Uma biblioteca itinerante vai percorrer o interior do país para combater o isolamento e o acesso limitado aos livros, até ao final de maio, na qual serão lidas e oferecidas histórias às crianças e aos idosos.
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A iniciativa intitulada “Viagem ao Interior” é do jornalista e escritor João Ferreira Oliveira e vai arrancar na quinta-feira.
Em declarações à agência Lusa, João Ferreira Oliveira explicou que o projeto – baseado nas bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian – surge para “ajudar a combater o isolamento e algumas assimetrias existentes no país”.
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“Nós sabemos que o país tem enormes assimetrias e eu acho que o interior e a relação de todas das pessoas – e neste caso sobretudo as crianças – com a literatura e o acesso ao livro é uma delas. No interior há muito poucas bibliotecas, quase não há livrarias e a base deste projeto – a missão – é no fundo essa: ajudar a combater estas assimetrias e facilitar um bocadinho o acesso ao livro e a literatura”, realçou o jornalista.
O autor dos livros infantis A Origem das Espécies Reinventada (2011), A Estranha História do Príncipe que Inventou o Abecedário (2012) e Diário das Coisas Impossíveis (2014), adiantou que a sua viagem será feita pelas Aldeias do Xisto (Castelo Branco e Coimbra), Rota da Terra Fria (Trás-os-Montes), interior do Alentejo e interior do Algarve.
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“Eu vou ler às crianças, mas não só, porque estes sítios também são sítios […], até pela geografia e localização, […] em que há muito poucas crianças e muitas pessoas mais velhas, pessoas idosas, e eu também vou sobretudo ao encontro das crianças, vou às escolas, mas também vou tentar ir ao encontro das pessoas mais velhas e ler-lhes uma história, se elas quiserem, conversar com elas sobre os livros e sobre outras coisas”, sustentou.
De acordo com João Ferreira Oliveira, o objetivo da rota literária é levar a carrinha cheia de livros para oferecer.
“Ainda não sei quantos livros são, se são 500 se são 600. Estou a recolher ainda os livros e o objetivo não é fazer negócio, não é vender, mas, sim, dar. Eu vou lendo as histórias às crianças e se as crianças me pedirem o livro, eu dou o livro, ou mesmo que não peçam eu dou o livro. Vou deixar livros em algumas escolas. Por isso, o objetivo é, de alguma forma, ir com a carrinha cheia e regressar com ela vazia”, adiantou.
Questionado sobre a importância da pandemia na sua decisão, o escritor considerou ser o momento certo para se fazer à estrada, porque o “isolamento acentuou-se” no último ano.
“Não sei se esta iniciativa teria existido sem a pandemia, porque nós ficamos todos um bocadinho isolados. Mas eu acho que estas crianças, estas pessoas do interior, ficaram ainda mais isoladas e neste caso ainda com menos acesso ao livro e à literatura”, apontou, lembrando que muitas “bibliotecas itinerantes deixaram de sair para a estrada”.
Durante um mês, João Ferreira Oliveira, além de ler e distribuir livros, vai ainda fazer uma série de quatro reportagens, a serem publicadas no suplemento do jornal Público Fugas, e realizará um documentário pelas quatro rotas definidas.
“Foi preciso conseguir apoios para montar esta estrutura, porque vou levar uma equipa comigo de dois videógrafos, dois câmaras… […] Desde a carrinha até ao alojamento, as deslocações a produção, a equipa, acaba por ser uma estrutura pesada e que não se faria sem apoio”, enumerou, assegurando que tem o objetivo de que a série documental da viagem passe num canal de televisão, lembrando que ainda não tem “um sítio específico” para a emitir.
O documentário terá quatro episódios.
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