Opinião

A falência da dignidade

OPINIÃO | Angel Machado | 4 semanas atrás em 05-04-2024

O inferno sou eu e os outros, parafraseando o filósofo francês, Sartre. Ninguém sabe o tamanho da sua própria ignorância e, se sabe, vive remediado com a falsa modéstia. Ser lúcido é um escárnio, porque a vida é um espetáculo de conveniências.

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Aderimos a esse propósito sem garantia de sanidade, e o enredo é que alguns pensam e agem pelos outros, e são conscientes dessa farsa. A moral foi uma invenção e, ainda, não temos maturidade para salvá-la do esquecimento.

O excesso de opinião extrapola a convivência aceitável quando se vive em sociedade. Somos pontuados por um sistema que dita o que devemos consumir — um pacote exaustivo de repetições e ações coordenadas para que a forma de alienação seja ampla e abrangente. Muitas questões podem ser geridas pela curiosidade.

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O adulto aprendeu cedo o que é subserviência, e que qualquer vantagem que o favoreça será a régua para medir a sua imoralidade. Quando os erros são interessantes, utilizamos a prerrogativa de que somos humanos, nesse momento a perceção imediata é que a dignidade ruiu e que, mesmo fazendo parte desse embuste, resistir não é mais o maior propósito da nossa esfera.   

As instituições estão esvaziadas, o que impera é o egocentrismo burocrático. Vivemos num caos humanitário, embora a sobrevivência, ainda, não esteja comprometida, se estivermos fora da zona de conflitos. Viver ou morrer parece ter a mesma equivalência. O individualismo afirmou-se como um padrão, e converteu-se em herança familiar – o que confirma a dimensão do egoísmo.

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Bem-vindos ao século XXI, a era em que é “impossível” viver fora de alguma bolha, ou não ser rotulado pelo comportamento desastroso por estar ausente na fila da manada. A dignidade, no que lhe concerne, deveria ser uma exigência nesses tempos sombrios. O poder insurgiu-se, e modelou a inabilidade e o irracionalismo humano.

Abrimos mão da exclusividade do pensamento pelas pressões e constrangimentos externos, aceitamos a banalidade como regra. Assim, fica mais fácil aceitar o Apocalipse e morrer miserável. A paz é a nossa maior batalha. O século XXI devia ser marcado como o século da nossa existência cultural e ética.  

OPINIÃO | ANGEL MACHADO – JORNALISTA

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