INEM critica Xavier Viegas e Sandra Felgueiras

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 10-12-2017

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) considera que o relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande, em junho, demonstra “menor conhecimento na área de Emergência Médica e desconhecimento de factos essenciais” na atuação daquela entidade.

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“O INEM não pode deixar de referir que muitos dos aspetos abordados no relatório ‘Complexo de Incêndios ocorridos em Pedrógão Grande e concelhos limítrofes, iniciados em 17/6’ refletem o menor conhecimento na área da Emergência Médica e o desconhecimento de factos essenciais da atuação do INEM”, refere aquela entidade num comunicado divulgado no sábado à noite.

Embora aponte críticas ao relatório sobre a tragédia, encomendado pelo Governo, o INEM “reconhece ao professor Domingos Xavier Viegas [líder da equipa da Universidade de Coimbra que elaborou o documento] grande competência no que concerne ao estudo dos incêndios florestais”.

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Em 17 de junho e durante vários dias, fogos florestais devastaram extensas áreas, sobretudo em Pedrógão Grande, provocando 65 vítimas mortais e mais de 200 feridos, além de elevados prejuízos materiais.

O relatório ‘O complexo de Incêndios de Pedrógão Grande e Concelhos Limítrofes, iniciado a 17 de junho de 2017’ foi elaborado pelo Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra.

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O INEM defende que “várias das considerações constantes do referido relatório, no que concerne ao socorro e à assistência médica às vítimas, revelam uma confusão evidente entre o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS, responsabilidade da Autoridade Nacional de Proteção Civil) e o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM, responsabilidade do INEM), incompreensíveis num relatório técnico que se pretende objetivo, rigoroso e cientificamente fundamentado”.

Recorda o INEM que “nem o Instituto nem os seus profissionais (que são profissionais de saúde), têm competência técnica para as missões de busca e salvamento de pessoas e, muito menos, para combater fogos florestais”.

“Compete-lhe, isso sim, a prestação, sempre em condições de absoluta segurança, de cuidados de emergência médica pré-hospitalares. Emergência médica e busca e salvamento são duas áreas completamente distintas, com características singulares e exigindo competências profissionais distintas”, lê-se no comunicado, divulgado na sequência de uma reportagem exibida no programa “Sexta às Nove” da RTP.

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 Segundo o INEM, o programa de Fátima Felgueiras endereçou-lhe algumas questões genéricas sobre a atuação do Instituto nos incêndios, embora não tenham sido colocadas quaisquer perguntas concretas sobre o acionamento de meios de emergência médica nas primeiras horas da tragédia, tema central desta peça jornalística.

O INEM considera que seria verdadeiramente desejável, para um trabalho jornalístico que se diz isento, ter tido oportunidade de clarificar com rigor a sua atuação, respondendo a situações concretas e não a perguntas genéricas como “a que se deveu a incapacidade para acionamento de meios?”, situação que o INEM, aliás, negou firmemente.

De acordo com o “Plano Operacional do INEM para apoio ao DECIF” em vigor, o INEM acompanha o evoluir do risco de incêndios florestais com base no nível do estado de alerta definido pela ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil), através da UPPEC (Unidade de Planeamento de Eventos de Risco, Protocolo de Estado e Gestão de Crises), do oficial de ligação do INEM ao Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS) e dos seus Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

Nos incêndios de Pedrógão, alega o INEM, as funções desempenhadas por aquela entidade “desenvolveram-se em dois grandes eixos: o primeiro na resposta às necessidades das populações atingidas pelos incêndios no que concerne à prestação de cuidados de emergência médica e apoio psicossocial; o segundo, para garantir a assistência médica aos operacionais envolvidos nos teatros de operações”.

Nessa altura, o INEM registou “um total de 254 assistências (198 Pedrógão Grande + 56 Góis – entre os quais sete feridos graves, uma criança, quatro bombeiros e dois civis); 87 evacuações para unidades de saúde; 800 assistências das Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência (UMIPE)”.

“Mais uma vez, porque é uma questão que algumas das pessoas ouvidas pelo “Sexta às 9” parecem desconhecer e a reportagem não esclarece”, o INEM relembra que atende as chamadas realizadas para o 112 – Número Europeu de Emergência, mas sim a Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana, nas Centrais de Emergência 112.

O INEM afirma que tem o registo e a gravação de todas as chamadas efetivamente recebidas nos CODU do INEM, e a resposta que foi dada pelo Instituto em cada ocorrência que, em diversas situações, consistiu na passagem de informação ao Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) sobre situações em que os contactantes informavam não existir feridos mas estarem cercados pelas chamas.

Foram 223 as chamadas recebidas no INEM entre as 17:49 e as 22:00 horas de dia 17 de junho de 2017, relacionadas exclusivamente com os incêndios dos concelhos de Pedrógão Grande, número bastante acima do normal e que, inevitavelmente, criou uma maior pressão na capacidade de atendimento, salienta o INEM.

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