Crimes

Freiras deixam lar juvenil após suspeitas de maus-tratos

Notícias de Coimbra com Lusa | 7 meses atrás em 09-10-2023

As quatro freiras da Congregação do Amor de Deus em missão num lar juvenil em Vila Viçosa, distrito de Évora, três delas indiciadas por crimes de maus-tratos, deixaram aquela instituição, revelou hoje fonte da Misericórdia local.

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A mesma fonte indicou à agência Lusa que as freiras saíram do Lar Juvenil Dona Amália Tenreiro Cordeiro Vinagre no final de setembro, depois de a congregação ter cessado o protocolo com a Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa, que gere o espaço.

Numa carta de agradecimento, assinada pela equipa sacerdotal e pastoral e divulgada pela Arquidiocese de Évora na sua página de Internet, a Congregação do Amor de Deus recordou que a sua presença em Vila Viçosa tem 76 anos.

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“Em 1947, chegaram a Vila Viçosa três irmãs da Congregação do Amor de Deus. Começaram por cuidar de 17 meninas pobres que estavam acolhidas no ‘Asilo’, seguindo o carisma que lhes foi deixado pelo fundador Padre Usera”, salienta.

Esta missão, sublinha a congregação, “nunca foi fácil em Vila Viçosa no lar da Santa Casa”, pois “bastava entrar e ver tantas crianças (bebés) e jovens ao cuidado de poucas irmãs”.

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Depois de enumerar os sacrifícios que as freiras fizeram ao longo do tempo no lar e tarefas que assumiram na Misericórdia e nas comunidades paroquiais, esta companhia religiosa anuncia que “chegou a hora de encerrar em Vila Viçosa a missão”.

“Faz mais barulho uma árvore que cai do que uma imensa floresta a crescer”, conclui.

Três das quatro freiras foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ), em setembro, para primeiro interrogatório judicial e, segundo o Ministério Público (MP), encontram-se “fortemente indiciadas” pela prática de seis crimes de maus-tratos.

Numa resposta a questões colocadas pela Lusa através de correio eletrónico, o MP indicou que as freiras foram detidas no dia em que 12 crianças do lar, com idades entre os 5 e 18 anos, foram inquiridas e antes de regressarem à instituição.

Após serem presentes a primeiro interrogatório judicial, foram aplicadas às arguidas as medidas de coação de obrigação de não permanecer no lar juvenil ou em espaços escolares ou residenciais onde se encontrem menores de 18 anos em caráter permanente.

Foi ainda aplicada a obrigação de não contactar, por qualquer meio, com crianças menores de 18 anos, testemunhas dos autos e funcionários do lar pertencente à Santa Casa de Misericórdia de Vila Viçosa.

A duas das arguidas, por se verificar perigo de fuga, foi ainda aplicada a medida de coação de obrigação de não se ausentarem para o estrangeiro sem autorização, tendo as mesmas entregue os passaportes, que se encontram à ordem dos autos.

Num comunicado então enviado à Lusa, a Arquidiocese de Évora confirmava as detenções e realçava que acompanha “o caso com atenção, prudência e cuidado”.

“A prioridade clara será sempre assegurar a proteção e segurança das crianças e jovens, ao mesmo tempo que se aguardam os cabais esclarecimentos sobre os factos”, lia-se no documento.

O jornal Correio da Manhã noticiou no dia 15 de setembro que a investigação deste caso decorria desde março, após queixa de um funcionário da instituição.

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