Justiça

Ex-diretor do Museu da Presidência alega “cabala” para acabar com a carreira

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 08-10-2020

 O ex-diretor do Museu da Presidência da República, Diogo Gaspar, afirmou hoje que a acusação do processo ‘Operação Cavaleiro’, que lhe imputa a prática de 42 crimes, está assente numa “cabala”, considerando-a “injusta e improcedente”.

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Foto Público

“Facilmente se desmonta esta cabala para acabar comigo e com a minha carreira e com o museu da presidência”, disse o antigo diretor do Museu da Presidência, acrescentando: “Deixaram-me trabalhar, deram-me corda, depois ataram-me e atiraram-me ao rio. Os factos não correspondem à verdade, depois de um processo em que fui detido e exposto perante a comunidade. Essa foi a minha primeira condenação”.

Na primeira sessão do julgamento no Campus da Justiça, em Lisboa, o principal arguido do caso, que envolve mais três arguidos, revelou também que a denúncia anónima que esteve na origem da investigação foi assente na “inveja”, partindo de antigos colaboradores do Museu da Presidência da República.

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“Nunca vi no meu comportamento que houvesse algum desvio. O meu comportamento enquanto diretor do museu foi sempre legal”, notou, sem deixar de ressalvar: “Houve um conjunto de pessoas, pelas razões que elas saberão, que me prejudicaram neste processo, vilipendiando a minha vida pessoal e profissional. Grande parte foram pessoas a quem eu dei a mão: porque lhes dei trabalho, porque os ajudei no seu trabalho ou nos seus estudos”.

A manhã ficou também marcada por um diferendo entre o juiz Luís Ribeiro e o advogado de defesa de Diogo Gaspar, Raul Soares da Veiga. Depois de inicialmente se mostrar atencioso para com o arguido antes das declarações de abertura, o juiz começou a questionar repetidamente o ex-diretor do Museu da Presidência se estendia a tese da cabala à Polícia Judiciária, ao Ministério Público ou até à juíza de instrução.

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Ato contínuo, o presidente do coletivo de juízes interrompeu Diogo Gaspar, sublinhando que este devia começar por cingir-se aos factos da acusação e não os da contestação. O representante do arguido invocou que era “um direito inalienável” do arguido prestar “declarações da maneira que entender”, mas o requerimento viria a ser indeferido após uma pausa de cerca de dez minutos nos trabalhos.

Posteriormente, as declarações de Diogo Gaspar começaram a seguir os pontos constantes no despacho de acusação, incidindo no âmbito das funções e responsabilidades do arguido enquanto diretor do Museu da Presidência.

O processo ‘Operação Cavaleiro’ conta com quatro arguidos – Diogo Gaspar, José Dias, Paulo Duarte e Vítor Santos -, que respondem por 42 crimes, entre os quais abuso de poder, participação económica em negócio, tráfico de influências, falsificação de documentos, peculato e branqueamento de capitais.

A investigação, que ficou a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, teve início em abril de 2015, na sequência de uma denúncia anónima. Em junho de 2016, a PJ efetuou buscas e apreendeu em casa de Diogo Gaspar e de amigos alguns artefactos que pertenceriam ao Museu da Presidência, com o Tribunal de Instrução Criminal a decidir levar o caso a julgamento em 10 de julho de 2019.

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