Política

Ataque com tinta a Montenegro e recusa a referendo ao aborto dominam o dia de campanha

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 meses atrás em 28-02-2024

Um ataque com tinta verde por um ativista climático ao presidente do PSD e a recusa dos líderes partidários a um novo referendo ao aborto marcaram o quarto dia de campanha para as eleições de março.

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O incidente aconteceu hoje de manhã à entrada da Bolsa de Turismo de Lisboa, quando o líder da Aliança Democrática (AD) se preparava para iniciar a primeira ação de campanha do dia e foi atingido com tinta verde atirada por um ativista, um ataque que foi reivindicado pouco depois pelo movimento Fim ao Fóssil.

O ativista foi detido pela PSP e outros quatro foram identificados, com Luís Montenegro a anunciar que ainda hoje seria formalizada a queixa junto das autoridades e a agradecer as manifestações de solidariedade que recebeu.

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Esta situação, que mereceu o repúdio generalizado e imediato dos restantes candidatos, levou mesmo o primeiro-ministro, António Costa, a dar instruções para que a PSP disponibilizasse segurança pessoal aos líderes dos partidos com assento parlamentar que o pretendam.

Já a nível político, o quarto dia de campanha ficou marcado pelas declarações do vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, num debate promovido pela Federação Portuguesa pela Vida, onde se manifestou a favor de um novo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG).

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“Devemos ter a capacidade de tomar iniciativas no sentido de limitar o acesso ao aborto e logo que seja possível procurar convocar um novo referendo no sentido de inverter esta lei que é uma lei profundamente iníqua”, afirmou o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e candidato pela AD às legislativas antecipadas de 10 de março.

A esta posição de Paulo Núncio, Luís Montenegro respondeu que a AD não vai mexer na lei do aborto na próxima legislatura, considerando que este é um “assunto que está absolutamente arrumado”, enquanto o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, afirmou que o assunto não consta do acordo de coligação.

O tema foi também aproveitado pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, para acusar a AD de pretender “voltar ao passado” na criminalização do aborto, um assunto que disse estar “resolvido na sociedade portuguesa” desde que foi referendado, em 2007.

As declarações de Paulo Núncio mereceram a discordância de vários líderes, com André Ventura, presidente do Chega, a garantir que, enquanto for presidente do partido, não se deve voltar “à criminalização do aborto”.

O presidente da IL, Rui Rocha, considerou que o atual quadro legal “é adequado” e que o seu partido não está disponível para acordos que envolvam qualquer retrocesso nesta matéria e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou a direita de “andar para trás”.

Já porta-voz do Livre, Rui Tavares, lamentou que a direita pretenda reabrir debates na sociedade que estão encerrados e a líder do PAN, Inês Sousa Real, salientou que as declarações de Paulo Núncio demonstram que votar na AD “é um voto contra os direitos das mulheres”.

Ao quarto dia de campanha, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a Bolsa de Turismo de Lisboa, pouco depois do incidente com Luís Montenegro, onde anunciou que vai votar antecipadamente no próximo domingo, pela primeira vez, por considerar que é um estímulo contra a abstenção e também porque, após quatro meses e meio de pré-campanha, sente-se esclarecido.

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