Portugal

“1,5 milhões” com o Papa que pediu perdão e quer uma Igreja de “portas abertas” a “todos, todos, todos”

Notícias de Coimbra | 9 meses atrás em 06-08-2023

Cerca de 1,5 milhões de pessoas viveram, num ambiente festivaleiro, com orações e ‘rock’ religioso, a Jornada Mundial de Juventude (JMJ) de Lisboa em que o Papa Francisco quis mostrar uma Igreja de “portas abertas” a “todos, todos, todos”

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Do ambiente de festa da jornada ficou afastada a questão dos abusos sexuais de menores na Igreja em Portugal. Francisco tratou o tema logo na quarta-feira, no dia em que chegou a Lisboa, num encontro discreto, fora da agenda oficial, em que falou com 13 vítimas, pedindo-lhes perdão.

Foi na quarta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, perante bispos, sacerdotes e outros membros da Igreja Católica, que o Papa abordou o tema dos abusos de menores, embora nunca tenha usado a palavra sexuais.

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As vítimas de abusos devem ser sempre acolhidas e escutadas, e reconheceu existir desilusão e raiva à instituição, devido aos escândalos, disse Francisco, no dia em que surgiram, em Lisboa, os cartazes a lembrar os cerca de 4.800 casos de abusos em Portugal.

No que foi dizendo ao longo destes quatro dias, muitas vezes fugindo aos textos escritos, o Papa Francisco foi multiplicando a mensagem, aos jovens e aos fiéis, de que a Igreja deve ter as “portas abertas” – disse-o em Fátima – a todos.

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“A todos, todos, todos”, disse logo na cerimónia de acolhimento, na quinta-feira, repetindo-o também no sábado, na vigília da jornada.

Francisco insistiu na mensagem de inclusão nesta jornada Mundial: “Todos podem entrar. É a casa mãe. Uma mãe de coração aberto para todos, todos, todos.”

Hoje, na missa do envio, com que encerrou a JMJ, o Papa Francisco fez mais um pedido aos jovens, com uma frase que repetiu por diversas vezes, dizendo-lhes que são presente e futuro. “Não tenham medo”, afirmou, em espanhol.

Francisco reconheceu que os jovens “cultivam grandes sonhos”, mas “muitas vezes ficam com receio e pensam que não vão ser capazes”. “Todos vós quereis mudar o mundo e quereis mudar pela justiça e pela paz”, continuou.

Apesar dos apelos à tolerância, como quando disse, numa entrevista, que os transexuais também são “filhos de Deus”, durante a jornada registaram-se alguns incidentes, como a interrupção de uma missa de católicos da comunidade LGBTQIA+.

Outro discurso marcante foi na visita do bispo de Roma ao Bairro da Serafina, em Lisboa. Aí, Francisco pediu a responsáveis de instituições sócio-caritativas da Igreja que se questionem se têm nojo da pobreza, desafiando-os a sujar as mãos.

“Tenho nojo da pobreza, da pobreza dos outros?”, perguntou Francisco, no encontro com representantes de centros de assistência sócio-caritativa, no Centro Social Paroquial São Vicente de Paulo, para, logo a seguir, destacar que o “amor concreto, esse que suja as mãos”.

Na festa da jornada, no Parque Eduardo VII, e no Parque Tejo, repatizado estes dias como ‘Campo da Graça’, os peregrinos suportaram temperaturas acima dos 30.º C que, nos dois últimos dias, se aproximaram dos 40.º. E nas primeiras horas ouviram-se queixas de desorganização devido às filas, por exemplo, para encher as garrafas com água.

Nos cinco dias em que esteve em Lisboa, houve uma nota comum: as milhares de pessoas que “inundaram” as ruas para ver e acenar ao Papa.

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