Tribunais

Cocaína escondida em lulas: Arguido nega liderança de rede milionária

Notícias de Coimbra com Lusa | 19 minutos atrás em 10-12-2025

Imagem: depositphotos.com

Um arguido negou hoje, no Tribunal Judicial de Leiria, ter feito tráfico de droga e ser um dos líderes de um grupo que supostamente importou cocaína do Equador dissimulada em lulas congeladas e avaliada em 34,5 milhões de euros (ME).

“Não fiz tráfico de droga”, afirmou, ao coletivo de juízes, o arguido, de 60 anos, explicando, mais do que uma vez, que a sua ação neste caso se deveu à indicação de um inspetor da Polícia Judiciária (PJ), uma das testemunhas do processo.

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O arguido, que confirmou uma deslocação ao Equador, mas nunca ter estado perto de produto estupefaciente nem ter tido “qualquer ação do envio da droga de lá para cá”, garantiu ainda que apenas conhecia um dos arguidos, o suposto outro líder, e, quanto aos restantes, nunca teve “conhecimento da atuação deles”.

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À pergunta do presidente do tribunal coletivo sobre se o arguido, detido preventivamente, “mantém que fez tudo isto com indicação e colaboração da PJ”, aquele respondeu: “Exatamente, ele [inspetor da PJ] sabia de tudo isto com muita antecedência”.

Em julgamento estão uma sociedade e nove homens (sete dos quais em prisão preventiva), com idades entre os 27 e os 63 anos, aos quais está imputada a alegada prática em coautoria dos crimes de tráfico e outras atividades ilícitas agravado e um crime de associação criminosa.

Dois arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma e munições proibidas, enquanto outro também por falsificação de documento autêntico. Já a sociedade, de Torres Vedras (distrito de Lisboa), vai a julgamento pelo crime de tráfico estupefacientes agravado.

No despacho de acusação lê-se que, pelo menos desde fevereiro de 2024, os arguidos decidiram formar um grupo, liderado por dois deles, para se dedicar à compra e introdução de cocaína em Portugal.

A cocaína seria transportada por via marítima em contentores provenientes da América do Sul e, depois, por via terrestre, para outros países da Europa, que “adquiririam, por si ou por interpostas pessoas, a indivíduos de identidade e por preço não concretamente apurados”, para obterem “muito grandes vantagens económicas”, de acordo com o despacho do Ministério Público (MP).

A este grupo aderiram outros sete arguidos, sendo que a atividade era “executada por todos, em comunhão de esforços, divisão de tarefas e de acordo com as indicações dadas” pelos líderes do grupo.

O MP relatou que o grupo decidiu comprar cocaína proveniente do Equador “acondicionada e misturada em paletes contendo caixas de peixe congelado (lula congelada)”, que tinha como destino o armazém de uma empresa de Óbidos (Leiria).

Após a droga entrar em Portugal via porto de Lisboa e chegar ao armazém em Óbidos misturada em paletes contendo caixas de lulas congeladas, pelo menos sete dos suspeitos diligenciavam pela sua retirada, assim como pela sua posterior distribuição pelo país e Europa, “mais concretamente Países Baixos e com ligação à Turquia”.

Na sequência de exame pericial à cocaína apreendida, constatou-se que o peso líquido era na ordem dos 1.144 quilogramas, sendo que o valor desta cocaína ronda os 34,5 milhões de euros, “sem contar com possíveis cortes do produto, que, neste caso, duplicaria ou triplicaria o valor”, referiu o MP.

O julgamento prossegue esta tarde.

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