Opinião

Boa ventura traz travessura

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 1 mês atrás em 16-03-2024

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De ventura em popa, mandei colocar o bote à porta de casa, pronto a escafeder-me para alguma ilha, sem que o Zarco me apanhe. Ando desconfiado desta malta, que corre, aventurada, com pressa.

No ano passado, quando o Ministério deitou abaixo os influenciadores, os emigrantes portugueses enviaram mais de 3,6 mil milhões de euros em remessas para as famílias em Portugal. Muito mais que a média desde o início deste século, só os fogos é que continuam ardendo, mas a mediana baixa.

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Ora voltando às eleições, o dito sufrágio, vejo que a pressa do Magistrado é tanta que nem espera que os votos da diáspora, que tem conselho de comunidades e secretaria de Estado, sejam contados Este desrespeito num país que virou cabotino é bom exemplo do polé com que lavam as mãos da grei trabalhadora. Soltem a carbonária e vamos.

Com a minha saúde mental fora de controlo e sorumbático pelo congeminado nos idos de Novembro, volto aos nossos sonhadores, que teimam em não assinar declaração de intenções. Independentemente do tempo que ainda temos de correr, e do que ontem aconteceu nos Açores, não há dúvidas que fomos ludibriados, arrastados para jornada difícil. Porém, avisa o contramestre, não seremos derrotados pelo mundo real.

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O mundo é de ventura, não fosse a travessura e era plena a boa ventura. Esta sim, uma inquietação wokista, um bunker onde se destila ideologia de género e se propaga machismo. E todos calados, por enquanto, que mal acabem de avaliar as suspeitas do Costa, irão indagar do remanescente. Há nisto tudo um ponto fraco, definitivamente sombrio, num território já percorrido. Há mais de meia centúria.

Estamos atolados, encalhados, vergastados pelo maquiavélico vizinho dos pastéis e nem ouve preocupações nem sofre pressões. Está feliz, o amigo do doutor Nuno voltou a juntar a famílias e, talvez passados estes sete dias, haja perda e arrependimento, mas toca a flauta e o povo, engalanado pelo atavismo, segue alegre.

Somos, assim, longamente levados para época medieval e ainda bem que os cofres estão cheios e que conseguimos emprestar 100 milhões para comprar munição de artilharia para o Leste. Se a ventura prosseguir, teremos hotel para insetos, já a mobilidade espera até 2026, que precisámos de ir ao lado de lá da Península comprar receita para esconder os carris do metro, metro? E assim usufruir do Mondego, onde o meu barco haverá de navegar. Sem âncora, que não é para todos vós.

É uma vivência única da cidade, mais tranquila, agora que a comissão independente confirmou o óbvio. Tal como nas autarquias e no governo, há “padrões de conduta de abuso de poder e assédio, por parte de pessoas em posições hierarquicamente superiores”.

Nada de novo, neste Portugal dos Pequeninos. Melhor só encher chouriços, mas isso é amanhã em Barrelas e o comboio ainda não sobe a Alta. Sobra a Beira e esse berço do wokismo, uma boa ventura que nos calhou em sortes rilhar nos dentes do cinismo. E bem aventurados os cruzados da fé.

Não sejamos severos, quarta-feira contam-se os votos da diáspora e teremos tempo para promover uma reflexão social e cultural.

Mais a cultural, em semana de greve de jornalistas, que o país não topa logro nem emergências, e tantos querem calar as matracas dos que contam a verdade sem atirar pedras. Já alguns, gastando do estipendio público, combatem a liberdade de imprensa em processos cíveis, que é para gastar dinheiro e perder. Não mata, mas amolenta, diria o outro, que reclama pacto de regime para defender o jornalismo.

Mais nozes que vozes, muita parra a e pouca uva, tal como no mando, muito silêncio e nenhuma ação.

Ousadia é o que não falta nestas edições prévias, o tridente está aguçado, mas eles, zangam-se de dia para acasalarem na longa noite. De cristal, preferencialmente. O dissolvente é bom, o incumbente não se conhece, vamos tê-los no Conselho do Estado, que ninguém quis ouvir e no outro, no do Ministério. E assim ficamos, um milhão e tal de nós não gostam de emigrantes, querem prisão perpétua e ladrão para a cadeia, sem julgamento. O que é insidioso é o regresso da delação premiada, a república volta a ser de bufos e tudo isto em clima descontraído e generoso, sai dinheiro para polícias, médicos, professores e, tudo na rifa, um aeroporto. Agora é que é, é acompanhar e perceber a toada de convergência obrigatória, antes e depois do 10 de Março que, nem a propósito, me deu rico almoço no Paço dos Cunhas. E eles estão de volta. E quando saem de tempos sombrios ou difíceis, há sempre um elemento de esperança.

Nada que a sociologia não apalpe, perdão, explique.

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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