Carteira

Gelados mais caros este verão. O coco vai derreter a carteira

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 23-05-2025

Com a primavera a demorar a aquecer, os portugueses já começam a pensar em gelados para se refrescarem. Este ano, no entanto, a época vem acompanhada de uma surpresa nada doce: o preço do óleo de coco, ingrediente essencial na produção de muitos gelados, disparou e está a causar impacto no mercado alimentar e energético.

O óleo de coco tem vindo a subir nos mercados grossistas, atingindo valores próximos dos 2.700 dólares por tonelada. Esta escalada de preços deve-se a vários fatores interligados, que refletem uma crise global na oferta deste produto tão associado às zonas tropicais.

O principal responsável é o fenómeno meteorológico El Niño, que provocou condições extremamente adversas no sudeste asiático, a região onde se concentra a maior parte da produção mundial de óleo de coco — nomeadamente nas Filipinas, Indonésia e Índia. Estas regiões enfrentaram um clima seco e quente que prejudicou as plantações e as colheitas, que já demoram até 18 meses a recuperar, pelo que o impacto negativo continuará a sentir-se nos próximos anos, escreve a GreenVibe.

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Além da queda da oferta, há dois outros fatores que pressionam a procura: o crescimento do mercado dos biocombustíveis e a popularidade crescente do óleo de coco como produto de beleza e dieta, impulsionado pelas redes sociais. Assim, milhões de cocos foram desviados da indústria alimentar para o setor cosmético e energético, agravando a escassez e a subida dos preços.

Nas Filipinas, que são um dos maiores produtores mundiais, o governo tem aumentado a mistura obrigatória de óleo de coco no diesel para criar um combustível mais sustentável. A percentagem passou de 1% para 3% em 2024, com planos para atingir 5% em 2026. Este aumento significa que uma grande parte da produção anual de cocos é agora usada para combustível, reduzindo ainda mais a oferta para o consumo alimentar.

Esta situação criou um efeito dominó: o aumento dos custos do óleo de coco faz disparar o preço dos gelados que o utilizam, enquanto os fabricantes de biocombustíveis conseguem absorver os custos graças a subsídios governamentais, colocando as marcas alimentares numa posição difícil.

Assim, o simples prazer de um gelado num dia quente torna-se um reflexo das complexas tensões dos mercados globais, onde um ingrediente tradicionalmente tropical se transforma numa batalha entre indústrias e interesses tão distintos como a alimentação, a cosmética e a energia verde.

Para os consumidores, a consequência é clara: verão mais caro e menos gelados com óleo de coco. E para os condutores filipinos, a busca por combustíveis acessíveis é um desafio crescente.

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