Região

Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrõgão Grande pede virar de página

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 14-06-2022

 Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) assinala na sexta-feira cinco anos sobre os fogos naquele concelho com uma homenagem à equipa da saúde mental, entre outras iniciativas, e pede que 2022 seja um virar de página.

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“Pretendemos que haja uma viragem de página, que viver neste Interior não seja sinónimo de coisas menos boas, que também seja sinónimo de outros projetos, de outras ambições”, afirmou à agência Lusa a presidente da AVIPG, Dina Duarte.

Em 17 de junho de 2017, os incêndios de Pedrógão Grande, que atingiram outros concelhos, sobretudo Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria, provocaram 66 mortos e 253 feridos.

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O processo para determinar eventuais responsabilidades criminais nestes incêndios tem leitura do acórdão marcada para 13 de setembro. Em causa estão crimes de homicídio por negligência e ofensa à integridade física por negligência, alguns dos quais graves, num processo em que o Ministério Público contabilizou 63 mortos e 44 feridos quiseram procedimento criminal.

Dina Duarte considerou que 2022 é “um virar de página”, porque a justiça está em curso, e disse esperar que “até ao final deste ano as coisas fiquem estabilizadas, que a justiça seja feita”.

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Questionada sobre o que associação entende que seria justiça, a dirigente explicou: “Haver culpados, não sabemos se haverá. (…) Só esperamos que a justiça traga futuro no sentido de que se tenha aprendido com todos os erros que se cometeram” naquele ano, incluindo os incêndios em outubro, na região Centro, que provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos.

“Pretendemos que no futuro as pessoas considerem que a justiça é uma forma de alterar procedimentos e melhorar todo um conjunto de circunstâncias, para que as hierarquias que existem subjacentes ao socorro, à proteção civil, ao combate, sejam mais céleres e que não sejam tão burocratizadas. E o conhecimento do terreno seja de quem faz o delinear de uma estratégia, quer para combate, quer para socorro”, adiantou.

A responsável disse desejar que, “acima de tudo, se aprenda com aquilo que não correu tão bem e que não voltem a morrer pessoas”.

Dina Duarte esclareceu que este virar de página inclui a mudança do nome da associação, num desafio que vai ser lançado às crianças e jovens das escolas destes concelhos, e ressalvou que a missão da AVIPG se mantém: “Promover tudo o que é necessário para que o território seja mais resiliente”, declarou.

À pergunta do que mais precisam estes territórios, Dina Duarte respondeu “povoação”, o que se alcança com políticas de incremento e investimentos, defendeu, apelando a quem tenha propriedades no Interior, mas que não queira regressar, que as coloquem à venda.

“Precisamos das casas habitadas, que haja aqui um rejuvenescimento por via de uma ocupação dos espaços que já estão abandonados há tanto tempo. E se nós lutarmos por isso, as nossas aldeias, os espaços junto às aldeias, serão mais cuidados e a nossa floresta será diferente”, sustentou.

Castanheira de Pera (-16,7%), Figueiró dos Vinhos (-14,4%) e Pedrógão Grande (-13,4%) estão entre os quatro concelhos do distrito de Leiria que perderam mais população, em termos percentuais, entre 2011 e 2021, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística.

A presidente da AVIPG salientou que o “virar de página” é “sobre todos os aspetos” e admitiu esperar que o Governo cumpra também a sua promessa, não só do memorial às vítimas dos incêndios, que deverá estar concluído em outubro, “mas, acima de tudo”, que “venham outros milhões para o território, para fazer a diferença”.

O programa que assinala o 5.º aniversário da tragédia de Pedrógão Grande começa às 10:00, na sede da AVIPG, na Figueira, freguesia da Graça, por onde passa a “Volta da Memória” em bicicleta, uma iniciativa que se repete por parte de um habitante de Figueiró dos Vinhos e que passa pelos três concelhos, num total de 66 quilómetros, um por cada vítima mortal.

À tarde, às 14:30, são 66 os segundos em silêncio, seguindo-se a homenagem à equipa da saúde mental comunitária/domiciliária Leiria Norte do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

“Desde que ocorreu o 17 de junho que nos tem sido dado sempre apoio. É uma equipa que não pode deixar de existir no território como existe e, obviamente, que é também um ‘forcing’ para que não nos tirem este tipo de apoio que é fundamental para o equilíbrio de uma comunidade”, referiu.

Depois, em Castanheira de Pera, às 17:00, na Igreja Matriz, é celebrada uma missa pelas vítimas dos incêndios, seguindo-se, às 18:30, um concerto, com repetição no sábado, com a participação dos artistas internacionais Thi-mai Nguyen, Aveline Monnoyer, Julien Brocal, Astrig Siranossian e Elsa de Lacerda. A entrada é gratuita.

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