O secretário de Estado da Proteção Civil apelou hoje aos condutores para que alterem comportamentos, avançando que o álcool, excesso de velocidade e distração na condução são os fatores que estão na origem da maioria da sinistralidade rodoviária.
“Há três fatores que continuam a estar na origem de grande parte da sinistralidade rodoviária: O consumo de álcool, o excesso de velocidade e a distração na condução”, disse Rui Rocha na apresentação da campanha de Natal e Ano Novo da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Como exemplos, indicou que conduzir com uma taxa de álcool acima do que é legalmente permitido duplica a probabilidade de ter um acidente, destacando que uma em cada quatro vítimas mortais tem mais do que a taxa legal (0,5 g/l) e três em quatro dessas vítimas mortais têm valores acima de 1,2 g/l (que é crime).
Rui Rocha deu também conta de que um terço das vítimas mortais conduzia em excesso de velocidade e o uso do telemóvel ao volante quadruplica a probabilidade de termos um acidente rodoviário.
“São, por isso, comportamentos evitáveis. São decisões individuais que têm consequências e que, infelizmente, continuam a custar vidas humanas”, frisou, sublinhando que “não se pode, nem se deve normalizar o número de vítimas anuais na estrada”.
O governante lembrou a tragédia com o elevador da Glória no dia 03 de setembro deste ano.
“Fomos confrontados com uma tragédia brutal na cidade de Lisboa. O descarregamento do elevador da Glória provocou a morte de 16 pessoas. O país, a Europa e o mundo ficaram chocados com aquilo que foi a perda de 16 vidas humanas. Dizer-vos que todos os meses nas estradas portuguesas morrem mais do que dois elevadores da Glória, e por isso, da mesma forma que ficámos chocados e consternados com esse dia 03 de setembro, também, enquanto cidadãos, devemos ficar chocados com estes números”, realçou.
O secretário de Estado destacou os números da sinistralidade deste ano, em que se regista um ligeiro decréscimo das vítimas mortais relativamente a 2024, mas com maior número de acidentes e também de feridos graves.
Dados provisórios da ANSR indicam que este ano ocorreram 140.118 acidentes rodoviárias nas estradas portuguesas, mais 4.375 do que no mesmo período do ano passado, que provocaram 423 mortos, menos 33, mas mais 40 feridos graves (2.681) e mais 450 feridos ligeiros (43.285).
“Este decréscimo, sendo positivo, está longe de ser suficiente. Não pode gerar complacência. Pelo contrário, deve reforçar a nossa determinação em aprofundar as medidas de prevenção, fiscalização, educação rodoviária e melhoria da segurança das infraestruturas. A atuação das forças de segurança é absolutamente central neste esforço”, afirmou, destacando a importância da campanha da ANSR hoje lançada para “a eliminação dos mortos e feridos graves nas estradas portuguesas”.
Segundo a ANSR, a campanha de segurança rodoviária “O melhor presente é estar presente” tem por objetivo de sensibilizar “todos os que circulam nas estradas e nas ruas para o risco acrescido nesta época festiva, em que as deslocações são mais frequentes e longas, apelando a que deem prioridade à vida e assegurem que todos chegam em segurança à ceia de Natal, aos encontros familiares e a casa”.
A campanha da ANSR é composta por dois vídeos e vai ser divulgada, a partir de hoje, na televisão, rádio nacional e local, jornais, rede multibanco, plataformas digitais e painéis LED nas estações de serviço, centrando-se este ano na vítima do acidente.
A ANSR aproveitou também a cerimónia para lançar o Observatório da Segurança Rodoviária, que inclui relatórios diários, mensais e anuais sobre a sinistralidade, bem como dados sobre as fiscalizações, inspeções e pontos negros nas estradas.
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