Coimbra

Metro bus: Sim ou não?

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 14-09-2019

A opção por um sistema de autocarros elétricos no antigo Ramal da Lousã e em Coimbra continua a dividir opiniões, a três meses da candidatura aos fundos europeus e com a decisão política tomada desde 2017.

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A Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra e o Conselho Empresarial do Centro apoiam o relançamento do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), agora com ‘metro bus’, em vez de um metro sobre carris, como previsto desde 1994.

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“Interessa termos um sistema que sirva as pessoas de forma eficiente [e que elas] tenham confiança” na solução, afirma à agência Lusa o secretário executivo da CIM.

Jorge Brito salienta que o SMM funcionará “numa lógica intermodal com os outros sistemas de transportes” da região, públicos e privados, designadamente ao nível da bilhética e da informação aos utentes, cabendo a ação reguladora à CIM.

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O Governo e a Infraestruturas de Portugal asseguraram nos últimos meses que o SMM começa a funcionar em 2021, de forma faseada.

Também a Associação Empresarial Serra da Lousã (AESL) reclama a concretização da decisão do executivo de António Costa de pôr a circular o ‘metro bus’ numa linha centenária, encerrada em 2010 pelo Governo de José Sócrates, que iniciou as obras para o metro ligeiro e que as parou depois por razões financeiras.

A Metro Mondego (MM) foi criada em 1996, quando António Guterres (PS) era primeiro-ministro e dois anos após a publicação, pelo último Governo de Cavaco Silva (PSD), em 1994, do primeiro diploma a prever uma rede de metro para os municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.

Com algumas diferenças, três movimentos criados para defender a modernização e eletrificação da linha da Lousã, onde o comboio circulou durante 103 anos, desde 1906, convergem nas críticas a um processo de 25 anos em que, com aval de diversos governos, foram realizados 100 estudos e projetos com o objetivo de pôr o metro a transportar pessoas.

O Lousã pelo Ramal e o Movimento de Defesa do Ramal da Lousã (MDRL) não abdicam da posição que sempre manifestaram contra o desmantelamento da ferrovia, ligada à Rede Ferroviária Nacional, para nela ser introduzido, primeiro, um metro do tipo ‘tram-train’, com uma ligação urbana aos hospitais de Coimbra.

Estas duas organizações, que reúnem pessoas de diferentes quadrantes políticos, rejeitam também o ‘metro bus’.

Já o Movimento Cívico de Lousã e Miranda do Corvo, liderado por Jaime Ramos, antigo deputado do PSD, está atualmente mais recetivo à nova solução, apoiada pelos presidentes dos municípios envolvidos no projeto: Manuel Machado (Coimbra), Miguel Baptista (Miranda do Corvo) e Luís Antunes (Lousã), todos do PS e com assento nos órgãos sociais da MM.

“Sempre defendi a eletrificação do Ramal da Lousã, com a construção do túnel na Baixa de Coimbra”, recorda à Lusa Jaime Ramos, que acabou, contudo, por aceitar a solução ‘tram-train’ anteriormente apresentada.

“Sem carris e sem vontade política para os impor, só nos resta exigir o ‘metro bus’”, lamenta, ao admitir que esta “solução sofrível” será “melhor do que nada”.

O MDRL entende que “o ‘metropneu’ é muito pior do que o metro sobre carris prometido durante mais de 20 anos”.

“Consideramos inaceitável que se pretenda transformar os utentes em cobaias, colocando em causa a sua segurança e comodidade e continuando a esbanjar dinheiros públicos”, critica, numa nota enviada à Lusa.

A reposição do transporte ferroviário, preconiza, “é a mais adequada solução” e respeita “a vontade das populações, expressa de forma clara numa petição de mais de 8.000 subscritores”, discutida no parlamento em 2016.

O porta-voz do Lousã pelo Ramal, Pedro Curvelo, mantém que “a remodelação da linha seria a melhor solução, com uma interligação aos outros transportes” na capital do distrito, onde operam os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC).

O antigo vereador do PSD na Câmara da Lousã recorda que já foram gastos entre 120 e 150 milhões de euros em obras, “o que daria para a solução ferroviária” em modo clássico. “Espero que não venham aí mais 25 anos de ilusões”, alerta.

Em julho, a AESL, presidida por Carlos Alves, considerou “premente que o Governo ponha fim a este impasse”. No seu entender, o comboio contribuiu para o desenvolvimento da área da Serra da Lousã, mas com o fecho do ramal “verificou-se um revés neste crescimento e atualmente verifica-se uma acentuada diminuição demográfica”.

O presidente do Conselho Empresarial do Centro, José Couto, diz que “o ‘metro bus’ é uma solução mais acertada do que a anterior” – como está agora definido, sublinha, o SMM responde “a uma visão integrada com os outros transportes” da região, o que passaria, por exemplo, por “haver um comboio direto” ligando Figueira da Foz e Montemor-o-Velho a Coimbra.

Na opinião do empresário, o ‘metro bus’ pode ajudar a “travar o processo de desertificação” do interior do distrito de Coimbra.

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