Cidade

Câmara de Coimbra acusada de marginalizar apoio a sem abrigo

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 17-01-2017

Jaime Ramos, líder da Fundação ADFP, acusa a Câmara Municipal de Coimbra, presidida por Manuel Machado de marginalizar a sua entidade e de recusar o apoio da Cruz Vermelha aos sem abrigo da cidade.

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Veja o comunicado de Jaime Ramos:

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Em Dezembro 2016 a Cruz Vermelha viu a sua admissão ser recusada no PISACC: Projecto de Intervenção com os sem-abrigo no concelho de Coimbra que funciona com apoio da Câmara Municipal e reúne na Casa Municipal da Protecção Civil. Em janeiro de 2017 foi a vez de a Fundação ADFP ser marginalizada.

A Fundação ADFP fiel ao seu objectivo de combater o sofrimento decidiu em 2016 iniciar um projecto vocacionado para o apoio as pessoas em situação de sem-abrigo.

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A ADFP criou condições para no primeiro trimestre de 2017 abrir a Casa da Dignidade, próxima do centro e da baixa de Coimbra, para ser a base do projecto “Sem-abrigo: zero”.

Acreditamos que sendo importante apoiar as pessoas sem-abrigo com comida e roupas importa criar condições para intervir a nível da saúde mental criando condições laborais, ocupacionais e habitacionais que retirem as pessoas das ruas.

Sentimos que sendo importante servir refeições às pessoas sem-abrigo este serviço terá uma maior dignidade se for prestada, não na rua, mas num refeitório com teto e condições de higiene.

Perante a vaga de frio todos imaginamos o risco em que estas pessoas sem-abrigo vivem. É lamentável que não se dê as mãos para se resolver esta chaga social. A Fundação ADFP, nesta vaga de frio, podia colaborar garantindo alojamento aos “sem-abrigo ” mas, inexplicavelmente é marginalizada. A Insensibilidade não pode continuar a gelar pessoas.

A Fundação ADFP pretende em Fevereiro abrir um refeitório social, próximo do Parque Verde da cidade, na Casa da Dignidade, para servir refeições a pessoas em situação de sem-abrigo o que romperá com a tradição do serviço de refeições na rua, ao frio e á chuva.

A “pobreza não é cor-de-rosa” é um slogan da Rede Europeia Anti pobreza em Portugal. Acrescentamos que a pobreza não pode ser transformada numa coutada de algumas pessoas ou organizações que marginalizam apoios e recusam ajuda no combate á pobreza. 

As pessoas “sem-abrigo” não são paisagem citadina ou mobiliário urbano propriedade de entidades que recusam alterar a situação.

Consideramos escandaloso que, sem justificação ou fundamentação, o PISACC recuse a colaboração da Cruz Vermelha e da Fundação ADFP no apoio às pessoas “sem-abrigo”.

A Fundação ADFP vai por escrito requerer a todas as entidades que participam no PISACC que esclareçam as razoes destes afastamentos. É importante saber se estas votações foram decisão de “técnicos”, interessados em manter o monopólio da atuação com as pessoas sem-abrigo, ou se correspondem á vontade das organizações que representam e neste caso, qual o fundamento que justifica.

No trabalho da solidariedade social, onde o trabalho em rede é importante, é no mínimo muito estranho que, sem justificação, duas entidades sejam marginalizadas.

A Câmara Municipal de Coimbra, entidade que suporta a logística do PISACC e garante pagamentos das refeições, deve publicamente esclarecer esta situação estranha de saneamento de instituições com reconhecido trabalho na área social como é o caso da Cruz Vermelha e da Fundação ADFP. A Cruz Vermelha, a Fundação ADFP e as pessoas de Coimbra devem ser informadas pela Câmara Municipal da razão da recusa destas colaborações que prejudicam pessoas que vivem em condições de miséria extrema.

Independentemente deste saneamento a Fundação ADFP pretende abrir brevemente o seu refeitório social na Casa da Dignidade em Coimbra.

A Fundação ADFP representou-se perante o PISACC com dois voluntários com grande qualidade técnica e conhecimento desta problemática, a Doutora Sónia Mairos, professora na Universidade de Coimbra, o Dr. Pedro Machado e a coordenadora Dra. Patrícia Fernandes.

A qualidade académica, teórica e técnica, bem como a experiência destas pessoas torna ainda mais estranha a decisão do PISACC de afastar esta equipa de trabalhar com as pessoas sem-abrigo.

A Fundação ADFP sabe que o seu Projecto Sem Abrigo Zero (em que a intenção não é eternizar as pessoas na rua mas sim trabalhar para que seja possível a sua inclusão social e integração laboral) terá mais sucesso se contar com o apoio de outras organizações.

Será lamentável que as organizações não percebam esta necessidade de trabalho em conjunto, sem egoísmos ou divisões absurdas, excepto se estiverem interessadas em manter as pessoas nesta situação de miséria extrema.

Coimbra, pela sua dimensão, tem a obrigação de ser um exemplo nacional de trabalho solidário no combate á pobreza enfrentando com coragem e inovação a situação dos “sem-abrigo “. Há recursos na Segurança Social, IEFP, Saúde e Câmara Municipal que o permite concretizar desde que se trabalhe em conjunto e sem desperdícios e ineficiência. Coimbra pode realizar o projecto “Sem-abrigo Zero ” e dar uma lição de trabalho social ao País. É preciso ambição e menos egoísmo institucional.

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