Políticos

Livre pede “sangue frio” na campanha e avisa para consequências do discurso de ódio

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 meses atrás em 04-03-2024

O porta-voz do Livre Rui Tavares pediu hoje “sangue frio” na reta final da campanha para as legislativas e avisou que o discurso de ódio feito por alguns “aprendizes de feiticeiro” da extrema-direita tem consequências reais.

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“Há momentos de tensão, houve ontem um momento de tensão em Guimarães que poderia ter tido aqueles efeitos que não desejamos, consequências de acidentes físicos, de lesões. É uma eleição decisiva, mas toda a gente tem que manter desde logo o sangue frio”, apelou Rui Tavares, numa referência ao incidente na campanha do PS, no domingo, no qual um homem atirou um vaso de uma varanda contra o desfile socialista.

O dirigente falava aos jornalistas à margem de uma visita à cooperativa Artesanal Pesca, em Sesimbra, distrito de Setúbal, acompanhado pelo cabeça-de-lista, Paulo Muacho, círculo pelo qual o Livre almeja eleger e onde passará o nono dia de campanha. 

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Rui Tavares foi também questionado sobre um elemento do BE que disse nas redes sociais que se preparava para anular votos do Chega e da Aliança Democrática, o que foi condenado pelo partido e qualificado de “piada de mau gosto”.

O cabeça-de-lista por Lisboa do Livre defendeu que se aproveite “o sentido de humor para coisas que não gerem mal entendidos e que não possam dar a entender que de alguma forma aquilo que é sacrossanto nas eleições, a fidedignidade dos votos, esteja em causa”.

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Tavares pediu “uma grande dose de sentido cívico e de responsabilidade” na utilização das redes sociais, nomeadamente por parte de políticos, realçando que, em época de campanha eleitoral, “em que tudo é facilmente polarizado, todos somos de uma maneira ou de outra políticos”.

Interrogado sobre se teme uma radicalização da campanha, o deputado único do Livre alertou para o crescimento do discurso de ódio e as “consequências práticas” que este tem.

“O discurso de ódio, normalmente dos políticos que fazem o papel de aprendizes de feiticeiro, que querem ser como os Trumps, Bolsonaros e Órbans deste mundo, às vezes fazem-no com uma certa dose de irresponsabilidade, alguns, outros às vezes sabem perfeitamente que com isso estão a legitimar ações que outras pessoas estão a tomar por eles”, afirmou, numa referência ao Chega.

“Devemos fazer tudo por retirar potência ao discurso de ódio”, apelou.

Tavares foi ainda questionado sobre o facto de mais de 60% dos cidadãos em Portugal tenderem a não confiar na Assembleia da República, um valor acima da média europeia, que é de 56%, segundo um retrato da perceção sobre a política, divulgado hoje pela Pordata.

“Temos que construir confiança. E para construir confiança é preciso uma maneira de fazer a política que seja mais concreta, que tenha a ver com coisas que ajudam as pessoas”, avisou Rui Tavares, salientando que as pessoas “sentem muito quando a politica é muito artificial e não tem nada a ver com a vida comum delas”.

O partido visitou as instalações da Artesanal Pesca para defender uma das propostas do programa eleitoral que passa pelo apoio à criação e desenvolvimento de cooperativas e de empresas autogeridas pelos trabalhadores, “que garantam o desenvolvimento ecológico e sustentável, legislando o direito à autogestão previsto constitucionalmente”.

Carlos Macedo, administrador da Artesanal Pesca, explicou que esta cooperativa, formada em 1986 e que congrega cerca de 400 pescadores em embarcações associadas, é diferente por praticar pesca artesanal e um “comércio justo”, uma vez que comercializa diretamente o pescado capturado pelas embarcações associadas.

Tavares tentou puxar a brasa à sua sardinha e falar de ecologia e Europa, depois de o responsável ter referido que a cooperativa beneficiou de fundos comunitários, mas ouviu uma crítica à Comissão Europeia.

“Muitas das vezes o que acontece é que o estabelecimento de medidas a nível comunitário não leva em conta o que são as características de uma comunidade, de um tipo de pesca, e muitas das vezes somos prejudicados por isso. (…) O que fomos sentido é que a parte ambientalista acaba sempre por prevalecer e não há um equilíbrio de forças”, queixou-se Carlos Macedo.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

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