Carteira

Ficar sentado nos cafés pode começar a ser cobrado

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 14-05-2025

Imagem: Pexels

Na capital catalã, o simples ato de beber um café começa a vir com uma nova regra: o tempo custa dinheiro.

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No movimentado bairro da Barceloneta, um café tornou-se viral por aplicar uma política de preços baseada no tempo que cada cliente ocupa a mesa. O conceito é simples – e polémico: se passar mais de uma hora com a mesma chávena de café, terá de pagar 4 euros.

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No Caffè Perfetto, junto à praia e numa das zonas mais turísticas de Barcelona, o preço de um café no terraço começa nos acessíveis 1,30 euros. No entanto, esse valor sobe para 2,50 euros após 30 minutos e duplica para 4 euros se o cliente decidir prolongar a estadia além de uma hora, mesmo que não peça mais nada.

A decisão do proprietário, Massimo, não foi inocente: “Uma pessoa não pode ficar muito tempo sem consumir, senão o negócio não é rentável”, justificou ao Diario.es. O aviso foi colocado diretamente nas mesas para evitar surpresas e sensibilizar os clientes. A publicação com a imagem da tabela de preços correu as redes sociais espanholas e provocou um debate aceso: uns defendem a medida, comparando-a à lógica de um parque de estacionamento, outros apontam o dedo à descarada exploração turística.

Para Maria Moreno Albiol, moradora da zona e autora da publicação viral, esta é mais uma consequência da turistificação agressiva da cidade: “Costumava vir a este café, mas agora já não volto. É mais um espaço que deixou de ser acessível para os trabalhadores do bairro.”

A tendência alastra-se por outras cidades espanholas. Em Madrid, algumas cafetarias impõem limites de tempo para o uso de computadores portáteis, especialmente em zonas centrais. Em Lavapiés, por exemplo, o uso do portátil está limitado a duas horas nos dias úteis e proibido aos fins de semana.

A Organização de Consumidores e Utilizadores da Catalunha (OCU) confirma que estas práticas são legais, desde que devidamente anunciadas antes da permanência do cliente, pode ler-se no ZAP.

No fundo, trata-se de uma reação ao turismo de massas. Espanha bateu o recorde de turistas em 2024, com quase 94 milhões de visitantes. A pressão nos espaços públicos é enorme, e os negócios locais tentam adaptar-se como podem. “O trabalho remoto beneficia as empresas, mas os cafés também têm de sobreviver”, afirma o gerente de uma cafetaria madrilena.

Para uns é uma forma legítima de gestão do espaço. Para outros, um retrato da exclusão silenciosa que o turismo pode provocar. Seja como for, em cidades como Barcelona, o café pode já não ser o momento de pausa que todos conhecemos — mas sim uma corrida contra o tempo.

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