Coimbra

Ansião: Sindicato acusa Leca Portugal de substituir grevistas mas empresa nega

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 10-12-2020

O Sindicato da Cerâmica e Construção do Centro acusou hoje a Leca Portugal, no concelho de Ansião, de substituir trabalhadores em greve por outros, presumível ilegalidade que prometeu comunicar à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

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O dirigente sindical Luís Almeida disse à agência Lusa que, durante a última noite, a Leca Portugal, que produz argila expandida, no Avelar, naquele município do distrito de Leiria, “substituiu ilegalmente três trabalhadores do primeiro turno” que fizeram greve.

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A administração da Leca Internacional, que integra a multinacional francesa Saint-Gobain, negou essa acusação.

“A empresa não substituiu qualquer trabalhador grevista. Preocupou-se apenas em manter a segurança das instalações, dos seus trabalhadores e dos equipamentos”, afirmou, numa resposta escrita a questões da Lusa.

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A greve, que decorre hoje das 00:00 até às 24:00, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos, Construção, Madeiras, Mármores e Similares da Região Centro para reclamar “aumento de salários” e “fim da descriminação entre trabalhadores que trabalham em laboração contínua”.

A empresa assegurou que “inexiste qualquer discriminação entre trabalhadores” e que paga salários e “concede condições muito acima da média”.

“Fazendo fé em informações recebidas da associação patronal de que a Leca Portugal faz parte [Associação Portuguesa das Indústria de Cerâmica e de Cristalaria, APICER, com sede em Coimbra], o sindicato deixou caducar a convenção coletiva de trabalho oportunamente celebrada, tendo dado origem a que aos seus filiados fosse aplicada a lei geral”, adiantou.

A portaria de extensão da convenção coletiva de trabalho (CCT), “negociada entre a APICER e outro sindicato, exclui a sua aplicabilidade aos trabalhadores filiados no sindicato que promoveu esta greve”, segundo a Leca Portugal, que se declara “alheia a esta situação jurídica”.

O sindicato, por sua vez, alegou que “a administração da Leca não negoceia” com esta organização sindical e “recusa propostas com esse objetivo”.

Luís Almeida disse que a empresa, desde março de 2019, “paga o trabalho extraordinário a 50% aos sindicalizados, enquanto os não sindicalizados recebem 100%”, com a promessa de pagar por inteiro também àqueles “logo que se desliguem” do sindicato, filiado na CGTP.

A fábrica de Avelar emprega meia centena de pessoas, entre homens e mulheres, distribuídos por três turnos que asseguram a laboração contínua.

O sindicato registou uma adesão à greve de “sete ou oito trabalhadores” no segundo turno.

“A empresa tem 51 trabalhadores e desconhece o número exato de trabalhadores que aderiram à greve. No entanto, terá sido em percentagem muito reduzida”, refere a Leca.

A direção do sindicato, acrescentou, “sabe que Leca Portugal SA é filiada na APICER e que a negociação das cláusulas de expressão pecuniária deve ser realizada diretamente com a associação patronal”.

“Não é verdade que a empresa tenha em algum momento ou circunstância contactado algum trabalhador sindicalizado no sentido de se desfiliar dessa entidade, pelo contrário”, respondeu a administração, para afirmar que “sempre reuniu com os representantes dos trabalhadores sobre este e outros temas”.

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