Educação

Alunos mais carenciados que vivem no norte e centro do país têm melhores resultados

Notícias de Coimbra com Lusa | 10 meses atrás em 14-07-2023

Os alunos mais carenciados que vivem no norte e centro do país têm melhores resultados académicos do que os estudantes com o mesmo estatuto socioeconómico de escolas do sul, revela um estudo da Edulog.

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O elevador social que é esperado das escolas funciona melhor nuns municípios do que noutros, segundo o estudo “Da Desigualdade Social à Desigualdade Escolar nos Municípios de Portugal”, que mostra que em algumas regiões o contexto socioeconómico das famílias continua a influenciar demasiado o sucesso académico dos alunos.

Os investigadores da Nova School of Business and Economics apontam as regiões do norte e centro do país como as zonas onde os alunos mais pobres conseguem melhores desempenhos, por oposição aos municípios a sul do Tejo e da Área Metropolitana de Lisboa.

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Para exemplificar esta realidade, o estudo aponta as diferenças registadas no exame de Matemática do 9.º ano: Em Forno de Algodres, no distrito de Guarda, a maioria dos alunos mais carenciados (65%) teve positiva na prova, enquanto em Fronteira, distrito de Portalegre, a taxa de sucesso foi de apenas 8%, contou à Lusa Luís Catela Nunes, coordenador do estudo.

Luís Catela Nunes deu também o exemplo de Barrancos, onde apenas 15% dos alunos de meios socioeconómicos mais desfavorecidos teve positiva.

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No mesmo sentido, também há grandes diferenças entre municípios no que toca a alunos que conseguem fazer o seu percurso escolar sem chumbar.

A percentagem de estudantes com estatuto socioeconómico baixo que atinge o 9.º ano sem retenções varia entre os 22% (caso de Mourão) e os 71% (Ponte de Lima e Sátão).

Luís Catela Nunes deu ainda o exemplo de Marco de Canavezes, onde 70% terminaram o 3.º ciclo sem chumbar, por oposição a três municípios da Área Metropolitana de Lisboa – Amadora, Lisboa, Almada – com uma taxa de sucesso de 29% ou Setúbal (28%).

Também no secundário, alguns destes distritos voltam a aparecer quando se procuram percursos sem chumbos: Entre os melhores estão Monção (88%), Sernancelhe (87%) e Ponte de Lima (86%) e entre os piores surgem Setúbal (43%), Lisboa (42%) e Campo Maior (42%).

Os investigadores compararam também o sucesso académico dos alunos com estatuto socioeconómico mais alto e mais baixo de uma mesma região e encontraram “disparidades substanciais”, havendo municípios onde o elevador social parece estar a funcionar e outros onde a diferença é gritante.

O Peso da Régua destaca-se pela positiva, já que a diferença entre alunos que conseguem atingir o 12.º ano é de apenas dois pontos percentuais: O sucesso entre os estudantes com estatuto socioeconómico mais elevado é de 73% e entre os mais pobres é de 71%.

Já Mourão volta a aparecer como o caso onde existe maior disparidade, uma vez que entre os alunos mais privilegiados a taxa de sucesso é quase total (92%) e entre os mais pobres não chega a metade (47%).

O estudo revela precisamente que é na região do Alentejo que estas disparidades são mais visíveis.

Sobre os motivos que explicam estas disparidades, o estudo aponta a desigualdade de rendimentos, a segregação dos alunos entre escolas, a estabilidade das estruturas familiares, o capital social local e as condições de emprego e salariais em cada região.

As regiões com um setor secundário mais ativo e onde há mais facilidade em encontrar um emprego são zonas onde os alunos mais carenciados conseguem ter um melhor desempenho, acrescentam ainda os investigadores.

Por outro lado, as regiões com maior densidade populacional são aquelas onde os mais pobres parecem ter maiores dificuldades em igualar os colegas.

Esta realidade poderá estar relacionada com o facto de ali existirem maiores níveis de rendimento e de qualificações, mas também “maiores desigualdades de rendimentos”, ou seja, as áreas geográficas com maiores desigualdades de rendimentos tendem a ter menor mobilidade social.

Luis Catela Nunes espera que os resultados do estudo, baseado no desempenho escolar dos alunos de escolas públicas e privadas entre 2007/2008 e 2017/2018, possam agora servir para avançar com “políticas e medidas que possam promover a equidade da Educação em cada região”.

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