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Banca emprestava bois a quem não tinha cabritos

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 26-02-2014

O presidente da Associação Portuguesa de Direito de Consumo (APDC), Mário Frota, realçou hoje a importância da Rede de Apoio ao Consumidor Endividado (RACE) na ajuda às pessoas afetadas por “uma política desastrosa das instituições financeiras”.

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Em dezembro, a associação liderada por Mário Frota, com sede em Coimbra, passou a integrar a RACE, dando o seu contributo “para que as pessoas não se sintam desamparadas em momentos particularmente difíceis da sua vida”, disse o professor universitário à agência Lusa.

Mário Frota criticou as instituições financeiras que, “desrespeitando as regras, fizeram com que as famílias se precipitassem nesta situação de desvario, que leva muitas vezes as pessoas inclusivamente ao suicídio, e de destruição da sua célula familiar”, por não terem rendimentos suficientes para pagarem as dívidas contraídas.

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“O importante, sobretudo neste momento de crise, é evitar que se agudizem os problemas no seio das famílias, que, em situação de fragilidade económica, não sabem quantas vezes como dirigir os seus passos para ultrapassarem uma situação delicada que exige cuidados especiais”, adiantou.

Mário Frota disse que o novo Gabinete de Apoio ao Consumidor Endividado, da responsabilidade da APDC, abrange para já o distrito de Coimbra e poderá, “numa segunda fase”, prestar serviço nos distritos de Viseu, Guarda e Leiria.

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Importa, na sua opinião, “regressar ao velho paradigma africano segundo o qual só se empresta um cabrito a quem tem um boi”.

Nos países da Europa e nos Estados Unidos, entre outros do Ocidente, “passou a emprestar-se um boi a quem nem sequer um projeto de cabrito tinha”, ironizou.

Mário Frota rejeitou o “crédito selvagem” fomentado, sobretudo antes de 2008, por “uma política desastrosa das instituições financeiras”.

O novo gabinete da APDC e os congéneres, financiados pelo Fundo do Consumidor, da Direção-Geral do Consumidor, “visam aconselhar as famílias, dar-lhe orientação e exigir eventual responsabilidade, se for caso disso, das instituições financeiras”, segundo Mário Frota.

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