A Câmara de Coimbra disse hoje que descarta, “por agora”, um novo modelo de gestão para o Convento São Francisco, uma das promessas eleitorais do presidente do município e que tinha sido reafirmada já depois de tomar posse.
“Fica descartado, por agora, um novo modelo de gestão, embora se vá rever o regulamento do Convento São Francisco”, afirmou o município, em resposta a questões enviadas pela agência Lusa.
Na terça-feira, a Câmara de Coimbra anunciou que a antiga diretora regional da Cultura do Centro e ex-deputada do PSD, Celeste Amaro, vai assumir a partir de março a programação do Convento São Francisco, substituindo a arquiteta Isabel Worm.
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Em resposta à Lusa sobre se há um término definido para o tempo em que Celeste Amaro estará à frente do Convento e se esta é uma solução transitória, o município referiu apenas que o mandato de Celeste Amaro à frente daquele espaço não tem um “limite temporal pré-definido”.
A coligação Juntos Somos Coimbra, encabeçada por José Manuel Silva, obteve maioria absoluta na Câmara Municipal nas últimas autárquicas e apresentava no seu programa como uma das propostas “autonomizar a gestão e direção artística do Convento São Francisco”.
No anterior mandato, em que o executivo era liderado pelo PS, José Manuel Silva, enquanto vereador na oposição (pelo movimento Somos Coimbra), foi bastante crítico da forma como era gerido o Convento São Francisco, defendendo sempre um modelo de funcionamento autónomo.
Já depois de tomar posse e num dos primeiros atos públicos enquanto novo presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva garantiu, no final de outubro, que o novo modelo de gestão do Convento São Francisco ficaria definido durante o seu primeiro ano de mandato.
“Tem que ser possível [definir modelo de gestão do espaço] no primeiro ano de mandato”, disse José Manuel Silva, que respondia à agência Lusa no final de uma cerimónia em que foi atribuído o nome de Sala D. Afonso Henriques à Antiga Igreja do Convento São Francisco.
Aquele espaço cultural e centro de congressos inaugurado em 2016 contou com um investimento de 42 milhões de euros, tendo funcionado até ao momento sem uma estrutura autónoma de gestão e programação do Convento.
Celeste Amaro, que é funcionária dos quadros da Câmara de Coimbra, vai assumir a programação do Convento São Francisco a partir de 01 de março, substituindo a arquiteta Isabel Worm, que esteve naquelas funções desde dezembro de 2017.
Celeste Amaro foi a responsável da Direção Regional da Cultura do Centro (DRCC) entre 2011 e 2018, num percurso que não esteve isento de polémicas.
A antiga diretora integrou na DRCC o ex-diretor do Museu da Presidência, Diogo Gaspar, que está em julgamento a responder por 42 crimes na “Operação Cavaleiro”, e no último ano de mandato à frente da DRCC declarações suas levaram a vários pedidos de demissão por parte de agentes culturais.
Em março de 2018, numa visita a Leiria, Celeste Amaro disse que se tinha deslocado àquela cidade porque ali os agentes culturais não lhe pediam dinheiro.
Essas declarações motivaram uma petição pública assinada por realizadores, encenadores, atores, dramaturgos e produtores culturais que pediam a demissão de Celeste Amaro.
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