Justiça

Arguido nega no Tribunal de Coimbra ter ficado com 90 mil euros de condomínios

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 meses atrás em 15-03-2024

 O antigo dono de uma empresa de administração de condomínios negou hoje, no Tribunal de Coimbra, que se tenha apropriado de quase 90 mil euros dos clientes.

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“Ao longo da minha vida, desde que comecei a trabalhar, aos 14 anos, nunca subtraí um cêntimo ou um escudo seja de quem for”, afirmou o arguido, no início do julgamento.

O antigo gerente, de 70 anos, residente em Coimbra, está acusado da prática de vários crimes de abuso de confiança, entre 2016 e 2018, ano em que vendeu a um comprador as suas quotas na sociedade Proposta Comum, vindo depois a ser responsabilizado em termos criminais por alegadamente ter ficado com cerca de 88 mil euros.

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O ex-empresário alegou que “houve um acerto de contas”, incluindo no contexto da venda da sociedade, o que foi questionado pelo presidente do coletivo de juízes.

“Não há aqui acerto de contas nenhum”, contrariou o juiz, enquanto o homem tentava explicar ter sido “essa a forma” que encontrou para colmatar, antes de 2018, dívidas de alguns condóminos que iam surgindo.

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Na sua opinião, admitiu, “o que aconteceu foi efetivamente muito mau”, já que “alguns condomínios ficaram prejudicados e outros beneficiados”.

Em diversas situações, “houve sempre imensa dificuldade em fazer boa cobrança”.

“Mas jamais me apropriei de qualquer valor”, declarou, para argumentar que, em geral, as contas dos condomínios com os quais trabalhava foram “sempre aprovadas” pelas assembleias gerais, tal como as respetivas atas.

“Eu não deveria ter transferido o dinheiro de uns condomínios para outros”, lamentou, recordando que dirigiu a Proposta Comum, em Coimbra, durante vários anos.

“Nunca fiquei em proveito próprio com qualquer dinheiro dos condomínios”, enfatizou, para insistir que, geralmente, “as coisas iam-se arrastando até haver boa cobrança”.

Também com o objetivo de “acertar as contas”, deveria ter arrecadado 50 mil euros pela venda da empresa, em 2018.

“Mas recebi menos”, disse.

Noutra resposta ao juiz presidente, declarou que “era tudo normal”, desde que a empresa “continuasse a laborar”, pois havia a expectativa, como era habitual, de esta reaver o dinheiro em falta dos condomínios.

“O senhor serve-se de dinheiro que não é seu para fazer um negócio que é seu”, contrapôs o magistrado.

O ex-empresário, que disse ter vendido a empresa por razões de saúde, contou que nunca teve antes problemas com a metodologia adotada na gestão, já que, sublinhou, “as situações eram resolvidas pelos condóminos” em falta ao fim de algum tempo.

“Hoje, reconheço que não o devia ter feito, mas fiz sempre isso durante 23 anos”, recordou.

Chegou a administrar assim milhares de condomínios, embora tenha admitido que aquela solução “não era colocada nas assembleias” dos condomínios, nem por si mesmo, nem pelos condóminos.

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