Coimbra

Licenciatura em enfermagem em Coimbra avança com inovador plano de estudos no próximo ano

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 22-07-2020

Os candidatos que, no próximo mês de agosto, escolherem o curso de licenciatura da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) para ingressarem no ensino superior público vão ter a oportunidade de estrear um novo plano de estudos – assim consigam colocação numa das vagas iniciais –, mais ajustado aos recentes desafios mundiais em matéria de cuidados de saúde e mais voltado para o trabalho na comunidade.

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O anterior plano de estudos do curso de licenciatura em enfermagem (CLE) da ESEnfC, que vigorava há 12 anos, foi totalmente revisto e atualizado para melhor poder fazer face às alterações verificadas na sociedade, como o aumento da esperança média de vida das populações, o maior número de doenças crónicas (exigindo o incremento dos cuidados domiciliários), ou as novas epidemias e pandemias, tantas vezes ligadas às alterações climáticas e à globalização.

Todos estes fatores «criam um quadro de necessidades diferente e desafiante, que a formação de enfermeiros tinha de acompanhar», afirma o professor Paulo Queirós, presidente do Conselho Técnico-Científico da ESEnfC e um dos impulsionadores da reforma agora concretizada.

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Também a diretora do CLE, Ananda Fernandes, considera que «os enfermeiros têm de estar preparados para trabalhar em novos contextos», com «a área dos cuidados domiciliários» a ter de «ser mais desenvolvida, quer no apoio aos doentes crónicos, qualquer que seja a sua idade, quer na assistência a pessoas com algum tipo de dependência no autocuidado e aos seus familiares».

Mas também a presença preventiva de profissionais de enfermagem em «ambientes onde até aqui não tem sido muito frequente», como  creches ou berçários – já não apenas em lares de idosos –, bem como na generalidade dos estabelecimentos educativos, remete para uma «mudança no esquema de pensamento dos futuros enfermeiros, que não pode ser o de se prepararem apenas para ir trabalhar numa instituição», mas que «tem de ser o de se prepararem para apoiar as pessoas no seu autocuidado e gerirem os cuidados de enfermagem no meio onde elas vivem», sustenta a professora Ananda Fernandes.

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Entre as grandes inovações deste plano de estudos, com início no ano letivo de 2020-2021, contam-se, por exemplo, o ensino clínico comunitário com enfoque em determinantes sociais de saúde, a prevenção de infeções ligadas aos cuidados de saúde, a enfermagem em cuidados paliativos, os modelos de gestão da doença crónica e a enfermagem em situação de emergência e catástrofe.

Mantendo-se o curso com uma grande componente de formação clínica em contexto de ação, os ensinos clínicos e estágios começam, agora, logo no primeiro ano curricular, visando «uma integração teórico-prática muito forte», avança o professor Paulo Queirós.

O novo plano de estudos do CLE da ESEnfC  «desenvolve-se com um conjunto de unidades curriculares no âmbito das ciências da saúde (anatomofisiologia, bioquímica-biofísica, microbiologia, nutrição e dietética e farmacologia), mas também no âmbito das ciências sociais e do comportamento, como seja socio-antropologia da saúde, psicologia da saúde e psicologia do desenvolvimento», ou ainda «disciplinas específicas das ciências de enfermagem, nos diversos ambientes e contextos, e disciplinas como pesquisa e organização do conhecimento, metodologias de investigação, entre muitas outras», explica o presidente do Conselho Técnico-Científico da ESEnfC.

O reforço da componente de práticas laboratoriais de enfermagem e «a utilização de simulação clínica em centros devidamente equipados, de forma a permitir um ingresso nos contextos clínicos reais com os estudantes melhor preparados, quer em técnicas de comunicação, quer em técnicas mais instrumentais, quer nas dimensões éticas e de segurança dos cuidados» foram, também, aspetos tidos em conta no novo plano de estudos da licenciatura.

A formação no âmbito da ética, com uma unidade curricular logo no primeiro ano (outra novidade), a ser consolidada mais tarde, no quarto e último ano do curso, também esteve presente nesta reforma curricular.

«Queremos formar profissionais de enfermagem tecnicamente fortes, cientificamente bem preparados e sob o ponto de vista ético bem capacitados para o juízo constante das suas ações», advoga Paulo Queirós.

De acordo com a diretora do CLE, Ananda Fernandes, «também neste novo enquadramento a investigação é um pilar essencial no percurso profissional dos futuros enfermeiros», que «desde a entrada no curso» da ESEnfC, têm «acesso à participação em equipas da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, para compreenderem a forma como o conhecimento de enfermagem é produzido e acompanharem o processo desde a sua produção até à sua utilização».

«Essa translação do conhecimento tem de ser acelerada e será melhorada se, desde o início, o estudante entender como se faz e para que serve a investigação», salienta a também diretora do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem sediado na ESEnfC.

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