Mundo

12 mortes políticas (e misteriosas) em quedas de avião 

Frederico Duarte Carvalho | 8 meses atrás em 26-08-2023

A morte do líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, veio aumentar uma lista de mortes políticas em quedas de avião e que remontam ao tempo da Segunda Guerra Mundial. Entre os nomes mais conhecidos está o secretário-geral da ONU, Dag Hammarskjöld e o primeiro-ministro português, Francisco Sá Carneiro. Conheça também os outros da lista.

PUBLICIDADE

1 – Wladyslaw Sikorski – 4 de Julho de 1943

Tornou-se no primeiro-ministro da Polónia no exílio após a invasão do país pelas tropas de Adolf Hitler, em Setembro de 1939. Sikorski ajudou a reestabelecer as ligações diplomáticas entre a Polónia e a União Soviética, então liderado por Josef Stalin. Contudo, em 1943, solicitou uma investigação internacional pela Cruz Vermelha ao massacre de Katyn, ocorrida em 1940 na Polónia por militares soviéticos. O político polaco morreria a bordo de um bombardeiro de fabrico norte-americano Liberator II pouco depois da descolagem do aeroporto de Gibraltar. Diz-se que foi acidente. 

PUBLICIDADE

2 – Ramon Magsaysay – 17 de Março de 1957

PUBLICIDADE

publicidade

Presidente das Filipinas desde 1953, Ramon Magsaysay era próximo dos EUA e um forte oponente ao comunismo durante o início da Guerra Fria. Morreu a bordo do avião presidencial, modelo Douglas – C47, quando este embateu na montanha Manunggal, na província de Cebu – o mesmo local onde morrera o navegador português Fernão Magalhães. Foi declarado morte por acidente devido a fadiga de material.

3 – Dag Hammarskjöld – 18 de Setembro de 1961 

O diplomata sueco era então secretário-geral das Nações Unidas – cargo detido hoje pelo ex-primeiro-ministro português. António Guterres. O diplomata internacional encontrava-se em África para as negociações de paz com o líder do Katanga, Moise Tshombe quando o aparelho em que seguia, um Douglas DC-6, caiu a meio da noite na aproximação ao aeroporto de Ndola, na actual Zâmbia. Diz-se que foi acidente devido a cansaço dos pilotos.    

4 – Abdel Salam Arif – 13 de Abril de 1966

Presidente do Iraque desde 1963, na sequência do golpe que, em Fevereiro, depôs o primeiro-ministro, Abd al-Karim Qasim, viria ainda a ser responsável pela purga feita ao Partido Socialista Árabe Ba’ath em novembro desse mesmo ano, onde figurava uma personalidade que, mais tarde, viria a fazer história no país: Saddam Hussein. Salam Arif morreria na queda de um avião de fabrico britânico de Havilland, tendo sido considerado um acidente. Ele seria substituído no cargo pelo seu irmão, Abdul Rahman Arif, considerado mais moderado e maleável.  

5 – Dorothy Hunt – 8 de Dezembro de 1972

Antiga agente da CIA, era casada com o também ex-agente da CIA, E. Howard Hunt, quando morreu na queda do Boeing 737-22, voo 533 da United Air Lines, nas proximidades do aeroporto Midway International, em Chicago. O voo era oriundo da capital, Washington, e a morte de Dorothy Hunt ocorreu num momento muito particular da vida política interna dos EUA, pois o marido estava a ser investigado na sequência do caso Watergate e Dorothy viajara à capital para ir buscar dinheiro destinado a manter o silêncio dos assaltantes que, em Junho, tinham sido apanhados a colocar dispositivos de escuta na sede do Partido Democrata. Considerado acidente.   

6 – Francisco Sá Carneiro – 4 de Dezembro de 1980

O primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro morreu na queda do avião Cessna, juntamente com o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, pouco depois da descolagem do aparelho, no Aeroporto de Lisboa. Considerado um acidente, foi declarado, em 2004, como tendo sido um atentado, após várias comissões de inquérito parlamentar. O móbil ainda não foi estabelecido, presumindo-se que a investigação de um negócio de tráfico de armas norte-americanas para o Irão poderá estar dentro dos motivos principais. 

7 – Samora Machel – 19 de Outubro de 1986

O líder da FRELIMO, que lutou pela independência de Moçambique contra o poder português, tornou-se no primeiro presidente do país a 25 de Junho de 1975. Após um período inicial em que privilegiou as relações com a União Soviética, Samora Machel começou uma nova fase política, fazendo aproximação à oposição RENAMO e procurando acordos internacionais com o Banco Mundial e FMI. Morreria a bordo de um avião russo Tupolev Tu-134, em território da África do Sul, tendo a causa sido atribuída a erro do piloto soviético, permanecendo a dúvida se não teria havido ainda influência da África do Sul no sucedido.    

8 – Muhammad Zia-ul-Haq – 17 de Agosto de 1988

Presidente do Paquistão desde 1978, era um general que, em 1977, depôs o primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto. Promoveu a islamização do Paquistão e o programa da bomba atómica do país. Tornou-se anti-soviético após a invasão do vizinho Afeganistão pelas tropas de Moscovo, em 1979, e ajudou os combatentes da resistência afegã, levando ainda a uma aproximação com a China. Morreu a bordo de um bombardeiro de fabrico norte-americano Lockheed C-130B Hercules, que caiu a sete quilómetros do aeroporto de Bahawalpur. Declarado como acidente, mas mantendo em aberto a possibilidade de atentado que tanto poderá ter sido levado a cabo ela União Soviética, Índia e Estados Unidos.     

9 – John F. Kennedy Jr. – 16 de Julho de 1999

O filho do presidente dos EUA, John F. Kennedy, assassinado em Dallas, a 22 de Novembro de 1963, era então fundador e director da revista política “George” – do nome do primeiro Presidente dos EUA, George Washington – e dizia-se que teria ambições para voos mais altos na cena política norte-americana, procurando ocupar o mesmo lugar do pai. Morreu a bordo de um aparelho privado Pipper Saratoga, no qual seguia como piloto, com a mulher, Carolyn Bessette, a caminho da residência de veraneio em Martha’s Vineyard. Foi declarada morte acidental por desorientação visual. A revista fechou em 2001. 

10 – Lech Kaczynski – 10 de Abril de 2010

Presidente da Polónia desde 2005, era próximo do líder Lech Walesa, figura histórica da resistência anti-comunista do sindicato Solidariedade. Juntamente com o seu irmão gémeo, Jaroslaw, integraram o primeiro governo polaco após a queda do regime comunista. Faleceu a bordo do aparelho Tupolev 154 quando este ia a aterrar no aeroporto de Smolensk, na Rússia, juntamente com outros membros da comitiva presidencial, a caminho da cerimónia de homenagem às vítimas do massacre de Katyn, o mesmo que estivera também ligado à morte, em 1943, do então primeiro-ministro polaco no exílio, Wladyslaw Sikorski. Declarado como acidente.

11 – Eduardo Campos – 13 de Agosto de 2014

Governador do Pernambuco entre 2007 e 2014, após ter sido ministro da Ciência e Tecnologia, entre Janeiro de 2004 e Julho de 2005, no governo liderado por Lula da Silva. Em Abril de 2014, Eduardo Campos apresentou-se como candidato às eleições presidenciais pelo Partido Socialista Brasileiro, contra a candidata apoiada pelo antigo presidente Lula, Dilma Rousseff. Faleceu na queda de um avião Cessna no Bairro do Boqueirão, em Santos, São Paulo, tendo sido declarado acidente.  

12 – Yevgeny Prigozhin – 23 de Agosto de 2023

Líder do grupo Wagner, organização militar privada de mercenários ao serviço da Rússia, era considerado um dos homens de confiança do presidente russo, Vladimir Putin. O seu nome está ainda relacionado com a interferência nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, que levaram à vitória de Donald Trump, destacando-se ainda na intervenção russa na Ucrânia iniciada em Fevereiro de 2022. Revoltou-se contra Putin a 23 de Junho deste ano e, dois meses depois, morreu na queda de um avião privado Embraer Legacy 600, de fabrico brasileiro, na região de Tver. Suspeita-se de míssil ou sabotagem a bordo.

 

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE