira necessidade (p.e., pessoas ligavam a pedir água e era imediatamente levada, alimentação animal, roupa).
Além disso, ao longo deste período, muitos voluntários percorriam o terreno a distribuir bens, e está-se, por isso, crente que ninguém ficou sem ajuda.Ajuda continuada e ainda hoje em curso – ainda hoje temos uma equipa de saúde mental no território e a Ação Social continua a prestar auxílio às populações
Todas as vítimas queimadas tiveram apoio, seja do Ministério da Saúde, da Segurança Social, doutras instituições e das seguradoras. A Ação Social da Autarquia tem acompanhado de perto situações e prestado auxílio sempre que necessário.
DONATIVOS
O objetivo de qualquer Executivo Municipal é garantir e proporcionar o bem-estar das suas populações. Os donativos contribuem, naturalmente, e bem, para esse para esse objetivo, não existindo assim qualquer razão para que os mesmos fossem alguma vez sonegados à população.Materiais de Construção – Inicialmente, não havia materiais suficientes para a construção das habitações. À época em que a grande maioria dos materiais de construção doados chegaram, já
os orçamentos estavam solicitados pelos proprietários. Assim, os materiais existentes têm sido distribuídos a quem deles tem necessitado para a reconstrução das habitações.
Eletrodomésticos – Quando a Vice-Presidente disse que “não temos eletrodoméstico nenhum” na reportagem da TVI, disse-o muito bem, porque não pode dizer que é da Câmara quando o que lá está não é da Câmara, é da Cruz Vermelha/Revita, responsável pela gestão do apetrechamento das habitações. Existem no momento 23 casas a serem apetrechadas em Pedrógão Grande, 8 em Castanheira de Pera e 1 em Figueiró dos Vinhos. Portanto, depois desta Conferência, vamos contar o número de eletrodomésticos em conjunto, se assim o entenderem, para verem com os próprios olhos que não são centenas, como foi alegado.
Sobre os colchões, há colchões novos que são da Cruz Vermelha para o apetrechamento das habitações. E há outros colchões usados que foram doados à Cruz Vermelha ou à Câmara e que são para abater porque não estão em condições de serem dados.
Em termos de listagens dos respetivos bens/donativos e casas respetivas a serem reequipadas, podem solicitar estas listagens ao Conselho de Gestão do Revita, na medida em que a Cruz Vermelha é quem este Conselho de Gestão incumbiu de gerir e administrar os bens a serem usados no apetrechamento.Para além do Conselho de Gestão do Revita/Cruz Vermelha Portuguesa, também as seguintes Instituições solicitaram ao Município de Pedrógão Grande que acondicionasse os seus bens/donativos: Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande e SIC Esperança.
Bens em espécie – Há móveis usados, bens de casa em segunda mão e roupa. A Câmara nunca negou qualquer bem a ninguém. Estão à disposição de todos os que têm precisado, sejam do Concelho ou não; ajudámos e ajudamos pessoas vítimas de outros Concelhos afetados pelos fogos de 2017. Para isso basta as pessoas dirigirem-se à Loja Social que está aberta todos os dias da semana, local que tem sido procurado por pessoas do Concelho e de Freguesias dos Concelhos vizinhos.
A Câmara de Pedrógão Grande recebeu uma avalanche de bens doados, vindos de Portugal inteiro e do estrangeiro. Houve uma generosidade incomparável, pela qual estamos muito gratos. Esses bens em bom estado permitiram ajudar muitas famílias. E a quantidade recebida foi de tal forma grande que acabámos por receber também muitos bens que não vinham nas melhores condições de serem doados. A par dos trabalhos de dar auxílio à população, tivemos um problema enorme em mãos, porque logisticamente e financeiramente foi e tem sido difícil lidar com a triagem e escoamento dos bens em mau estado, por exemplo mobílias com muitas peças incompletas.
Dizer-se que não houve e não há apoio tem certamente por objetivo desacreditar o Executivo Municipal, mas não o desacreditam; desacreditam sim os voluntários que andaram incansavelmente no terreno, as instituições que ajudaram e ainda ajudam e todos os que têm sido incansáveis e solidários.
RECONSTRUÇÃO DAS PRIMEIRAS HABITAÇÕES
Todas as pessoas de primeira habitação têm casa. Ou já estão prontas, ou estão em fase final de reconstrução, o certo é que todas têm a sua habitação.Relativamente à reconstrução das habitações em Pedrógão Grande, temos os seguintes dados:
Total de Primeiras Habitações – 167.
Habitações concluídas – 142 primeiras habitações.
Habitações em reconstrução – 25 primeiras habitações, sendo que destas cerca de 3 estão suspensas por decisão Conselho de Gestão do Revita.SEGUNDAS HABITAÇÕES E O REGULAMENTO
Fica aquém do apoio que precisamos, porque desde o primeiro dia que dizemos que não há primeiras e segundas habitações, há é habitações que arderam. Para este território as segundas habitações são a garantia de que no futuro este Concelho não fica desabitado, porque os que se reformam voltam à sua terra e os seus filhos também.O apoio que vamos ter, e que ainda não está aprovado pelo Governo, é um empréstimo do Fundo de Apoio Municipal à Câmara. O Executivo entendeu aceder a este empréstimo porque está consciente da importância deste apoio às pessoas. Sabemos que fica aquém, porque não é um apoio a 100%, o proprietário também vai ter que pagar parte da reconstrução, mas estamos a fazer tudo para que as pessoas voltem a ter as suas casas. Podem consultar o regulamento deste apoio no website do Municipio.
CONTA SOLIDÁRIA DO MUNICÍPIO
A Conta solidária apresenta neste momento o montante de 358.642,76 €. O dinheiro não está escondido e está à mostra para toda a gente ver. Os extratos foram apresentados em reunião de Executivo Municipal e estão publicados no website do Município. Os únicos débitos desta conta devem-se à compra de animais para quem os solicitou, ao abrigo do protocolado com a Ordem dos Médicos Veterinários.Não se deu ainda destino a este dinheiro porque inicialmente ainda não se sabia se iria haver necessidade de completar alguma falha no apoio à reconstrução das habitações. Por outro lado, os anexos agrícolas têm constituído uma enorme preocupação das populações que os perderam, não tendo o Ministério da Agricultura alocado apoio suficiente nessa matéria, logo poderá esta verba ser aí destinada. Não havendo ainda concertação quanto ao seu destino será o mesmo objeto de discussão nos órgãos competentes.
Assim, deixamos a seguinte questão: perante uma catástrofe desta dimensão e intensidade, quem é que estava preparado para responder de uma forma perfeita?”
