Portugal

“João Mudo” viu Nossa Senhora e começou a falar. Recorde as primeiras aparições em Portugal

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 ano atrás em 13-05-2023

São muitas histórias. Outros acreditam, outros não, mas deixemos isso ao critério de cada um. Contam-se muitas histórias sobre aparições de Nossa Senhora e, muitas delas, em Portugal. A mais conhecida remonta a 1917, quando Nossa Senhora pede a Lúcia, Jacinta e Francisco que se desloquem àquele local, a Cova da Iria, todos os dias 13, por seis meses seguidos, à mesma hora e que rezem o Terço para que a 1ª Guerra Mundial acabe.

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Porém, há outros relatos sobre outras aparições e, mais antigas. Foi numa tarde quente de agosto de 1702, que o jovem João Alves, conhecido por “João Mudo”, levou o rebanho a pastar, no Monte do Castro de Balugães, no concelho de Barcelos, quando a Virgem lhe apareceu: “Diz ao teu pai que construa aqui uma ermida para culto à Mãe de Cristo”, disse a Virgem ao pastor, cujo alforge, onde já nem migalhas havia, ficou, instantaneamente, cheio de pão, conta o Correio da Manhã.

O rapaz correu para casa e contou ao pai o que viu. Sem reparar no milagre com que o filho tinha sido agraciado (nunca tinha dito uma palavra e falou), o progenitor não deu importância. Mas,  nessa mesma noite, o forno de casa, há dias vazio, ficou a abarrotar de pão. Nessa altura, o pai “percebeu que algo de sobrenatural estava a acontecer e avançou com a construção de uma pequena capela sobre o penedo em que Nossa Senhora se tinha mostrado ao jovem pastor”, pode ler-se.

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Reza a lenda que a Virgem lhe apareceu por duas vezes e onde lhe trazia uma mensagem sobre dois milagres: o facto de o alforge do pastor e o forno da família terem ficado repletos de pão e o de o jovem, mudo desde a nascença, ter começado a falar.

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“Não tenhas medo”, terá dito a voz meiga, vinda do alto. João saiu da gruta e deparou-se com aquela imagem. A segunda aparição ocorreu logo no dia seguinte. A Virgem disse ao pastor que as pessoas, a começar pelo pai, iriam acreditar nele. A fama destes acontecimentos espalhou-se rapidamente por toda a arquidiocese de Braga. Ao saber do acontecimento, o arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, deslocou-se à paróquia e inquiriu o vidente, o pai do vidente, assim como outros habitantes da aldeia. O que o convenceu foi o facto de o pastor, que toda a gente garantiu ser mudo de nascença, falar como se sempre assim tivesse acontecido.

“Estas foram as primeiras aparições de Nossa Senhora aprovadas pela Igreja em Portugal”, disse à ‘Domingo’ Alfredo Martins, membro da Confraria da Senhora da Aparecida de Balugães.

Já o presidente da Confraria recorda que este acontecimento de Barcelos terá inspirado o nome do maior santuário mariano do Brasil. “Repare que estávamos numa época de grande emigração para o Brasil e esta aparição ocorreu mais de duas décadas antes do achamento da Virgem Negra no rio Paraíba, em São Paulo”, lembrou João Dantas.

Só em Portugal terão ocorrido pelo menos 6 aparições de Nossa Senhora antes das da Cova da Iria. “As do Barral, em Ponte da Barca, em 1917, as mais antigas, do Fetal e da Ortiga, nos séculos 14 e 15, esta de Balugães, no início do século 18, e mais outras duas”, informa o CM.

As memórias paroquiais dão conta de uma aparição de Nossa Senhora na freguesia de Folhada, concelho de Marco de Canaveses. O símbolo é uma capelinha isolada, no alto do monte, dedicada a Nossa Senhora da Aparecida. “Toda a vida ouvi dizer que naquele penedo, sobre o qual foi construída a capela, Nossa Senhora apareceu a uma menina e lhe pediu para que lá fosse construída uma capela”, contou a zeladora Rosa Monteiro Ribeiro ao jornal.

De acordo com as memórias paroquiais, “três criaturas de idade menor de 12 anos (…), duas Marias e uma Teresa”, viram uma Senhora “brilhante e resplandecente”, que pediu que as pessoas “jejuassem a pão e água todas as sextas e sábados” e que, naquele lugar, fosse construída uma ermida e que lá colocassem “uma imagem da Senhora da Lapa e uma Cruz de pau, para veneração dos fiéis”. A paróquia de Folhada e a diocese do Porto não dão credibilidade ao caso. Mas esta aparição na serra da Aboboreira, no alto do Outeiro do Pereiro, aconteceu em 1757, 260 anos antes de Fátima e no dia 13 de maio. 

Situação diferente é a de Calvão, em Chaves. Conta a tradição popular que, naquele lugar, Nossa Senhora apareceu a 3 pastorinhos, ainda crianças, um rapaz e duas meninas, em 1833. “O que foi passando dos nossos antepassados é que as três crianças, Manuel, Maria Rosa e Teresa Fernanda, andavam aqui com as ovelhas e que Nossa Senhora lhes apareceu em cima do penedo da Veiga. Não se sabe se Ela disse alguma coisa. Não há nada escrito”, assegura José Gomes, membro da Comissão do Santuário ao Correio da Manhã.

As coincidências são notáveis. Nestas três aparições, a Virgem apareceu em cima de rochedos, a pastores e, pelo menos em dois dos casos, pediu para que fosse construída uma capela.

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