Política

“Obrigado a ti, Lisboa!”. Moedas “dá o troco” a Costa

Frederico Duarte Carvalho | 8 meses atrás em 24-08-2023

Carlos Moedas, não gostou que António Costa só tenha agradecido à Igreja a organização da visita do Papa Francisco a Lisboa e, vai daí, resolveu inundar a cidade de cartazes com a figura de Sua Santidade e uma mensagem de agradecimento: Obrigado a ti, Lisboa”. Uma afirmação que leva água no bico. 

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O Papa Francisco deixou Lisboa de avião no domingo, dia 6, e no dia seguinte o primeiro-ministro, António Costa, organizou um almoço de agradecimento na residência oficial de S. Bento com o cardeal Manuel Clemente e o bispo Américo Aguiar. O repasto foi devidamente registado na conta de Instagram do primeiro-ministro com fotos e um texto explicativo que rezava o seguinte:

“Tive hoje oportunidade de agradecer pessoalmente ao Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e ao Presidente da Fundação JMJ 2023, D. Américo Aguiar, por estes cinco anos de trabalho de preparação da Jornada Mundial da Juventude. No almoço, em que participou também a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, falámos do grande sucesso desta Jornada”.

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Quem não foi convidado para o almoço foi o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, pessoa que teve de aguentar as críticas de uma cidade com artérias fechadas tanto a munícipes como a turistas. O autarca tem ainda de explicar aos comerciantes os baixos proveitos financeiros provocados por peregrinos que não deixaram grandes índices de consumo em restaurantes e dormidas em hotéis – sobretudo quando muitos deles optaram por dormirem ao relento na grande noite da vigília junto ao palco da polémica.

Então veio a resposta de Moedas a Costa. E surgiu de forma subtil, mas bem visível: a Câmara Municipal de Lisboa espalhou centenas de cartazes pela cidade com fotos do Papa e uma singela, mas directa mensagem: “Obrigado, Lisboa!”

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Veja a fotogaleria  NDC:

Claro que quem paga tudo isto é, uma vez mais, o munícipe da capital que, de repente, também se vê empurrado para uma luta política de alcance político nacional, pois Carlos Moedas perfila-se cada vez mais como líder de Oposição a Costa e aos socialistas, ofuscando o presidente dos sociais-democratas, Luís Montenegro que, diga-se de passagem, mal se viu ou ouviu durante a visita do Papa.

Carlos Moedas é que parecia estar em todo o lado, seja ao responder à provocação do tapete com notas de 500 euros que o artista Bordalo II colocou junto ao palco na zona da antiga Expo, seja em participando nas cerimónias religiosas no Parque Eduardo VII ao lado do Presidente da República e passando bebés para o colo do Papa.

Aos analistas políticos não passa despercebido o facto de que, desde que o socialista Jorge Sampaio saltou da Câmara de Lisboa para a cadeira no Palácio de Belém e que, desde então, Portugal já teve dois primeiros-ministros saídos da mesma autarquia para o edifício de S. Bento – Santana Lopes, o actual presidente da Câmara da Figueira da Foz e o próprio António Costa – nunca se sabe quando voltaremos a ter um terceiro primeiro-ministro oriundo da mesma posição e que tanto pode ser Moedas como, já agora, Fernando Medina.

Este último, afinal, era o autarca de Lisboa quando a capital portuguesa foi escolhida para receber a jornadas que iriam trazer o Papa. Se ainda fosse ele a ocupar o cargo no edifício da Praça do Município, em cuja varanda se anunciou a República a 5 de Outubro de 1910, talvez o presidente da Câmara também tivesse sido convidado para o tal almoço de agradecimento em S. Bento no dia seguinte à partida do Papa.

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