Política

Os acontecimentos que marcaram o mês de novembro de 2022

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 19-12-2022

A saúde de Jerónimo de Sousa forçou-o a encurtar o último mandato como secretário-geral do PCP e obrigou o partido a procurar nas fileiras a sucessão, concretizada na escolha inesperada de Paulo Raimundo.

PUBLICIDADE

Depois de quase duas décadas na liderança dos comunistas portugueses, Jerónimo de Sousa deixou o cargo. O Comité Central anunciou na noite de 05 de novembro que o deputado-operário iria abandonar a liderança a meio do mandato, para o qual tinha sido eleito em 2020. O seu estado de saúde pesou na reflexão que fez sobre a continuidade e ditou a escolha.

Jerónimo de Sousa, que em 2015 lançou a ideia da ‘geringonça’ na noite eleitoral e que perdurou até 2019, já tinha dito, ao longo do ano que a sua saúde era um elemento decisivo na permanência no cargo. Em janeiro falhou grande parte da campanha das eleições legislativas enquanto recuperava de uma operação à carótida interna esquerda.

PUBLICIDADE

Regressou à estrada a dois dias do final, mas visivelmente debilitado e longe da imagem a que habituara os eleitores: afável nas ruas e de punho firme nas reivindicações.

Após a cirurgia, o cenário da sua substituição tornou-se mais premente. “Um dia será” e “esse cenário não está colocado”, respondeu sempre Jerónimo de Sousa, de 75 anos, sempre que a pergunta era feita e para evitar alimentar especulações.

PUBLICIDADE

publicidade

Mas o cenário colocou-se e a saúde fê-lo pensar na saída. Em setembro, na abertura da “Festa do Avante!”, hesitou pela primeira vez quando foi questionado sobre a continuidade no cargo. Em entrevista à Lusa, no final de outubro, enfatizou a importância da sua saúde e admitiu que não era insubstituível, deixando pistas para o que se avizinhava.

Na mesma noite em que foi anunciada a renúncia de Jerónimo de Sousa, a direção comunista apresentou também aos portugueses Paulo Raimundo, de 46 anos, como o “camarada” escolhido para o substituir. Eleito por unanimidade pelo Comité Central (o próprio não participou na votação) uma semana depois de ser apresentado, Raimundo tem uma carreira longa no PCP.

É funcionário do partido desde 2004 e um dos nomes fortes nas hostes comunistas, mas é um completo desconhecido para os eleitores. Sem experiência parlamentar e sem nunca ter encabeçado uma eleição, esteve, no entanto, envolvido nas negociações orçamentos com o PS nos anos da ‘geringonça’.

Em quase 18 anos, Jerónimo de Sousa, que foi o terceiro secretário-geral em democracia e cuja longevidade no cargo só foi ultrapassada pelo histórico Álvaro Cunhal, colocou o PCP com uma mão no leme dos rumos do país, mas também viu o partido perder essa influência que durou quatro anos, assim como metade dos deputados e das autarquias.

Outros acontecimentos de novembro:

1.O ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e os seus aliados de direita, vencem, com maioria absoluta, as legislativas de 01 de novembro em Israel.

2.Em seis escolas secundárias e faculdades de Lisboa, centenas de estudantes ocupam as instalações escolares e prometem aí ficar de noite e dia para exigir a demissão do ministro da Economia e o fim dos combustíveis fósseis até 2030. As ocupações pacíficas começam em 07 de novembro e, no final da semana, são retirados pela polícia da Faculdade de Letras, em Lisboa. Quatro deles são detidos e condenados, em dezembro, a pagar multas de 295 euros.

3.A Meta, proprietária do Facebook, WhatsApp e Instagram, anuncia, em 09 de novembro, o despedimento de cerca de 11.000 trabalhadores, 13% da sua mão-de-obra.

4.No dia 10, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, demite-se, após semanas de polémica sobre um contrato-promessa para a construção do Centro de Exposições Transfronteiriço (CET), em Caminha. É acusado pelo Ministério Público (MP) do crime prevaricação por atos cometidos quando era presidente da câmara de Caminha, Viana do Castelo.

5.No dia 22, o Manchester United anuncia que o futebolista Cristiano Ronaldo vai deixar o clube “com efeitos imediatos” e por acordo mútuo, semanas depois de o internacional português ter dito, numa entrevista, que se sentiu traído.

6.O Parlamento Europeu aprova, em 23 de novembro, uma resolução em que reconhece a Rússia como um Estado patrocinador do terrorismo, apresentada pelo grupo político dos Conservadores e Reformistas Europeus (centro-direita).

7.É aprovado, em votação final, no dia 25, pela Assembleia da República, o Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), com os votos a favor da maioria absoluta de deputados do PS, as abstenções de Livre e PAN. PSD, Chega, Iniciativa Liberal, PCP e BE votaram contra.

8.O ex-presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe Delfim Neves é detido, na sequência de um ataque ao quartel militar, entretanto neutralizado, anuncia o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

9.Um ano depois de a pandemia de covid-19 ter revelado as más condições de vida de imigrantes no Alentejo, em especial na costa vicentina, a PJ detem 35 pessoas “fortemente indiciados” pela prática de crimes de associação criminosa, tráfico de pessoas, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, entre outros crimes. Dezenas de imigrantes, alguns deles a trabalhar na agricultura quase em situação de escravatura, são identificados e colocados em estruturas de apoio.

10.Na Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, ganha as eleições presidenciais, com cerca de 95% dos votos. No dia 26.

Frases de novembro:

1.“Este é um dia super feliz, mas há dias super infelizes. E verdadeiramente super infeliz para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que eu acho que deve ser. Nesse caso não lhe perdoo.”

Marcelo Rebelo de Sousa, dirigindo-se à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa

05-11-2022

2.”Para um padre, o abuso [sexual] é como ir contra a sua natureza sacerdotal e contra a sua natureza social. Por isso, é uma coisa trágica e não devemos parar de combater esse flagelo.”

Papa Francisco

06-11-2022

3.“A humanidade tem uma escolha: cooperar ou morrer. É um Pacto de Solidariedade Climática ou um Pacto de Suicídio Coletivo.”

António Guterres, no seu discurso perante a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de 2022 (COP27)

07-11-2022

4.”Há quem salive e desespere pelo fim do PCP. (…) Pois daqui fica o conselho, esperem sentados.”

Paulo Raimundo, no seu primeiro discurso como secretário-geral do PCP

13-11-2022

5.“Sim, senti-me traído [no Manchester United], e senti que algumas pessoas não me queriam cá, não só esta época, mas também na última.”

Cristiano Ronaldo, futebolista internacional português

13-11-2022

6.“Queremos convidar o ministro [da Economia] Costa Silva a vir à nossa ocupação no [Liceu] Camões [em Lisboa] amanhã [segunda-feira] e ouvir uma palestra sobre a crise climática dada por nós.”

Clara Pestana, ativista do movimento “Fim ao fóssil: Ocupa!” e uma das porta-vozes do movimento no liceu

Lusa, 13-11-2022

7. “O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa.”

Marcelo Rebelo de Sousa

17-11-2022

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE