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Festa das Luzes: Comunidade Judaica de Coimbra celebra o Hanukah

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 15-12-2022

Coimbra vai ter sua primeira cerimónia de celebração pública do Hanukah, também conhecido como Festa das Luzes, com a presença de um candelabro de nove braços (hanukiah) até dia 25 de dezembro, na exposição “Judeus de Coimbra”, localizada no Pátio da Inquisição. A iniciativa vai contar com um momento simbólico para “acender as velas” do hanukiah já no próximo domingo, dia 18 de dezembro, pelas 16h45, com a presença do presidente da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, José Manuel Silva, e do presidente da Comunidade Judaica de Coimbra (CJC), David Abraham. 

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De forma a dar continuidade ao espírito de tolerância e de cidade aberta que pauta a atuação do atual Executivo, a CM de Coimbra vai associar-se à iniciativa da CJC para assinalar o “Natal Judaico”, com a presença de um candelabro de nove braços (hanukiah) até dia 25 de dezembro, na exposição “Judeus de Coimbra: Da tolerância à perseguição – Memórias e Materialidades”, localizada no Pátio da Inquisição.

De forma simbólica, o presidente da CM de Coimbra e o presidente da Comunidade Judaica de Coimbra vão acender a primeira vela do candelabro de nove braços, conhecido como hanukiah, para marcar o início do Hanukah, a Festa das Luzes, também denominado como “Natal Judaico”. José Manuel Silva e David Abraham juntam-se no próximo domingo, dia 18 de dezembro, a partir das 16h45, no espaço expositivo dedicado aos Judeus no Pátio da Inquisição, para este momento repleto de simbolismo. O hanukiah vai estar presente no espaço durante oito dias, sendo que a cada dia se acende uma vela (de forma remota), até que todas estejam acesas, marcando, assim, o término da celebração.

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O presidente da CM de Coimbra recorda que a cidade, que foi a primeira capital do Reino de Portugal, teve uma das primeiras comunidades judaicas do país, reconhecida e protegida pela coroa portuguesa, e que a organização de uma nova comunidade sefardita na cidade muito contribui para o “enriquecimento cultural de Coimbra”. “Volvidos quase 900 anos, de vicissitudes várias, desde o testemunho documental que atesta a presença de uma judiaria na cidade, foi com satisfação que recebemos a notícia de que uma nova comunidade seguidora da Lei Mosaica se instalou em Coimbra, contribuindo para a diversidade étnico-religiosa e espírito de tolerância que faz da cidade um verdadeiro ponto de encontro de crenças e povos oriundos das mais diversas partes do Mundo”, justifica José Manuel Silva. “A instalação de um hanukiah no coração da cidade, num local de profundo significado, seja exemplo desse espírito aberto e fraterno com que todos nos identificamos, numa época que simboliza paz, harmonia e reconciliação”, acrescenta o presidente da CM de Coimbra.

Como Hanukah, na sua origem, foi a vitória da restauração da cultura judaica, para o presidente da Comunidade Judaica de Coimbra, David Abraham, a importância desta festa é a não-assimilação do povo judeu ao longo de séculos, também em Portugal, que se mantiveram fiéis ao Judaísmo, apesar das cruéis perseguições. “A Comunidade Judaica de Coimbra nasceu para reconhecer a história das vítimas da Inquisição Portuguesa, que foram obrigadas a mudar de nome e de fé. Assim, a celebração pública do Hanukah neste espaço, o Pátio da Inquisição, ganha ainda mais relevância”, explica David Abraham. “O nosso desejo é funcionar como um ponto de resgate para quem sentir necessidade de se aproximar de seu passado e também construir um presente e um futuro de respeito e união”, acrescenta o presidente da CJC.

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Em hebraico, a palavra Hanukah significa “dedicação”, pois a festividade comemora a vitória da luz contra a escuridão, a preservação do espírito de Israel e a liberdade religiosa. 

O Hanukah é a celebração da luta pela não-assimilação e é sempre comemorado no dia 25 do mês de Kislev que, no calendário gregoriano deste ano, corresponde ao dia 18 de dezembro. Como é costume judaico, as celebrações têm início sempre antes do anoitecer.

O rei helenístico Antíoco IV Epifânio profanou o Segundo Templo em 167 a.C. e introduziu uma escultura do deus grego Zeus, proibindo os judeus de respeitar a sua fé, observar o Shabbat, estudar a Torá, entre outros.

No entanto, um grupo liderado por Judas Macabeu (com os seus cinco filhos e outras pessoas) lutou para preservar o Judaísmo e retomou o templo. Quando os Macabeus retomaram o templo, em 164 a.C., foi necessário purificá-lo, mas só tinham óleo para um dia. Houve o milagre divino e o óleo durou oito dias, sendo, assim, chamado de Festa das Luzes.

Por este motivo, a celebração dura oito dias e a cada dia acende-se uma vela, da esquerda para a direita, até que todas sejam acesas, marcando, assim, o término da celebração. O hanukiah é colocado num lugar visível nas casas e em locais públicos.

A Comunidade Judaica de Coimbra foi fundada em 2019. Os principais objetivos da CJC são o reconhecimento das memórias das vítimas da Inquisição Portuguesa, a renovação da vida religiosa judaica e a preservação da história e cultura judaicas em Coimbra.

A Comunidade Judaica de Coimbra é apoiada pelo Laboratório de Estudos Judaicos da Universidade de Lisboa. Descendente de vítimas da Inquisição, o diretor e fundador do Laboratório, António da Costa de Albuquerque de Sousa Lara, é também o Presidente de Honra da CJC.

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