Saúde

A culpa de ter um AVC é (99%) nossa

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 16-10-2025

Um vasto estudo global derruba o mito do “enfarte que surge do nada”: mais de 99% dos enfartes, AVCs e casos de insuficiência cardíaca estão ligados a apenas quatro fatores de risco bem conhecidos — e, felizmente, em grande parte, preveníveis.

De acordo com o estudo, publicado recentemente na revista The Journal of the American College of Cardiology, hipertensão arterial, colesterol elevado, níveis altos de açúcar no sangue e consumo de tabaco (presente ou passado) são os principais culpados, citado pelo ZAP.

Durante anos, cardiologistas ficaram intrigados com pessoas aparentemente saudáveis que sofriam de enfarte ou AVC sem sinais de alerta. Estudos anteriores sugeriam que até 25% dos doentes não apresentava fatores de risco significativos.

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O novo estudo, liderado por Hokyou Lee, da Yonsei University (Coreia do Sul), e com participação de investigadores dos EUA, mostra que a maioria desses “casos misteriosos” afinal não eram assim tão misteriosos.

Os investigadores analisaram mais de 9 milhões de adultos da Coreia do Sul e dados do Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis, nos EUA, acompanhando os participantes durante até 20 anos e registando os seus indicadores de saúde antes do primeiro evento cardiovascular.

O resultado foi claro: em mais de 99% dos casos existia pelo menos um fator de risco não ideal antes do primeiro enfarte ou AVC. Mesmo entre mulheres com menos de 60 anos — grupo de risco global mais baixo — mais de 95% dos eventos estavam ligados a um destes quatro fatores.

O estudo sublinha que valores ligeiramente acima do ideal já aumentam o risco. Por exemplo, tensão arterial acima de 120/80 mmHg, e colesterol total superior a 200 mg/dL.

Ainda que considerados “próximos do limite”, estes números já contribuem para o risco a longo prazo.

A hipertensão foi, de longe, o fator mais comum, presente em mais de 93% dos eventos cardiovasculares nos dois países analisados, confirmando-se como um verdadeiro “assassino silencioso”.

Para o cardiologista Philip Greenland, investigador da Northwestern University e autor principal do estudo, o objetivo é claro: redobrar esforços no controlo dos fatores de risco modificáveis, em vez de procurar causas raras e difíceis de tratar.

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