O Programa Nacional das Raparigas nas STEM (acrónimo em inglês para Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática) tem um financiamento previsto de 13.250 mil euros para que até 2030 a percentagem de raparigas nestas áreas chegue aos 30%.
A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, que tem a pasta da igualdade, apresentou hoje publicamente o programa, enquadrada na Estratégia Digital Nacional, e que tem como objetivo demonstrar que “talento não tem género e que não há caminhos vedados a meninas e raparigas”.
Margarida Balseiro Lopes explicou que o programa hoje apresentado é a “fase um”, sendo mais focado na educação, e que posteriormente será apresentada a “fase dois”, com foco no mercado de trabalho.
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“Trata-se de 13.250 mil euros para esta fase um e tem como objetivo trazer maior igualdade para estas áreas”, adiantou, num evento que teve lugar na Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa.
De acordo com a governante, há quatro objetivos, desde logo diminuir a diferença no número de homens e mulheres matriculados nestas áreas, diminuir os obstáculos nas áreas das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e alinhar com outras iniciativas nacionais e europeias.
Adiantou que estão definidos três eixos, um primeiro virado para a educação, desde o pré-escolar até ao 12.º ano, outro eixo para o ensino superior, para atrair mais raparigas para as áreas STEM, reduzir a taxa de abandono e criar condições para que concluam os cursos com sucesso e encontrem empregos nestas áreas, e um terceiro eixo de mentoria, com recurso ao apoio de 31 embaixadoras.
Em declarações à agência Lusa, a ministra explicou que a parte da educação prevê “formar e capacitar professores para a desconstrução de estereótipos, para a promoção do interesse, da curiosidade, o mais precocemente possível, das meninas e raparigas nestas áreas”.
Segundo Margarida Balseiro Lopes, através do programa haverá um financiamento das escolas, mas também de organizações da sociedade civil, para desenvolverem iniciativas nestas áreas, desde formação de professores, ações nas escolas, aquisição de conteúdos ou de produtos que possam ajudar à dinamização de sessões sobre as áreas das engenharias, da matemática, da tecnologia.
Para o ensino superior e para a transição para o mercado de trabalho, haverá, segundo a ministra, uma rede de mentoras, para a qual está também prevista uma linha de financiamento, de modo a “apoiar raparigas que estejam em fase de transição de ciclos, como é o caso do 9.º para o 12.º para o ensino superior ou do ensino superior para o primeiro ano do mercado de trabalho”.
“De modo a que ou possam escolher cursos nestas áreas, ou para que se mantenham nestes cursos até ao final e depois optem por escolher profissões também ligadas a estas áreas”, adiantou, salientando que apenas cerca de uma em quatro mulheres trabalham em TIC.
“Estamos um bocadinho melhor do que estávamos em [20]23, mas continuamos a ter menos de 23% de mulheres a trabalhar nestas áreas. É verdade que estamos acima da média europeia, mas mesmo assim a média europeia é muito baixa. É por isso que nós, apesar de estarmos melhor, não significa que estejamos bem”, apontou.
Adiantou que o objetivo é colocar Portugal “no top, na liderança dos países, que a nível europeu são os países que têm maior equilíbrio, maior paridade e mais mulheres a trabalhar nestas áreas”.
De acordo com Margarida Balseiro Lopes, o objetivo é que o número de mulheres a trabalhar em STEM aumente para 30% até 2030, salientando que esta é uma forma de diminuir o fosso salarial entre homens e mulheres, uma vez que “estas são áreas de futuro” e “áreas que pagam muito bem”.
Acrescentou que o financiamento para o programa é para o total de cinco anos, com as verbas a serem asseguradas pelo programa Pessoas 2030, e que no final do primeiro ano será feita uma avaliação intercalar para apresentar os resultados obtidos.
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