Pacote de Ração de combate para os bombeiros custa mais de 10 euros!

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 26-08-2017

Mais de 10 euros é quanto custa cada um dos  4000 pacotes de “ração de combate” que a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC)  foi comprar a Espanha quando o verão ia a meio. 

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Já a fase Charlie (a mais crítica do combate aos incêndios florestais) ia adiantada e meio Portugal estava a arder quando a ANPC decidiu que era altura de ir a Espanha comprar “Pacotes individuais com refeições frias para os operacionais no campo de operações”.

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Foi no dia 24 de julho de 2017 que a ANPC encomendou à espanhola José Manuel Poveda S.A. a aquisição de 47.480,00 € de “Pacotes individuais com refeições frias para os operacionais no campo de operações”

NDC teve acesso ao contrato onde se verifica que esta empresa com sede em Alicante pode entregar os Kit´s até final do mês deste mês de agosto. Está mesmo no contrato. Quase até ao fim do verão!

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Questionada por NDC, a ANPC confirmou que “Foram adquiridos pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) 4 mil Kits de alimentação”

Quisemos saber porque foram comprados a uma empresa estrangeira. A ANPC argumenta que a fornecedora é “uma empresa especializada na produção deste tipo de produtos”.

A José Manuel Poveda S.A actua com a marca comercial JOMIPSA e garante que “as Nossas rações de previsão são desenvolvidos especificamente para cada situação. Eles são leves, portáteis, compactos e projetados para ocupar o espaço mínimo exigido”.

A autoridade afirma que os kit´s foram distribuídos “No mês de julho e expedidos para os Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) da ANPC.

Pretendemos saber “Quantos Kits foram entregues aos Bombeiros?” A resposta da ANPC não é conclusiva: “O seu acionamento é feito em função das necessidades concretas resultantes do empenhamento dos operacionais nos vários teatros de operações”.

A ANPC afiança que “Os kits estão armazenados nos respetivos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) da ANPC para serem entregues em função das necessidades”.

Notícias de Coimbra contactou alguns bombeiros que afirmam que ainda não viram o já baptizado “torrão de Alicante”.  Todos garantem que se recusam a comer “ração de combate”.

“Não gosto de comida de plástico”. “No dia em que me derem isso, abandono o teatro de operações”. “Quero comida de gente”. “Tratem os bombeiros com dignidade”. Estes são apenas alguns dos gritos de revolta dos soldados da paz ouvidos por Notícias de Coimbra.

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No dia 9 de agosto, a ANPC disponibilizou um vídeo, onde se pode ouvir que em parceria com a Direcção-Geral da Saúde, recomenda e distribui um kit alimentar de proteção civil para os grupos de reforço que se deslocam por todo o país, com um plano nutricional que assegura uma alimentação equilibrada e adequada aos esforços que lhes são exigidos.
 

As imagens deste vídeo foram captadas na Lousã, em 12 de abril,  por ocasião da pomposa “Sessão de Apresentação Pública do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais – DECIF 2017”.

Nesse dia, depois de terem ouvido falar nestes Kit´s, vários comandantes questionavam, em surdina, “Onde é que já se viu um Bombeiro a comer isto?!”

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Recordamos que ANPC paga as refeições que são servidas aos operacionais por associações locais ou autarquias.

Investe 7€ por almoço ou jantar e 1,80€ por cada Pequeno-Almoço, Lanche. Reforço 1 ou Reforço 2. O que contempla 6 distribuições de alimentação em cada 24 horas. São 21, 20 Euros por dia.

Parece ser um valor suficiente para que os Bombeiros tenham direito a refeições dignas. O que, como se constata, nem sempre acontece, pelo que deve ser questionada a eficácia da protecção civil em muitos municípios, sobretudo quando, apesar de estarem a receber pelo serviço que deviam assegurar, pedem ao “povo voluntário”  comida para os soldados da paz, acabando por receber por um serviço que não presta ou não prestam.

Recentemente, a Direcção-Geral da Saúde lançou um  manual  com “recomendações gerais para a alimentação dos bombeiros” que terá servido para justificar a compra dos “kit´s alimentares”.

As “4 ementas” do “Kit alimentar de Proteção Civil para situação de emergência para 24 horas”  adquirido em Alicante incluem produtos como atum, bebida para desportistas, sal, açúcar, almôndegas, bolachas, chicletes, café, doces, caramelos, pastilhas para a água, frango oriental, vitelas massa à bolonhesa, paelha de frango, sardinhas em conserva ou marmelada.

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“Os kits são compostos por quatro menus e produzidos para as necessidades específicas dos operacionais e ao esforço que fazem no combate aos incêndios rurais”, garante a ANPC.

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