Portugal

Como ajudar as crianças a celebrar o Dia do Pai sem pai?

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 17-03-2023

Nem todas as crianças têm um pai independentemente da situação em que se encontram. Com a aproximação do Dia do Pai e com a tradição de as crianças entregarem presentes nesse dia, pode ser difícil para os mais jovens gerir as emoções. 

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Neste caso, cabe aos adultos uma atenção redobrada com a criança para que esta possa expressar os seus sentimentos e pensamentos. 

Para a psicóloga clínica e fundadora e diretora clínica da Academia Transformar, Filipa Jardim da Silva há que explicar, desde de pequenos, que existem vários tipos de família, que não existem só as famílias com uma mãe, um pai e um filho, “dando ênfase à qualidade de afetos entre todos mais do que à sua configuração”. 

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A especialista explicou ao Notícias ao Minuto que “é importante também, desde cedo, que não se façam sentir estas crianças como estando em falta, como se houvesse algo de errado com a sua estrutura familiar porque não têm uma figura paterna, neste caso, seja porque motivo for”

Já Tânia Correia, psicóloga clínica, alerta para o sentimento de culpa muito comum nas crianças. “Nenhuma criança responsabiliza o pai ou a mãe por não estarem envolvidos na vida deles. Eles não pensam que o pai é negligente ou que a mãe é desinteressada. A criança acha sempre é que ela é que não foi suficientemente interessante para cativar os pais”, afirma. 

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Mas se umas conseguirão traduzir em palavras o que sentem, outras nem por isso. Aí, entram os comportamentos por norma “aparentemente menos ajustados”, que podem ocorrer neste dia. “Temos de nos questionar o que é que a criança tenta expressar pelos comportamentos e ir atrás das emoções”, explica. 

Quanto ao papel das escolas, estas deverão “ter o cuidado de explicar que existem vários desenhos de família e que o mais importante é que todas as crianças tenham adultos que as amam, as protegem e cuidam”, defende Filipa Jardim da Silva.

A profissional defende que possa ser dado a escolher a cada criança, para quem quererá dirigir aquela prenda elaborada no âmbito do Dia do Pai. “É importante que o foco seja colocado numa figura de referência à escolha da criança para quem se possa destinar uma prenda construída e até se possa convidar para participar em alguma atividade escolar, se for o caso”, afirma. 

“Poderá ser para uma Super Mãe, no caso de uma família monoparental ou homoparental, poderá ser para uma outra figura masculina de referência como um Padrinho, um Tio ou um Avô. Há é que envolver a criança, dando-lhe essa possibilidade de escolha e de expressão, sem julgamento nem crítica”.

A especialista Tânia Correia assevera porém, que a criança deve ter a opção de fazer ou não o presente e, mesmo quando o faz, ter a liberdade de não o oferecer a ninguém. “É preciso deixar a decisão do lado das crianças, porque para elas pode não ter o significado que achamos que terá. É preciso não colocar obrigações”, refere. 

A escola deve ainda “trabalhar as diferentes diversidades familiares”, lembrando ainda os casais homossexuais, e como estes temas devem ser discutidos com as crianças no âmbito escolar.

Por sugestão social a cultural, a criança tenderá a procurar uma figura masculina de substituição, mas o “mais importante é que seja a criança a escolher a quem entregar a lembrança”. 

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