Saúde

Casais trocam rins em nome do amor “a mais de 2 mil quilómetros de distância”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 9 meses atrás em 11-08-2023

É uma história real sobre dois casais que não se conheceram, mas que trocaram de rins. Tudo aconteceu no hospital de Santo António, no Porto e no Opedale San Bortolo, na Itália. Sim, tudo se desenrolou a mais de 2 mil quilómetros de distância com duas equipas cirúrgicas distintas.

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Falamos de dois casais, ou seja quatro pessoas. Sílvia e Fabrizio retiraram um rim porque “queriam ser dadores dos seus companheiros, mas eram incompatíveis com eles, o que levou os serviços de saúde italiano e português a cooperarem em transplantes pela primeira vez”, avança o Expresso

Sílvia estava nervosa: “Doutora, só uma pergunta, eu posso ver o Vasco?” A médica vacilou, mas voltou com o marido da paciente para estarem juntos escassos minutos antes da operação. Foi há 1 ano que tomou a decisão de dar um rim ao companheiro. “Perante uma doença renal crónica que pôs em falência os dois rins de Vasco, o mais comum seria ele tornar-se uma das 1.800 pessoas à espera de um dador falecido”, refere a notícia.

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Mas Sílvia não quis que ele ficasse à espera, no entanto, a alternativa surge entre consultas: um transplante de um dador vivo. A filha mais velha do casal ofereceu-se para ser ela a dadora do pai. A mãe opôs-se e assumiu-o ela mesma. Mas perante uma incompatibilidade coube à equipa da Unidade de Transplante Renal do Centro Hospitalar e Universitário de Santo António encontrar um outro par compatível , o que não foi possível em Portugal.

É aqui que renasce a esperança. Fabrizio e Giulia apareceram assim, vindos de Vicenza, em Itália. Também eles são marido e mulher e também são incompatíveis. Fabrizio desejava ser o dador de Giulia, porém no final o órgão de Fabrizio virá para Portugal servir Vasco e o de Sílvia irá para Itália servir Giulia. 

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As equipas portuguesas e italianas estão prontas. Através de um grupo de WhatsApp, onde estão reunidos os profissionais, partirá a voz de comando. Mandam as regras que as cirurgias têm de começar milimetricamente ao mesmo tempo. “Como está isso por aí?”, pergunta em inglês um membro da equipa italiana. “Estamos prontos”, afirma a enfermeira. Os ponteiros marcam 8:45 e liga o cirurgião de Itália: “Go ahead [Comecem].”

Durante a operação, o rim foi colocado dentro de uma arca. Enquanto a equipa ultima a cirurgia, a enfermeira despede-se e desce ao estacionamento do hospital, onde já a espera um motorista que segue pela Estrada Nacional 107 rumo ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Pelo caminho, no telemóvel surge a notificação de que em Itália também já terminaram de operar Fabrizio.

É um responsável da Força Aérea quem em mãos o rim de Sílvia e o acondiciona na bagagem do avião. Pelas 13:19, aterrou o avião e o tripulante entregou o rim de Fabrizio e levou o de Sílvia. “E a dois mil quilómetros de distância, no momento em que o rim de Fabrizio chegava à sala operatória, Vasco estava já adormecido, inerte, acompanhado pela mesma equipa que operou a mulher horas antes”, conta o jornal.

Pouco depois das 18:00 a cirurgia estava “quase concluída e a correr lindamente”.

O Expresso frisa que “os nomes dos quatro envolvidos no transplante cruzado internacional são fictícios, para proteger a sua identidade”.

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