Tribunais

Operação Marquês: Sócrates diz ter ‘smoking gun’ para desmentir acusação

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 horas atrás em 08-07-2025

Imagem: MIGUEL A. LOPES/ LUSA

O antigo primeiro-ministro José Sócrates começou hoje a prestar declarações no julgamento da Operação Marquês, dizendo que tem uma ‘smoking gun’ [arma fumegante] para desmentir a acusação do Ministério Público relativa à OPA da Sonae.

Na segunda sessão deste julgamento, e entre várias advertências da juíza Susana Seca a José Sócrates e de vários comentários deste sobre a forma como a sessão é conduzida, o antigo primeiro-ministro disse querer começar por desmontar a acusação do Ministério Público relativamente à OPA da Sonae sobre a PT, segundo a qual Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), terá sido favorecido pelo antigo primeiro-ministro socialista.

“Eu vou apresentar as provas. Esta acusação é falsa”, começou por dizer José Sócrates, que acrescentou ter consigo três provas essenciais: a ata do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) dias antes da votação da OPA da Sonae, as declarações dos administradores da CGD durante a comissão de inquérito no Parlamento e a prova a que chamou ‘prova rainha’ e ‘smoking gun’, que é o despacho do então secretário de Estado das Finanças sobre a abstenção do Estado nesta matéria.

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“Está aqui a prova rainha, a ‘smoking gun’, está aqui, senhora juíza. Está aqui o despacho do senhor secretário de Estado das Finanças, assinado três dias antes da assembleia geral [para votar a OPA da Sonae à PT], confirmando a posição de abstenção do Governo”, explicou José Sócrates, enquanto segurava o referido despacho, que disse estar assinado por Carlos Costa Pina e que “foi escondido pelo Ministério Público”.

Sobre a ata do conselho de administração, José Sócrates quis dizer perante o coletivo presidido pela juíza Susana Seca que “a Caixa Geral de Depósitos, antes de votar na assembleia geral da PT, fez uma reunião do seu conselho de administração”.

“Está aqui a ata. Uns dias antes, a Caixa reuniu o seu conselho de administração […] Este conjunto de pessoas discutiu e decidiu votar contra a OPA da Sonae”, acrescentou, entre acusações feitas à juíza Susana Seca, considerando que esta promove um “clima de hostilidade” neste julgamento.

Para demonstrar que não manipulou o voto da CGD, o antigo primeiro-ministro quis ainda fazer referência às declarações dos administradores do banco público durante a comissão parlamentar de inquérito sobre o assunto.

“Todos eles, sem exceção, disseram não, não é verdade [que tenham sido manipulados]. Tenho a prova testemunhal de todos os membros do conselho de administração da CGD. Nenhum deles recebeu sugestões ou qualquer sinal de que o Governo tivesse alguma interferência”, disse ainda.

Onze anos após a detenção de José Sócrates no aeroporto de Lisboa, arrancou na passada quinta-feira o julgamento da Operação Marquês, que leva a tribunal o ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos e conta com mais de 650 testemunhas.

Estão em causa 117 crimes, incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, pelos quais serão julgados os 21 arguidos neste processo. Para já, estão marcadas 53 sessões que se estendem até ao final deste ano, devendo no futuro ser feita a marcação das seguintes e, durante este julgamento serão ouvidas 225 testemunhas chamadas pelo Ministério Público e cerca de 20 chamadas pela defesa de cada um dos 21 arguidos.

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